Educação Educação educação ambiental

Um olhar sobre a Educação Ambiental

 

Edina Souza de Melo*

 

Resumo

Edina Souza de Melo – Professora de Ciências da Rede Estadual do Rio de Janeiro, Especialista em Ensino de Biologia – UERJ, Especializanda em Ensino de Biociências e Saúde – Fundação Oswaldo Cruz, E-mail: ednamelo@gmail.com

O artigo discute a Educação Ambiental (EA) como alternativa da problemática ambiental atual na formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a construção de uma sociedade sustentável. Fala da importância de uma EA crítica, do uso das mídias no cotidiano dos alunos, da necessidade do professor incluir o uso dessas mídias na sala de aula e apresenta uma alternativa para o ensino de EA. Conclui expondo as contribuições de uma EA tratada de forma contextualizada.

 Palavras chaves: Educação Ambiental. Mídias. Fotografia. Práticas pedagógicas

Resumen

El artículo discute la Educación Ambiental (EA) como alternativa para la problemática ambiental actual en la formación de ciudadanos conscientes y compromisados con la construcción de una sociedad sustentable. Habla de la importancia de una EA crítica, del uso de las multimedias en el cotidiano de los alumnos, de la necesidad del profesor incluir el uso de esas medias en el aula y presenta una alternativa para la enseñanza de EA. Concluye exponiendo las contribuiciones de una EA tratada de modo contextualizado.

Palabras claves: Educación ambiental. Medias. Fotografía. Prácticas Pedagógicas.

Introdução 

A Educação Ambiental (EA) surge como alternativa para solução da problemática ambiental atual deve contribuir para a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a construção de uma sociedade sustentável e tem como objetivo principal à transformação individual e coletiva para obtenção de qualidade de vida ambiental e humana. De acordo com Sato (1995, p.108) “a educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo e lugar, em sua expressão formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade”.

A desigualdade social e a degradação ambiental sempre andaram juntas no Brasil, conformando uma questão socioambiental. As agressões ao meio ambiente afetam as pessoas que dele dependem para viver e trabalhar, de modo desigual ou segundo sua vinculação ao modo de produção hegemônico (como residir próximo às indústrias poluidoras, lixões, margens dos cursos d’água e áreas com elevada declividade), determinando que grupos em piores condições socioeconômicas fiquem mais expostos do que outros a riscos ambientais (NOVICKI; MACCARIELLO, 2002).

Para uma EA crítica, é importante discutir e refletir sobre as várias concepções de desenvolvimento econômico, buscando a sustentabilidade democrática e a superação da desigualdade e da exclusão social. Para Brügger (1994) a EA pauta-se em uma abordagem reducionista, preservacionista, configurando- se como um “adestramento ambiental” que tem como objetivo somente a mudança de comportamento individual e não de valores.

Os PCN’s sugerem que a Educação Ambiental remeta o aluno à reflexão sobre os problemas que afetam o seu cotidiano, sua cidade, seu país, seu planeta. Segundo Morin (2001), “a reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento, e a reforma do pensamento deve levar à reforma do ensino”.

 

Uma alternativa para o ensino da EA

 

            No mundo contemporâneo os materiais midiáticos (computador, celular, rádio, TV, câmera digital) fazem parte do cotidiano de todas as pessoas e por isso se torna urgente a inclusão desses materiais nos debates sobre didática e praticas de ensino. Por isso é essencial que o professor preocupado com a busca de praticas pedagógicas eficientes e envolventes, inclua o uso dessas mídias na sala de aula, despertando o interesse dos alunos e possibilitando uma aprendizagem significativa e verdadeiramente prazerosa.

         A relação entre mídia e educação deve ser mais aprofundada, é necessário que professores passem a experimentar mais essas ferramentas que muitas vezes não precisam de muito investimento, mas sim de criatividade. Uma forma interessante é trabalhar com fotografia digital, pois hoje praticamente todos os alunos têm celular com câmera e se o celular está tão presente no dia-a-dia dos alunos por que não torná-lo um aliado para a aprendizagem.

Na busca de apresentar aos alunos o meio ambiente e os problemas ambientais a fotografia apresenta-se como ferramenta facilitadora no processo de ensino-aprendizagem da educação ambiental e estimula a responsabilidade ambiental e social dos alunos (MENDES, 2008). Pois como afirma Monteiro (2004), as imagens, quando coletadas, processadas, organizadas e divulgadas, tornam-se instrumento de excelência na conscientização e apreensão de dados referentes a assuntos previamente objetivados. Sendo em nosso casso a educação ambiental. De acordo com Gomes (1996) apud Monteiro (2004), a imagem fotográfica, ao registrar a experiência, pode provocar novas percepções, produzir a subjetividade inerente ao ato de olhar e imortalizando o fato e o espaço captados, contextualizando-os. Nessa perspectiva a fotografia pode levar os indivíduos e grupos sociais a sensibilizarem-se a respeito do meio ambiente global e suas questões, oferecer a oportunidade para esses indivíduos adquirirem conhecimento sobre a diversidade de experiências e buscarem a compreensão fundamental sobre o meio ambiente e seus problemas, levar as pessoas a comprometerem-se com uma série de valores e a sentirem interesse pelo meio ambiente, bem como a adquirirem as habilidades necessárias para identificar e resolver problemas ambientais, sendo esse o intuito da educação ambiental.

A fotografia deve ser considerada uma ferramenta que intervém tanto no processo de aprendizagem quanto na produção de descobertas não previstas nele (SOUZA, 2006). A fotografia, impressa, exposta ou projetada, sempre está presente. Sem dúvida, a fotografia integrou-se definitivamente em várias áreas das atividades humanas, proporcionando processos criativos na busca de novos patamares do conhecimento, em todas suas formas e níveis. A fotografia questiona a imagem anteriormente percebida. A imagem registrada fotograficamente possibilita uma qualidade de análise e interpretação visual mais acurada. A fotografia provoca dúvidas, gera questionamentos e sugere soluções na busca de resultados, para artistas e cientistas, e também ao homem comum, em sua contemplação desinteressada (ou não) do mundo que o cerca (MONTEIRO, 2004).

A linguagem fotográfica é vista como uma prática, que pode ser estimulada na escola. Colocando em foco as múltiplas formas de ver e ser visto, o ato fotográfico desponta como mais um caminho de problematização da vida, que nos permite, através da mediação técnica da câmara fotográfica, registrar, decifrar, ressignificar e recriar o mundo e a nós mesmos (LOPES, 2006). Segundo Spencer,(1980, p.3):

“A contribuição da fotografia na ciência, é a seqüência qualificada de informação que não pode ser obtida de nenhuma outra forma (…) A fotografia nos dota de uma espécie de olho sintético – uma retina imparcial e infalível – capaz de converter em registros visíveis, fenômenos cuja existência, de outra forma, não haveríamos conhecido nem suspeitado”.

Sendo assim a fotografia pode ter o papel de sensibilização do aluno diante das questões ambientais através de um processo prazeroso, onde o professor em sala de aula pode trabalhar as imagens na forma de debate ou com produção textual relacionando os problemas e suas possíveis soluções. Saídas de campo podem ser registradas e as imagens levadas para a sala de aula, os problemas encontrados no entorno do colégio e do bairro, como o lixo depositado em locais inapropriados, saídas clandestinas de esgoto doméstico e industrial, poluição visual, construções irregulares entre outros problemas percebidos pelo olhar dos estudantes e registrados por suas câmeras fotográficas ou celulares, também fornecem um bom material para discussão.

 

Conclusão

 

A questão ambiental tratada de forma contextualizada favorece a construção de valores econômicos, políticos, sociais, morais, psicológicos e afetivos, ampliando a potencialidade de construção de valores nos diversos ambientes que permeiam o cotidiano do adolescente.

Quando o conteúdo a ser trabalhado é feito através do estímulo visual, se percebe um maior interesse e motivação. O uso da fotografia ajuda a aguçar o “olhar” compreendendo melhor e inserindo o aluno no universo pesquisado. Segundo Gomes (1996), a imagem fotográfica, ao registrar a experiência, pode provocar novas percepções, produzindo a subjetividade inerente ao ato de olhar e imortalizando o fato e o espaço captados, contextualizando-os.

O uso da teoria aliada à prática vivenciada pelas saídas de campo e registrada com o uso da fotografia (câmeras do celular) e da produção textual no ensino da EA desenvolve no aluno uma formação plena como cidadão, crítico e participativo, fazendo-o se reconhecer como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente, que pode contribuir para a melhoria do mesmo. Leva o aluno a refletir sobre os problemas ambientais, transformando-se em multiplicadores e colaborando para a preservação do meio ambiente.  Envolve o aluno em sua aprendizagem, desenvolvendo diferentes formas de expressar e comunicar suas idéias através da imagem e da produção textual. Promove o uso da mídia como ferramenta a favor da educação, inserindo o aluno nesse universo de forma crítica e participativa. Ajuda os alunos a melhorarem suas competências linguísticas e comunicativas, de forma prazerosa, através do estímulo visual, articulando o uso de uma mídia utilizada por eles em seu dia-a-dia com o conteúdo trabalhado em sala de aula, contribuindo para o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo, da leitura e da produção de textos relacionados a imagens.

REFERÊNCIAS

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação dos Temas Transversais, Meio Ambiente. Brasília, 2001.

BRÜGGER, P. Educação ou adestramento ambiental? Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1994.

GOMES, P. Da escrita a imagem: da fotografia à subjetividade. Porto Alegre: UFRGS /Instituto de Psicologia (Dissertação de Mestrado),1996. apud Monteiro, M. B. Projeto bios: A fotografia como elemento de percepção, visão e interferência nas questões ambientais. Revista Em Questão, PPGCOM, UFRGS, Porto Alegre. Vol. 10 – n 2 , 2004.

LOPES, A. E; Ato fotográfico e processos de inclusão: análise dos resultados de uma pesquisa-intervenção. In: LENZI, Lucia Helena Correa; DA ROS, Silvia Zanatta; Souza, Ana Maria Alves de; GONÇALVES, Marise Matos. Imagem: intervenção e pesquisa. (orgs.).Florianópolis: Editora da UFSC: NUP, CED, UFSC, 2006.

MENDES, A.C.M; NOBRE,I.M; A fotografia na educação ambiental: reflexão  sobre uma ação extensionista  unindo educação e comunicação. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Natal, RN – 2 a 6 de setembro de 2008

 

Monteiro, M. B. Projeto bios: A fotografia como elemento de percepção, visão e interferência nas questões ambientais. Revista Em Questão, PPGCOM, UFRGS, Porto Alegre. Vol. 10 – n 2 , 2004,

MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-feita: Repensar a Reforma, Reformar o Pensamento. Tradução de Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

NOVICKI, V.; MACCARIELLO, M. C. Educação ambiental no ensino fundamental: as representações sociais dos profissionais da educação. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 25º Caxambu, 2002. CD-Rom.

SOUZA, P. A.  Foto como modo de intervenção. In: LENZI, Lucia Helena Correa; DAROS, Silvia Zanatta; Souza, Ana Maria Alves de; GONÇALVES, Marise Matos. Imagem:intervenção e pesquisa. (orgs.). Florianópolis: Editora da UF LENZI, Lucia Helena Correa; DA ROS, Silvia Zanatta; Souza, Ana Maria Alves de; GONÇALVES, Marise Matos. SC: NUP,CED, UFSC, 2006.

SPENCER, D. Color Photography in Practice. Londres: Iliffe & Sons, 1980. Apud Monteiro, 2004.

Como citar este artigo:

MELO, Edina Souza de. Um olhar sobre a Educação Ambiental. Revista virtual P@rtes xxx

* Professora de Ciências da Rede Estadual do Rio de Janeiro, Especialista em Ensino de Biologia – UERJ, Especializanda em Ensino de Biociências e Saúde – Fundação Oswaldo Cruz, E-mail: ednamelo@gmail.com

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