Administração Pública

Terapia Ocupacional no contexto hospitalar: confecção de mesa adaptada para a promoção da autonomia no desempenho da atividade de alimentação

Terapia Ocupacional no contexto hospitalar: confecção de mesa adaptada para a promoção da autonomia no desempenho da atividade de alimentação

Adalberto Romualdo Pereira Henrique*

Resumo

O presente artigo consiste na demonstração da atuação clínica do terapeuta ocupacional na reabilitação funcional dos pacientes atendidos pelo Hospital Ana Nery em Juíz de  Fora-MG, através da confecção de mesa adaptada para a autonomia durante a realização da atividade de alimentação, contribuindo assim, no processo de reabilitação. Esta instituição hospitalar tem como missão proporcionar assistência médico-hospitalar, reabilitação física, psíquica e social dos pacientes por meio de profissionais qualificados e ambiente humanizado.

Palavras-chave: Terapia Ocupacional, mesa adaptada, autonomia.

Abstract

Or this article updates is na Demonstração gives clinical atuação do occupational therapist na functional reabilitação two attended hair patients Hospital Ana Nery em Juiz de Fora-MG, Through da confecção table adapted to to autonomy during a Realização da atividade of alimentação I contribuindo assim not reabilitação processo. This hospitalar instituição tem as missão provide medical-hospital assistência, physical, mental and social reabilitação two patients by meio of qualificados profissionais and humanized environment.

Keywords: OT, adapted table, autonomy.

Introdução

A Terapia Ocupacional segundo Carlo e Bartalotti, surgiu como profissão oficialmente reconhecida como tendo ocorrido na segunda década do século XX, está profundamente ligada ao contexto hospitalar, seja por suas raízes no uso das ocupações nos manicômios psiquiátricos, seja por seu “nascimento” entre as guerras mundiais, relacionado ao trabalho nos hospitais civis e militares junto a incapacitados físicos e doentes crônicos, como tuberculosos e sequelados por acidentes de trabalho (CARLO, BARTALOTTI, 2000, P. 42). De acordo com o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO), esta profissão compreende o homem como ser práxico interferindo no cotidiano do usuário comprometido em suas funções práxicas, visando uma melhor qualidade de vida diária, prática, de trabalho e de lazer.

Segundo Pedretti e Early, o desempenho ocupacional refere-se à capacidade de executar tarefas que possibilitam o desempenho de papéis ocupacionais de maneira satisfatória e apropriada para o estágio de desenvolvimento, cultura e ambiente do indivíduo. (PEDRETTI, EARLY, 2005, p. 93). Os papéis ocupacionais desenvolvem-se em conjunto com as ocupações que o indivíduo desempenha na sociedade. Entre estas estão os papéis de estudante, pai ou mãe, dona-de-casa, empregador, trabalhador voluntário ou aposentado. Para Hagedorn tarefa é a unidade ou parte de uma atividade, sendo assim, a atividade de alimentação é entendida como o ato de comer e beber, mesmo que seja realizada de maneira ativa e/ou passiva (HAGEDORN, 1999, p. 87).

Nos estabelecimentos assistenciais de saúde, de acordo com Martins, o paciente luta para recuperar sua saúde e, ao mesmo tempo, é submetido a agressões do meio ambiente relacionadas a agentes físicos (ruídos, radiação ionizante e não ionizante, vibração, pressão anormal, temperaturas extremas e outros), químicos (substâncias químicas em forma sólida, líquida e gasosa), biológicos (vírus, bactérias, fungos e ácaros), ergonômicos e psicológicos. Além disso, cada usuário requer condições específicas de qualidade do ambiente para o seu bem-estar. Pode-se citar os próprios pacientes, que devem requerer determinados cuidados; os acompanhantes, cujo estresse faz variar suas necessidades; os médicos e enfermeiras, que podem se sentir desconfortáveis numa situação de ambiente normal, dependendo do grau de responsabilidade que estão submetidos e de suas vestimentas específicas; e, finalmente, os espaços destinados aos equipamentos médicos hospitalares, cada um com diferentes indicações ambientais próprias de funcionamento. O processo de hospitalização é de grande sofrimento e angústia tanto para o paciente, quanto para a família. (MARTINS, 2004, p. 124). Quando o paciente é submetido á internação depara-se com o fato de que seu corpo está em déficit, de que suas possibilidades estão diminuídas, e consequentemente, de que sua vida, está fugindo do controle, o que faz com que ele fique dominado pelo medo e pelos sentimentos de incapacidade e de tristeza.

Para Pessini é possível e adequado para a humanização se constituir, sobretudo, na presença solidária do profissional, refletida na compreensão e no olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta no ser humano sentimento de confiança e solidariedade (PESSINI, 2006, p 67). Uma das características da humanização hospitalar é a autonomia do paciente, de maneira que ele possa participar das decisões sobre o tratamento a ser realizado, o ambiente em que vai permanecer durante seu internamento, o que ele irá comer, quando e como irá dormir. Portanto, é necessário analisar o processo de humanização hospitalar em termos físicos, estruturais e no que se refere a equipe multiprofissional, fazendo uma reflexão sobre o “Ser” biopsicossocial dentro deste contexto.

A humanização para Freitas, é o ato de respeitar a autonomia das pessoas, que querem defender seus interesses, de ser escutado, compreendido, de ser aceito, conceitos que constroem sua dignidade. Ressalta-se, as pessoas que por algum motivo tem incapacidades, aqueles que não podem por estar vulneráveis, se auto defender, exigir seus direitos, estes, os sistemas sociais devem prover assistência especial (FREITAS, 2002, p. 98). Com os objetivos de evitar que o paciente sofra processos de exclusão e que este adquira independência, o terapeuta ocupacional, propõe em um hospital geral, um programa de tratamento, para melhorar a qualidade de vida e estado de saúde do paciente. E para que este ambiente se torne propício, para o tratamento e bem-estar do paciente, de acordo com De Carlo é necessária a humanização hospitalar, o terapeuta ocupacional, tem muito a contribuir para que isto seja realizado, através de atividades realizadas, nas relações humanas, e no cotidiano hospitalar, de acordo com, (DE CARLO, 2006, p 161).

A intervenção da Terapia Ocupacional no hospital tem como vértices principais: a promoção da qualidade de vida, da re-humanização das relações interpessoais e do ambiente hospitalar, a promoção da capacidade funcional e do desempenho ocupacional durante a internação e a orientação na alta hospitalar e o acompanhamento domiciliar (GIARDINETTO; MARTINI; CRUZ; MONI; RUIZ; RODRIGUES; PEREIRA, 2009, p.65). O terapeuta ocupacional de acordo com Fontes (2010), irá atuar no espaço do hospital, tornando-o mais humanizado através, do planejamento e organização neste ambiente, desta maneira, promovendo uma melhora na qualidade de vida do sujeito hospitalizado e as relações entre paciente/ cuidador /profissional. Partindo desses embasamentos e pensando na prática clínica profissional e na necessidade de promover a adequação postural, a independência durante o desempenho da alimentação dos pacientes acamados e a contribuição para o processo de humanização hospitalar, foi confeccionado um produto para a contribuição da melhoria da assistência e autonomia no desempenho da atividade de alimentação.

Objetivos

Apresentar a atuação do terapeuta ocupacional no Hospital Ana Nery – Juíz de Fora/MG, descrever as etapas de confecção da mesa e os benefícios do tratamento terapêutico ocupacional.

Materiais e métodos

         A necessidade da confecção das mesas se deu a partir da observação do terapeuta ocupacional nas enfermarias durante o horário em que o almoço era servido aos pacientes, onde muitos se alimentavam adotando uma postura não satisfatória, devido ao fato de segurarem o prato com o alimento utilizando as mãos e apoiando os pratos sobre as pernas. Esta intervenção (confecção e utilização da mesa adaptada) além de promover adequação postural e autonomia funcional, possibilita também a prevenção de complicações no quadro clínico, diminuindo pneumonias por aspiração, deformidades  posturais, melhoria do quadro respiratório, entre outras. O produto foi desenvolvido no período de novembro a dezembro de 2011 e distribuído nas enfermarias do hospital em janeiro de 2012 em parceria com a equipe de enfermagem e fisioterapia.

O início da confecção se deu com a avaliação funcional dos pacientes na posição sentada, determinação da postura mais adequada para a realização da atividade de alimentação, analisando os aspectos do desempenho ocupacional e realizando a medição da largura do quadril para que cada paciente recebesse a mesa adaptada á sua necessidade funcional (altura e largura), para o critério de distribuição das mesas, foram selecionados os pacientes que se encontravam restritos ao leito e que devido a isso estavam impossibilitados de se alimentarem no refeitório como os demais. De 230 pacientes, 75 foram selecionados e a partir de então o processo da confecção se iniciou. Os materiais utilizados foram de baixo custo, somando caixas de papelão, tesouras, grampeadores, fitas adesivas e plásticos para encapar o produto, uns já se encontravam na instituição e outros foram conseguidos via doação de supermercados da cidade. Foram arrecadadas cerca de 100 caixas de papelão, porém nem todas eram adequadas para o trabalho devido ás condições ruins em que elas se encontravam, perfazendo assim, o total de 75 caixas adequadas para o trabalho de confecção da mesa adaptada.  

Resultados

A confecção da mesa adaptada para a realização da atividade de alimentação dos pacientes acamados permitiu a adequação postural para a realização da referida atividade, promoção da autonomia funcional e a contribuição para o processo de reabilitação e humanização hospitalar. DISCUSSÃO: A adequação postural somada à acessibilidade de um produto de tecnologia assistiva contribui para a diminuição das queixas de pacientes referentes ao desconforto postural e permitem a realização em postura adequada das atividades de vida diária com enfoque na alimentação.

Conclusão

A adequação postural através da fabricação de uma mesa adaptada pelo terapeuta ocupacional possibilitou maior autonomia funcional durante a realização da atividade de alimentação, contribuindo para a estimulação da funcionalidade manual, preensão, movimentação de membros superiores (antebraço, braço e mão).

Referências bibliográficas

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Carlo MMRP, Bartalotti CC. Terapia ocupacional no Brasil – fundamentos e perspectivas. São Paulo, Plexus Editora 2001;181p.

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FREITAS, C., B., D., DE; HOSSNE, W., S., O. O papel dos comitês de Ética em Pesquisa na proteção do ser humano. Revista Bioética. Brasília, v.10, nº 2, p. 129-146.2002.

GIARDINETTO, A., R.,dos, S., B; MARTINI, E., C; CRUZ, J., A., da; MONI, L., O.; RUIZ, L., M.; RODRIGUES, P.; PEREIRA, T. A importância da atuação da Terapia Ocupacional com a população infantil hospitalizada: A visão de profissionais da área de saúde. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar. São Paulo, v. 17, nº 1, p. 63-69. Jan/Jun, 2009.

HAGEDORN, Rosemary. Fundamentação da prática em Terapia Ocupacional. São Paulo: Dynamis Editorial, 1999. p.40

Martins, Vânea Paiva. A humanização e o ambiente físico hospitalar. Anais do I congresso nacional da ABDEH – IV seminário de engenharia clínica – 2004

Pedretti L. W. e Early M. B., 2005 “Terapia Ocupacional, capacidades Práticas para as Disfunções Físicas”, ROCA (São Paulo) V., 955-958

PESSINI, Léo; BERTACHINI, Luciana. Humanização e Cuidados Paliativos. 3ª Ed. São Paulo: Loyola, 2006.

*Graduado em Terapia Ocupacional pela FAMINAS – Faculdade de Minas/MG. Mestrando em Educação pela Universidade Católica de Petrópolis/RJ e autor/Organizador do livro Educação em Saúde: intervenção multiprofissional (Editora LP-Book, 2012)

EXEMPLO DE COMO CITAR:

HENRIQUE, Adalberto Romualdo Pereira. Terapia Ocupacional no contexto hospitalar: confecção de mesa adaptada para a promoção da autonomia no desempenho da atividade de alimentação. P@rtes XXXXXXXXXXXXXXXX

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