Leonardo Vivaldo da Silva
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Revista Partes – Ano V – 06/09/2012 |
Criou-se uma lenda muito grande em torno do ensino da gramática normativa nas escolas, uma espécie de estrutura ideológica de poder e de controle sobre as demais classes sociais. Criando-se assim um pensamento errôneo, entre todos, de que os falantes de uma língua precisam da gramática normativa para se comunicar, como se ela fosse uma espécie de mina d’água da qual brota à língua natural. O uso da gramática normativa no ensino da Língua Portuguesa nas escolas, em geral, vem gerando acirradas polêmicas, entre os professores, ao longo dos últimos anos.
Ora, se a função da escola é o ensino da língua padrão, então, não é com teoria gramatical que ela materializará seu objetivo. Tais questões levam os estudantes ao desinteresse, quase que por completo, pelo estudo da língua, pois quando pensam haver entendido o conteúdo trabalhado em sala de aula, amarguram-se ao se deparar com determinadas construções, pois não conseguem entender o enunciado. Daí, resultam as frustrações, reprovações, recriminações que começam pela própria escola e o “preconceito linguístico” de que não sabe sua própria língua materna, o português.
O ensino da língua portuguesa vem mudando “vagarosamente” ao longo dos anos, quem de nós já não foi repreendido por não redigir um texto de forma e formato de acordo com o que o professor (a) estipula? Tentemos mudar esse quadro. Um primeiro ponto para essa mudança vagarosa é o professor começar a quebrar a distância entre o aluno e o ensino da gramática dentro de sala de aula, tornado-se assim prazeroso para o aluno e não somente obrigatório em estudá-la, bem como a leitura de livros e textos. Pois ele, só será realmente um professor quando, independente do arsenal de conhecimento que possua, se puder transmitir tais informações de forma interativa e criativa, aluno-professor e professor-aluno, acreditando que o aluno é capaz de aprender e compreender tudo o que lhe é transmitido em sala.
No caso específico da gramática normativa, ela está sempre ligada à produção de textos. Portanto não é somente regra e teoria. O aluno somente interioriza o conhecimento da estrutura, se ela for contextualizada em situações ou contextos comunicativos. O professor pode utilizar cartazes, textos de embalagens, revistas, jornais etc. É importante despertar nos alunos a consciência da funcionalidade da leitura e escrita. E isso só será possível quando, nós professores, começarmos a levar em conta a bagagem que o aluno traz consigo a respeito da sua língua materna. Tal relação ensino-aprendizagem só acontecerá de forma plena quando a ponte entre aluno/professor estiver concretizada.
Por isso, acredito na possibilidade de conseguirmos unir norma culta e norma coloquial sem criarmos traumas na aprendizagem de nossos alunos, basta apenas que os educadores busquem a formação, não apenas teórica, más, também na prática e no contexto da realidade em que ele esta inserido, respeitando as diferenças. E ainda que a elite cultural se conscientize de que houve mudanças profundas na língua padrão idealizada pela gramática tradicional e que no Brasil já não se fala mais o português de Portugal e, sim, o português brasileiro.
Leonardo Vivaldo da Silva é graduado em Letras, pelo CESB/ICSH. Professor de Inclusão Digital do CESB.