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Tecnologias Aplicadas A Educação: A Formação Continuada Dos Docentes Atuantes No Município De Ji-Paraná/RO

Tecnologias Aplicadas A Educação: A Formação Continuada Dos Docentes Atuantes No Município De Ji-Paraná/RO

Rozane Alonso Alves -Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Educação – GPEA. Email: rozanealonso@gmail.com

Rozane Alonso Alves[*]

Resumo: Este artigo apresenta um estudo realizado em Ji-Paraná/RO, com o intuito de descrever os programas/projetos desenvolvidos pela Secretaria de Educação, especificamente no Ensino Fundamental, em parceria com a Representação de Ensino do Estado de Rondônia e o MEC. Propomos um esquema metodológico subdivido em três níveis, sendo, revisão bibliográfica, entrevista de cunho descritivo e análise dos dados. Observa-se que a Secretaria de Educação propõe as escolas, programas utilizando as TIC’s como método de ensino na formação dos estudantes inseridos neste processo.

Palavras-Chave: Tecnologias, Formação Docente, Educação, Projetos Educacionais.

Resumen: En este artículo se presenta un estudio en Ji-Paraná/RO, con la intención de describir los programas / proyectos desarrollados por el Departamento de Educación, específicamente en la escuela primaria, en colaboración con la Representación de la Enseñanza Rondônia y el MEC. Se propone un esquema metodológico dividido en tres niveles, siendo, revisión de literatura, entrevistas y un análisis descriptivo de los datos. Se observa que el Departamento de Educación propone las escuelas, los programas que utilizan las TIC como medio de enseñanza en la formación de los estudiantes incluidos en este proceso.

Palabras clave: Tecnologia,. Formación del Profesorado, Educación, Proyectos Educativos.

 

Introdução

Os métodos de ensino e aprendizagem abordada nos últimos anos na Educação Básica, demonstram que tanto a formação docente quanto os demais órgãos envolvidos nesta modalidade de ensino procuram estabelecer uma relação paralela com as TIC’s – Tecnologia de Informação e Comunicação. Na maioria das vezes, educadores e educadoras não abrangem estas tecnologias em sala de aula de forma implícita, tendo em vista que as salas de informática que são específicas não estão preparadas e/ou organizadas no que se refere ao atendimento as crianças participantes do meio educacional, tendo em vista que os laboratórios que deveriam estar preparados para receber este público não contam com computadores, nowblacks, técnicos, entre outros equipamentos para subsidiar este método de ensino.

Há de se levar em consideração que uma grande porcentagem destes professores e professoras atuantes no ensino fundamental são profissionais com vinte à vinte e cinco anos de serviço. Muitos destes docentes necessitam de aperfeiçoamento em relação ao uso das tecnologias no ambiente escolar, uma vez que uma grande parcela destes educadores e educadoras se encontra perto da aposentadoria e não demonstram o interesse em aprender novas formas de intervenção no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes participantes deste processo.  As renovações necessárias ao bom desempenho destes docentes no âmbito escolar estão relacionadas à compreensão dos programas utilizados atualmente pelas instituições de ensino em parceria com as secretarias do Município e do Estado.

Diante do que foi exposto, observou-se a necessidade de compreender e analisar como as TIC’s estão sendo abordadas na formação continuada dos docentes da rede pública de ensino, especificamente no Ensino Fundamental, pela Secretaria de Educação do Município de Ji-Paraná/RO. Para suscitar os resultados elencados neste estudo, foram adotadas as entrevistas recorrentes seguindo os escritos de Zanelli (2002), bem como os conceitos de Valente (2011) Lévy (1996), Demo (2001), entre outros.

Tecnologias e Escola: Metodologia de ensino como proposta de Inclusão digital no processo de formação social dos estudantes da Educação básica.

 

Tecnologias e Escolas são termos subjacentes utilizados em sua maioria como receita pronta para a melhoria da educação e da formação social dos estudantes inseridos neste processo. Reconhecer que a inclusão digital nos últimos anos tem auxiliado nesta formação significa dizer também que a prática docente está dinamicamente ativa neste processo. Porém, é preciso compreender que em ambos os pontos houve falhas existentes. Estas falhas estão explicitas na falta de formação continuada específicas para a utilização das TIC’s – Tecnologia de Informação e Comunicação, bem como a estruturação sistematizada de todas as instituições de ensino, especificamente na rede pública de ensino no que se refere a inclusão digital em sua totalidade, uma vez que a banda larga em si não é meio de inclusão – entendida como método de ensino e aprendizagem neste processo.

Entendidas as falhas ressaltadas neste estudo, deixa-se claro que a utilização das TIC’s no processo de ensino e aprendizagem deve ocorrer como meio de métodos de ensino por parte dos docentes e não o processo em si, pronto e acabado. Segundo Mesquita e Castro (2001, p. 53), “a aprendizagem intermediada pelo uso do computador tem gerado uma profunda mudança no processo de produção do conhecimento. Hoje este conceito se amplia e ao aluno é permitido navegar por diferentes espaços de formação e informação”. De acordo com Valente (2011, p.1) quando o

Computador transmite informação para o aluno, o computador assume o papel de máquina de ensinar e a abordagem pedagógica é a instrução auxiliada por ele. Essa abordagem tem suas raízes nos métodos tradicionais de ensino, porém ao invés da folha de instrução ou do livro de instrução, é usado o computador. Os softwares que implementam essa abordagem são os tutoriais e os de exercício-e-prática.

         O autor ressalta a ideia da utilização das tecnologias de informação e comunicação como forma de associação por parte dos educandos com os conteúdos a serem trabalhados e sistematizados em sala de aula. Toda sistematização deve ter um direcionamento e acompanhamento dos educadores e educadoras, uma vez que a inserção das TIC’s no ambiente escolar aproxima os estudantes com a considerada “sociedade contemporânea”

         Esta aproximação segundo Demo (2001) deve combinar tecnologias e aprendizagem socializada, uma vez que o conhecimento socializado entre educadores e educadoras e estudantes proporciona uma troca de experiências e facilita a associação dessas trocas. Para o autor

é muito interessante esta ideia, porque concebe a realidade como unidade de contrários, constituída de dois níveis, real e virtual, que se necessitam e se afastam. São contrários, não contraditórios e por isso estabelecem dinâmica entre eles. A virtualidade não é, assim, algo irreal ou que escapa à realidade, mas tipicamente parte dialética da mesma realidade. Vê a diferença nos padrões de informação: materialidade física e potencial de significar algo para além da materialidade, não como coisa estranha ou imposta de fora, mas como expressão da própria realidade. Ademais, a virtualidade não se reduz ao aspecto cultural, porque também se consubstancia em leque de tecnologias poderosas. (2001, p.103)

Há outros aspectos a serem levados em consideração quando a problemática está relacionada escola. Questionamentos pertinentes são realizados no que se refere ao âmbito escolar, uma vez que as instituições de ensino, especificamente, as escolas públicas não estão adequadas para a chamada inclusão digital. É perceptível esta afirmação na observação do processo histórico da educação no Brasil, tendo em vista que os ambientes educacionais segundo Rondelli (2011, p.1) “parece ter ficado à margem das grandes transformações tecnológicas”. Assim, os professores e professores devem estar atentos a novas formas de intervenção e novos métodos de ensino no que se refere às TIC’s.

Entretanto, a escola ainda se mostra como uma instituição mais tradicional que inovadora, e tem resistido muito a mudanças. Nos dias atuais ainda é possível presenciar em alguns espaços educativos, o método de ensino focado no professor, apesar dos grandes avanços em busca de mudanças no ensino.

As adequações ressaltadas neste estudo estão diretamente ligadas a preparação dos profissionais da educação, especificamente, a formação continuada dos docentes e ambientes adequados para inserção das tecnologias de comunicação e informação. A associação entre estes dois patamares produz uma equiparação no processo de ensino e aprendizagem, bem como assimilação do conceito de tecnologia e educação por parte dos estudantes inseridos neste processo.

Para tanto, é preciso problematizar a inserção das tecnologias de comunicação e informação no ambiente escolar. É necessário que todos os profissionais da educação entendam que a inclusão digital – seja ela por meios de multimídias, data shows e a própria sala de informática, faz parte do currículo escolar e precisar ser mediada como didática de ensino e não como forma de passar tempo. Deste modo, Lévy (1996, p.148) ressalta que as TIC’s servem, de certa forma, como meios de ampliação do contexto socioeconômico dos estudantes no ambiente escolar, tendo em vista que “ não se trata de modo algum de um mundo falso ou imaginário, a virtualização é a dinâmica mesmo do mundo comum, é aquilo através do qual compartilhamos uma realidade”

Diante das afirmativas evidenciadas, é possível compreender que a tecnologia tem criado varias formas de informação, comunicação e socialização, e por isso tem se tornado um novo paradigma neste século, inclusive no campo educacional. No entanto, o uso das TIC no contexto educativo deve ter a função de despertar no aluno a curiosidade, a criatividade, a busca do conhecimento, e da pesquisa.

Tecnologias de Informação e Comunicação na prática: A participação da secretaria Municipal de Ji-Paraná/RO em parceria com Estado e com o Ministério da Educação – MEC. 

Este trabalho foi desenvolvido no mês de maio de junho de 2011, com o intuito de obter informações relevantes no que se refere a Tecnologias de Comunicação e Informação utilizadas pela Secretaria de Educação do Município de Ji-Paraná/RO na formação dos educadores e educadoras atuantes no ensino fundamental. Para obter as informações centrais deste estudo, optou-se pela abordagem de cunho descritivo, utilizando de gravadores digitais e observações dos espaços utilizados pela SEMED para realização da formação continuadas dos docentes participantes. Vale ressaltar que a entrevista foi realizada com o coordenador responsável pelo Proinfo Integrado.

Durante a realização da entrevista e observações dos espaços utilizados, pode-se constar que o Proinfo constitui-se da instalação de computadores nas escolas, bem como a implantação de programas pedagógicos para facilitar o desenvolvimento de atividades planejadas pelos docentes das escolas públicas urbanas do município em questão, tendo em vista que estas atividades proporcionam aos estudantes inseridos neste processo, compreender ludicamente os conteúdos elencados pelos educadores e educadoras.

Para compreender melhor como ocorre o Proinfo Integrado, foram utilizadas as informações postadas blog da Secretaria de Educação. Isso possibilitou esclarecer como são trabalhados a formação continuada dos docentes e quais cursos são ofertados. Assim, o programa em questão acontece durante o desenvolvimento de três estágios. Sendo o primeiro, a Introdução à Tecnologia Digital que consiste em promover a inclusão digital nas abordagens pedagógicas de professores e professoras, bem como o aperfeiçoamento dos técnicos atuantes na área de educação. O objetivo deste curso segundo a Representação de Ensino – REN, é apresentar o computador, o sistema operacional LINUX, e seus principais aplicativos que o pacote BR OFFICE oferece, tendo em vista o trabalho com as propostas pedagógicas apresentadas pela internet.

Neste primeiro momento, os educadores e educadoras aperfeiçoam a utilização da internet para a obtenção de atividades a serem trabalhadas na sala de informática. Esta etapa ocorre a cada seis meses com duração de três meses cada etapa, tendo em vista que a carga horária desta fase dura cerca de 40 horas – os docentes participantes têm direito a obtenção do certificado.

A segunda etapa corresponde a Tecnologia na Educação – TIC, que visa articular de maneira criativa, a tecnologia ao trabalho do professores e professoras, discutindo concepções, metodologias e principalmente as estratégias de ensino. Nesta etapa o desenvolvimento das atividades refere-se a abordagens práticas dos docentes na utilização dos computadores como ferramenta no processo de ensino e aprendizagem. Esta fase tem duração de 100 horas, os trabalhos realizados são postados através do Portal Escolar Secretaria de Educação.

A ultima etapa do ProInfo Integrado ocorre com a elaboração de Projetos, uma vez que esta elaboração ocorre com a socialização das etapas subseqüentes. Neste sentido, os educadores e educadoras desenvolvem os projetos sob dois elementos básicos: as tecnologias mediadas na e/ou pela educação e como o currículo abrange estas mediações.

Assim, os professores e professoras elaboram e executam um projeto pedagógico nas instituições em que atuam, buscando refletir como acontece todo o desenvolvimento o uso das Tecnologias de Comunicação e Informação – TIC’s no processo de ensino e aprendizagem. Esta fase ocorre com duração de 40 horas. Vale ressaltar que os três passos são interligados – os docentes precisar estar presentes em todas as etapas do curso, tendo em vista que o afastamento em quaisquer estas fases deixe o ausente e/ou a ausente sem possibilidade de terminar a curso.

Com as observações e entrevistas realizadas na Secretaria de Educação, foram constatadas parcerias que a SEMED realiza. Sendo estes com a Representação de Ensino do Estado de Rondônia – REN, o Ministério da Educação – MEC e com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC. Com estas parcerias a Secretaria desenvolve atualmente o projeto PUC tecnologias, a TV escola, Aprendendo e Ensinando com as TIC’s, Mídias na Educação, bem como a UCA – Um computador por Aluno. Foram observados que a TV escola – implementada em 2001, possui planejamento especifico para as capacitações dos professores e professoras e corresponde aos objetivos do Proinfo Integrado.

Segundo os dados coletados a Representação de Ensino – REN, o Núcleo de Tecnologia Educacional – NTE, possui cinco multiplicadores com o intuito de repassar os pontos estratégicos do Proinfo Integrado para os coordenadores e coordenadoras, bem como os docentes das escolas do Município de Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste. Estes responsáveis verificam se as instituições e os educadores e educadoras participantes executam as atividades desenvolvidas nas etapas do curso – os mesmos devem postar seus projetos e aulas no Portal Escolar da Secretaria de Educação do Estado de Rondônia – SEDUC. A implementação do NTE ocorreu no ano de 1999 no município de Ji-Paraná.

Durante as atividades de coletas de dados, observou-se que tanto a SEMED, quanto a REN encontram dificuldades para desenvolver satisfatoriamente os programas relacionados as TIC’s, tendo em vista que estas dificuldades estão direcionadas aos docentes com mais de 25 anos de atuação na área de educação, uma vez que as secretarias relataram que estes educadores e educadoras não desejam participar desta formação continuada por estarem para se aposentar e por isso preferem não fazerem o curso.

Outra dificuldade ressaltada é a falta de tempo, uma vez que os docentes trabalham com a carga horária de 40 horas – todas no âmbito escolar. Em contrapartida, a NTE tem promovido treinamentos nas próprias escolas onde esses professores e professoras têm a facilidade de participar das etapas e desenvolver atividades que proporcionam aos estudantes associar os conteúdos aos meios de tecnologia. Vale ressaltar que os professores e professoras tem obrigação de participar dos cursos oferecidos pela Secretaria de Educação.

Considerações Finais

         As leituras em conjunto com as observações realizadas na Secretaria de Educação – SEMED do município de Ji-Paraná/RO e a Representação de Ensino – REN demonstraram que Ji-Paraná trabalha com a formação continuada dos professores e professoras atuantes nas escolas públicas por meios dos programas Proinfo Integrado, TV Escola, PUC tecnologias tendo em vista que este programa visa aproximar os docentes com as Tecnologias de Comunicação e Informação e a aplicação destas tecnologias no ambiente escolar.

         Os resultados ressaltam a necessidade de propor aos educadores e educadoras as diversas teias que envolvem as Tecnologias de Comunicação e Informação – TIC’s e as possibilidades que os docentes tem de diversificar os métodos de ensino. Estas possibilidades estão presentes no contexto social que os estudantes estão inseridos, uma vez que as tecnologias fazem parte da chamada sociedade informatizada. Para os educandos, a socialização entre ensino e informação abrange a percepção dos conteúdos elencados em sala de aula.

         São essas abrangências que traduzem diversos questionamentos não entendidos quando socializados apenas com recursos rotineiros, sem elucidação profunda. Questionamentos esses evidenciados nos conteúdos matemáticos, que em sua maioria não são apresentados de modo prático. Com a utilização das tecnologias – podendo citar o sitio da britânica, no ensino da matemática, a apresentação lúdica dos números auxilia na compreensão da tabuada e como se dá o processo de montagem de uma conta de adição, subtração, divisão e multiplicação.

         Assim, quando o professor e professora conseguem distinguir que a sala de informática, de vídeo, entre outros recursos didáticos tecnológicos não são horários de descanso e sim métodos de ensino prático e dinâmico, os mesmos detém de ampla fonte de recursos facilitadores no processo de ensino e aprendizagem e que estes recursos auxiliam seus estudantes no processo de compreensão dos conteúdos elencados na exemplificação dos componentes curriculares exercidos pelos docentes.

 Referências:

DEMO, Pedro. Conhecimento e aprendizagem na nova mídia. Brasília, Editora Plano, 2001.

LEVY, Pierre. O que é virtual?. Editora 34; São Paulo, 1996.

MESQUITA, Damião C. Amaral, CASTRO, Darlene Teixeira. Tecnologia e Educação a Distância. Palmas: TO, Apostila 1° Período Pedagogia, UNITINS, 2000.

RONDELLI, Elizabeth. Educação e Tecnologias de Informação e Comunicação. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?I d=11222. Acessado em Junho de 2011.

VALENTE, José Armando. Informática na Educação no Brasil: análise e contextualização histórica. Disponível em htp://www.nied.unicamp.br. Acessado em Maio de 2011.

[*] Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia – GPEA. Email: rozanealonso@gmail.com

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