Natália Soraia dos Santos Bonfim*
Ideologização da Democracia entre Nações
Os ventos da democracia sopram no Oriente e a Primavera Árabe têm mostrado ao mundo todo e em tempo real a sua luta pela democracia e esperança de dias melhores. Embora conhecida como Primavera Árabe, o movimento não possui apenas países que fazem parte do mundo árabe propriamente dito, entretanto, a onda revolucionária que vem afetando esses países traz um elemento em comum, que os une numa mesma condição: o elemento Nação.
A Nação é o elemento do Estado que possui conotação sociológica e como disse Dallari é bastante utilizada como símbolo de reivindicações populares, pelo fato de um grupo se reconhecer enquanto comunidade, e trazerem consigo um mesmo espírito engajando-se em um mesmo objetivo. Tomando emprestadas as palavras do supracitado autor, o Estado é uma sociedade e a Nação uma comunidade, ou seja, ela pode perpassar o território nacional indo além-fronteiras e ao mesmo tempo não contemplar todo o território nacional. Nação é o Estado de espírito de um povo.
O elemento Nação por ser ideológico, tem sido de suma importância nessa hipermodernidade (tomo emprestado o conceito de Lipovetsky) globalizatória, onde as ideias se difundem em segundos por meio das tecnologias e das redes sociais. O contato com Estados cujos regimes políticos são baseados na Democracia e no Estado Democrático de Direito em atuação conjunta com o crescimento do nível de escolaridade entre os indivíduos dos países relacionados foram fatores fundamentais para o encorajamento dos levantes acontecidos nestes.
A ideologização da Democracia difundida pelas mídias sociais tem causado um efeito de desordem e mudanças governamentais que já derrubou governos e tem mudado a ideia de vários líderes sobre um possível novo mandato, o mundo pró democracia têm se unido a favor de uma identidade mundial benéfica. Como bem sabemos na globalização não se pode delimitar fronteiras, ainda mais quando se trata de ideias. A opinião conjunta formada sobre determinado fenômeno fortalece ainda mais a consciência de Nação, e a opinião das massas que outrora fora utilizada como fonte de dominação de regimes autoritários, agora retoma o seu caráter racional ao tomar abrangência mundial.
É interessante observar as duas faces da opinião pública neste caso, uma interna ou nacional e outra externa ou internacional, onde a primeira utilizada por um menor número de indivíduos sob a égide de uma mesma Soberania e Sistema Jurídico é facilmente manipulada por um grupo, (Paulo Bonavides ao falar de opinião das massas, diz que esta é cuidadosamente cultivada e alimentada pelos poderes oficiais que impõem através do proselitismo ideológico e permitem uma sustentação política). E a segunda, externa, é menos passível de manipulação, uma vez que são muitos os países e ideologias que se aglutinam e a tornam mais refinada, mais apurada e mesmo que “massificada”, não o é apenas pela vontade de um grupo em específico.
A Pangeia ocasionada pelo surto ideológico democrático desencadeou uma laicização nunca antes vista pela história. E se cada povo tem o governo que merece então mais do que nunca os revolucionários árabes merecem um governo pautado em direitos fundamentais, conseguido a um alto preço, de suor e sangue que derramado, clama repetidamente: liberté, egalité, fraternité.
Autora: Natália Soraia dos Santos Bonfim*
*Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Piauí e Bacharelanda em Direito pela Faculdade Piauiense.