Educação Educação Gestão Educacional

Gestão democrática: a importância da participação dos educadores e educadoras na construção e efetivação de uma escola de qualidade

 

*ANA RITA DA ROSA

* LARISSA MANUELLA SANTOS PULGATTI

 

 

Resumo

Este artigo tem por finalidade fazer uma análise sobre a importância da  participação dos educadores e educadoras  na gestão da escola em que atua, entendendo qual é sua responsabilidade no desenvolvimento da proposta pedagógica da escola e nas decisões administrativas. A partir da participação ativa dos educadores se  vislumbra a construção de um espaço democrático  que busca  a efetivação de uma educação de qualidade. 

Palavras-chaves:  escola, educadores,  gestão democrática e participação ativa

 

Resumem 

Este artículo tiene como objetivo analizar la importancia da la participación de los educadores en la gestion escolar en el que opera, la comprensión de lo que su responsabilidad consiste en el desarrollo de la propuesta educativa de la escuela y las decisiones administrativas. A partir de la participación activa de los educadores contempla la construcción de um espacio democrático que busca la realización de una educación de calidad.

Palabras clave: escuela, los profesores, la gestión democrática y la participación activa

A gestão democrática da escola esta  prevista na Constituição Federal  de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)  n.º 9394/96 em seu  artigo 3º e caracteriza-se pela participação dos professores, funcionários, pais, alunos e comunidade local nas decisões a serem tomadas no espaço escolar.  Neste artigo o foco central é o entender a importância dos educadores como agentes ativos deste processo de democratização da escola.

Conforme a Constituição Federal de 1988 torna-se responsabilidade dos docentes a participação na elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.

A partir de Luck(2002) podemos afirmar que a gestão democrática passa por uma efetiva divisão de poder só assim pode-se construir uma escola em que se respeitem os interesses da coletividade.

A democracia na escola se efetiva somente quando é aberta a participação de membros da comunidade escolar, inserindo-os nas decisões a serem tomadas. Ao gestor democrático cabe desenvolver condições que favoreçam o processo democrático no cotidiano escolar abrindo portas para que educadores e educadoras atuem como gestores desse processo.

Segundo Luck:

 

As escolas atuais necessitam de líderes capazes de trabalhar e facilitar a resolução de problemas em grupo, capazes de trabalhar junto com professores e colegas, ajudando-os a identificar suas necessidades de capacitação e a adquirir as habilidades necessárias” (LÜCK 2002, p. 34).

Através da participação na gestão de sua escola, os educadores passam a adquirir a possibilidade  de conhecer a realidade deste local onde atua, refletindo maneiras para interferir neste meio, percebendo-se como  sujeito ativo deste processo desenvolvendo desta forma sua autonomia enquanto educador que também é gestor deste espaço.

Nesta perspectiva a escola passa a ser concebida como um espaço  coletivo e público para uma ação pedagógica democrática, em que o educador é um profissional qualificado, consciente, inovador  e autônomo.

A gestão democrática das escolas públicas se coloca como um dos fundamentos da qualidade da educação, como exercício efetivo da cidadania, uma gestão democrática visa à construção de uma educação em que todos tenham voz e percebe na participação um meio para resolução de conflitos.

A gestão escolar democrática é a ressignificação dos processos pedagógicos e deve ter por princípio a dialogicidade e a participação. Encontramos em  Libâneo (2001) o excerto a seguir:

A gestão democrática participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva dos objetivos e das práticas escolares. (2001, p.131-132),

A gestão democrática tem sido valorizada como uma dinâmica a ser efetivada nas unidades escolares, visando garantir processos coletivos de participação e decisão, e garantindo a autonomia dos educadores que participam efetivamente nos processos decisórios da escola. Segundo Luck (2006) o estímulo à gestão compartilhada em diferentes âmbitos da organização escolar faz nascer um ambiente favorável ao trabalho educacional, que valoriza os diferentes talentos  fazendo com que todos compreendam seu papel na organização  assumindo assim novas responsabilidades.

A organização do trabalho pedagógico é uma estratégia educacional para democratizar o processo de ensino-aprendizagem, então é de suma relevância para uma gestão participativa, propor uma administração de valorização e respeito às opiniões .

Pode-se afirmar que a democratização da escola, supõe a participação dos educadores nas tomadas de decisões, que não deve ficar restrita apenas aos processos administrativos, mas ocorrer nos processos pedagógicos que supõem o envolvimento destes nas questões relacionadas ao ensino.

Uma gestão democrática precisa da participação ativa dos educadores e educadoras que são parte desta instituição, o que implica a efetivação de novos processos de organização baseados em uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e participativos. Para Araújo:

Necessitamos pensar em uma escola mais democrática baseada em relações que respeitem a diversidade e a pluralidade de pensamento, de sentimento, de conduta e do corpo de seus membros. Estou falando de uma escola que propicie um ambiente cooperativo, pautado em princípios de autorregulações pessoais e coletivas. (2001, p.11).

A gestão democrática da escola possui função fundamental para a construção de cidadania, a escola como parte constituinte da sociedade deve contribuir para que sejam eliminadas as práticas autoritárias e de centralização de decisões, por isso se espera que a escola seja um espaço que vise a participação e as construções coletivas a fim de proporcionar  uma educação de qualidade capaz de transformar  e propor melhorias para todos. Segundo Gadotti:

A gestão democrática da escola implica que a comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços educacionais. Na gestão democrática, pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola. (2009, p. 2)

Ademais, podemos afirmar que todo espaço escolar democrático efetiva-se  pela a busca de realização de bens para todos, não poderia dar qualquer tipo de ênfase ao autoritarismo nem jamais o faria, visto que deve ser um espaço em que todos se tornam  responsáveis pelo caminho a ser percorrido, a escola como o espaço de democracia deve ser organizado de forma a valer-se da dialogicidade e  da participação de todos na tomada das decisões. Um espaço democrático é aquele em que as decisões são tomadas de forma coletiva e participativa em que esteja superada a questão da submissão, do autoritarismo, das limitações, a escola como espaço democrático deve ser pensada e vivida de forma  que todos tenham voz, e que esta voz seja realmente ouvida.

 

REFERENCIAS

ARAÚJO. Ferreira. O ambiente escolar cooperativo e a construção do juízo moral infantil. Campinas: Unicamp, 1993.

FERREIRA, Naura. S.C. e AGUIAR, Márcia A. da S. (orgs.). (2000). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez.

FREIRE. Paulo Política e educação. 6ª edição. São Paulo: Cortez, 2001.

HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na Escola: artes e ofícios da participação coletiva. Campinas, SP: Papirus, 1994.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola. Goiânia: Alternativa, 2001.

LUCK, Heloisa.  A escola participativa: o trabalho de gestor escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 4ª edição 2000.

_________. A Gestão Participativa na Escola. Rio de Janeiro: Vozes, 2006

* Licenciada em matemática pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

* * Pedagoga pela  Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

 

Deixe um comentário