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Experiências com o “brinquedo-sucata” e a aprendizagem

Experiências com o “brinquedo-sucata” e a aprendizagem

  Thalita Cristina Pimentel Cavalcante

thalitacristina1001@yahoo.com.br

A temática surgiu na discussão em sala de aula, a partir de vivências dos membros do grupo e ainda, do mutuo interesse em aprofundar-se nesse aspecto tão presente em nossa realidade.

No primeiro momento da discussão pensamos em abordar, apenas, os diferentes tipos de lixo e ainda, relatar as consequências do acúmulo desordenado prejudicando o homem. Em um segundo momentos decidiram abordar algo mais, a reciclagem, com o objetivo de contribuir para o enriquecimento da nossa prática docente.

Desde o principio estávamos convictas da nossa temática. Com as conversas apenas reforçávamos e aprimorávamos as nossas ideias e, assim, construíamos nossa intervenção na escola.

Um dos aspectos que reforçamos foi à construção de brinquedos com materiais recicláveis e, ainda, a presença de um vídeo sobre o tema.

No grupo há um comum acordo, pois já trabalhamos juntas e sempre foi uma relação harmoniosa, sem muitas divergências, pelo fato de construirmos uma intimidade, ou melhor, uma amizade.

Em relação à temática, como já foi dito, partiu das vivências das integrantes do grupo e da curiosidade para aprofundar-se em algo enriquecedor para a nossa prática docente.

O grupo trabalhou cooperando uma com as outras e contribuindo para que a ideia inicial fosse colocada em prática. Temos que ressaltar, que tivemos que nos reunir fora dos horários convencionais para que nossa intervenção seja produtiva e enriquecedora.

Para tanto, decidimos relatar e aprofundar nossos conhecimento em resíduos sólidos e a reutilização dessa material.

Resíduos sólidos constituem aquilo que genericamente se chama lixo: materiais sólidos considerados sem utilidade, supérfluos ou perigosos, gerados pela atividade humana, e que devem ser descartados ou eliminados.

O conceito de “lixo” pode ser considerado como uma invenção humana, pois em processos naturais não há lixo. As substâncias produzidas pelos seres vivos e que são inúteis ou prejudiciais para o organismo, tais como as fezes e urina dos animais, ou o oxigénio produzido pelas plantas verdes como subproduto da fotossíntese, assim como os restos de organismos mortos são, em condições naturais, reciclados pelos decompositores. Por outro lado, os produtos resultantes de processos geológicos como a erosão, podem também, a um escala de tempo geológico, transformar-se em rochas sedimentares.

Embora o termo lixo se aplique aos resíduos sólidos em geral, muito do que se considera lixo pode ser reutilizado ou reciclado, desde que os materiais sejam adequadamente tratados. Além de gerar emprego e renda, a reciclagem proporciona uma redução da demanda de matérias-primas e energia, contribuindo também para o aumento da vida útil dos aterros sanitários. Certos resíduos, no entanto, não podem ser reciclados, a exemplo do lixo hospitalar ou nuclear.

Os residuos são dividos em: orgânicos, urbano, industrial, hospitalar e nuclear.  O chamado lixo orgânico tem origem animal ou vegetal. Nessa categoria inclui-se grande parte do lixo doméstico, restos de alimentos, folhas, sementes, restos de carne e ossos, etc. Quando acumulado ou disposto inadequadamente, o lixo orgânico pode tornar-se altamente poluente do solo, das águas e do ar. Ademais, a disposição inadequada desses resíduos cria um ambiente propício ao desenvolvimento de organismos patogênicos. O lixo orgânico pode entretanto ser objeto de compostagem para a fabricação de adubos ou utilizado para a produção de combustíveis como biogás, que é rico em metano.

            O  resíduo sólido urbano  inclui o resíduo doméstico assim como o resíduo produzido em instalações públicas (parques, por exemplo), em instalações comerciais, bem como restos de construções e demolições. O resíduo industrial  é gerado pela indústria, e pode ser altamente prejudicial ao meio ambiente e à saúde humana. O resíduo hospitalar  é a classificação dada aos resíduos perigosos produzidos dentro de hospitais, como seringas usadas, aventais, etc. Por conter agentes causadores de doenças, este tipo de lixo é separado do restante dos resíduos produzidos dentro de um hospital (restos de comida, etc), e é geralmente incinerado. Porém, certos materiais hospitalares, como aventais que estiveram em contato com raios eletromagnéticos de alta energia como raios X, são categorizados de forma diferente (o mencionado avental, por exemplo, é considerado lixo nuclear), e recebem tratamento diferente. O resíduo nuclear é composto por produtos altamente radioativos, como restos de combustível nuclear, produtos hospitalares que tiveram contato com radioatividade (aventais, papéis, etc), enfim, qualquer material que teve exposição prolongada à radioatividade ou que possui algum grau de radioatividade. Devido ao fato de que tais materiais continuam a emitir radioatividade por muito tempo, eles precisam ser totalmente confinados e isolados do resto do mundo. O resíduos de construção e demolição é abreviadamente conhecidos por RCD, são resíduos provenientes de obras civis – construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição ou derrocada de edificações, assim como o solo e lama de escavações.

Com essa perspectiva traremos conceitos e relacionaremos o brinquedo, instrumento essencial para que as crianças expressem seus sentimentos e suas emoções.

O brinquedo-sucata traz atributos para o desenvolvimento dos aspectos cognitivos e das relações socioculturais da criança, propõe-se a fazer uma reflexão acerca da contribuição do brinquedo-sucata como instrumento que favorece o desenvolvimento do pensamento da criança.

Os autores que fundamentam essa discussão são: BENJAMIN (1984), MACHADO (1995), WEISS (1997), despertam  para  a importância  da  criança criar seu próprio  brinquedo  e sugerem  situações de aprendizagem  que  muitas vezes articulam recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança.

Com o brinquedo-sucata, a criança pode exercitar sua criatividade ao confeccioná-lo e desenvolver sua interação social num espaço lúdico com materiais atraentes e educativos de baixo custo.

Na visão de BENJAMIN (1984), as crianças são especialmente inclinadas a buscarem em todo local de trabalho, objetos de sua atenção e de sua ação, em que a atuação sobre as coisas se dê de forma visível.

Conforme esse autor, nos restos que sobram dos destroços do trabalho dos adultos, as crianças reconhecem o rosto que o mundo das coisas apresenta para elas, a partir dos mais diferentes materiais, através daquilo que cria em suas brincadeiras, formando assim o seu próprio mundo de coisas dando asas a imaginação de forma interativa e criativa, MACHADO (1995, p. 27) afirma que:

antes mesmo de operacionalizar a construção do brinquedo-sucata, as crianças observam as características físicas dos materiais, pois sendo estes de diversas origens, obter novas formas implica em perceber nos brinquedos a essência dessa transformação, conduzindo a uma compreensão maior do brinquedo e do universo infantil.

A sucata nesse caso é um material de transformação dos dois mundos, que permite a liberdade para arriscar, buscar suas próprias soluções, dando maior oportunidade de ampliação de horizontes, transformando-se num aprendizado de vida.

Para melhor entendimento do termo sucata, MACHADO (1995) o define como  qualquer coisa que perdeu seu uso original, que não serve mais, ou que não tem mais significado. Por outro lado, CUNHA (1994) o conceitua como um material descartável que não tem utilidade, podendo ser aproveitado com um pouco de criatividade.

O brinquedo-sucata, WEISS (1997) o denomina como objeto construído artesanalmente, com diversos materiais como madeira, lata, borracha, papelão, arame e outros recursos extraídos do cotidiano. É o resultado de um trabalho de transformação e de reaproveitamento do lixo, considerado por muitos, como grande vilão do meio ambiente. É elemento de redefinição de um objeto como processo de construção eclética do brinquedo.

Do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busca do “eu”. É uma busca constante para descobrir algo novo. É no brincar que se pode ser criativo e é no criar que se brinca com as imagens, símbolos e signos, fazendo uso do próprio potencial livre e integral. Brincando ou sendo criativo o indivíduo descobre quem realmente é. Diante disso, confirma-se que a busca do “eu” se dá através do ato de brincar e do ato de criar e vice-versa. Através da busca do novo, o sujeito pode brincar com sua imaginação e, assim, as condições favoráveis ao ato de brincar assemelham-se ao ato de criar.

Em se tratando da criatividade, a função principal de brincar é atualizar a capacidade humana de criatividade intelectual, pois no brinquedo, a criança possui o prazer de descobrir  e a satisfação de criar.

O brinquedo-sucata traz consigo a energia criativa, a possibilidade do novo e do original, surge da própria criança que por princípio escolheu os objetos, os materiais e elaborou regras, para lidar com o mundo a sua maneira, fazendo dessa forma suas próprias descobertas. Tudo isso sendo conduzido por um adulto, respeitando seu imaginário, para que a criança não tenha medo de ousar, de fantasiar, de errar e de viver criativamente,MACHADO (1995, p. 42) ressalta que:

para brincar de maneira espontânea e criativa, a sucata, os restos, os refugos, a matéria antes de ser elaborada e depois de haver sido usada, são um material muito rico, que não custa nada e que muitas vezes estaria poluindo o meio-ambiente, por não ser biodegradável. 

O processo de criação começa já no recolhimento da sucata pelos alunos, quando o seu olhar recorta o objeto da realidade e, em seguida, o transforma em outro, usando sua seletividade, imaginação, fantasia, desejos, habilidades, enfim, ressignificando a realidade.

Nesse momento a atuação do professor é de extrema importância para auxiliar o aluno, permitindo vivências e construções progressivas das diversas áreas do conhecimento através de jogos e brinquedos elaborados a partir da  criatividade do aluno.

Quanto à transformação do objeto, o pensamento de WEISS (1997) é de que ao recolher sucatas, a criança descobre objetos possíveis de serem transformados, desenvolvendo, dessa forma um diálogo constante com o universo de objetos que  a cerca.

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a construir progressivamente suas aquisições de forma criativa. Uma das vantagens do brinquedo feito com a sucata em relação ao industrial é a sua fabricação, o que por si só é uma brincadeira, assim a brincadeira com sucata só pode acontecer com a ação da própria criança, contando com a colaboração do professor.

De acordo com MACHADO (1995,  p.  45):

o brinquedo-sucata permite a quem brinca com ele, desvendá-lo, ressignificá-lo, pois é um  objeto que   possui inúmeros significados que não são óbvios, nem estão evidentes. Surgem assim, novas e inusitadas relações que podem ser absurdas, incongruentes, desregrada.

 

Assim, cada escola,  turma, alunos e/ou professores deve montar seu próprio sucatário, mas o que importa mesmo é que cada objeto seja limpo e não ofereça riscos para a saúde das crianças e que,sobretudo, não deixe o ambiente com cara de lixão. Há inúmeros critérios para fazer a coleta de materiais para a arrumação do sucatário, como por tamanho, forma, cor, material. A própria captação e separação das sucatas pode ser um trabalho prazeroso e um momento nos quais o professor pode aproveitar para desenvolver a formação de conceitos.

O uso desses brinquedos confeccionados pelas crianças favorece ludicamente, o desenvolvimento de esquemas operativos e perceptivos interessantes, que se dão durante o processo de aprendizagem.

A “sucata” contribui para um desenvolvimento lúdico em sala de aula, uma vez que facilita a aprendizagem, é também fator relevante para o processo de socialização, através da comunicação e da expressão da criança. Além disso, como já foi abordado, o uso do brinquedo-sucata na sala de aula é importante por incentivar a criatividade, oportunizando o manuseio de diversos tipos de material sucateado.

 

2.9. Referências

VIDAS NO LIXO (DOCUMENTÁRIO). Alexandre Stockler, 2008. 15min. Disponível em: www.portacurtas.com.br. Acesso em: 23/05/2011.

ILHA DAS FLORES (DOCUMENTÁRIO). Jorge Furtado,1989. 13min. son. color. 35mm. Disponível em: www.portacurtas.com.br. Acesso em: 23/05/2011.

Um aliado ideal para trabalhar nas escolas. Disponível em: http://www.fabricadebrinquedos.com.br/. Acesso em: 23/05/2011.

Tipos de brincadeiras e como ajudar a criança brincar. Disponível em:  http://atividadedeprofessor.wordpress.com/. Acesso em: 23/05/2011.

O que é Educação Ambiental. Disponível em: www.apoema.com.br . Acesso em: 23/05/2011.

O que é lixo?. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/. Acesso em: 26/05/2011.

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