Madalena Carvalho, 24/02/2012
Em alguns momentos da nossa vida reclamamos de determinadas situações imputando a outras pessoas uma suposta culpa por fatos e acontecimentos que estamos vivenciando. Neste momento,em geral, vem a sensação de raiva, de destravar a língua impensadamente, muitas vezes falando coisas ofensivas, ou seja, passamos a ter uma série de sentimentos ruins e prejudiciais única e exclusivamente a nós mesmos.
E na maioria das vezes não paramos para refletir os porquês. Então, cabe uma pergunta e, porque não dizer, uma análise mais profunda: Será que estes sentimentos não são frutos das nossas permissões?
Nada acontece em nossa vida sem que permitamos. Se nossos filhos não nos respeitam, por exemplo, em algum momento perdemos a rédea da situação. Se dizemos que as pessoas não nos respeitam, certamente permitimos que isso tenha acontecido, seja quando omitimos ou não expressamos nossa opinião; seja todas as vezes que não agimos com assertividade, ou, quem sabe, todas as vezes que nossa doação ao outro representa em nosso coração muito mais um apelo à recompensa do que propriamente a oblação verdadeira.
Que possamos analisar com frieza nossos comportamentos permissivos, se o fazemos conscientemente e, portanto, assumimos o ônus deles, ou se nos colocamos em uma posição vitimista para termos do que lamentarmos depois.
Cabe sempre analisarmos o quanto nossas permissividades são salutares ou não. É claro que algumas permissões conscientes (ou não) nos trarão uma boa sensação. Permitirmo-nos, por exemplo, a mudar comportamentos velhos e empoeirados que se encontram nas estranhas da lama, pode nos trazer um benefício ímpar.
Por outro lado, o excesso de permissividade, pode nos trazer consequências indesejadas. Estas permissões acontecem porque queremos exercer o papel politicamente correto. Usando o exemplo dos filhos, em nome de uma educação moderna e para não repetir o erro de nossos pais, permitimos
e damos liberdade demasiada até o ponto que não conseguimos mais reverter a situação.
Para sermos vistos como pessoas do bem, centradas e ponderadas, evitamos os conflitos, calamos nossas vozes, recuamos e relevamos, também, em demasia e, sem que possamos perceber, vamos alimentando um monstro interno, pronto para escapar da jaula a qualquer momento e fazer estragos
inimagináveis.
As permissões nos servem como aprendizado. As permissões são escolhas que fazemos. Se escolhemos andar por um caminho, aparentemente, mais fácil, porém calçado de consentimentos diários e irrefletidos, devemos assumir as consequências futuras. Não devemos esquecer que todas
elas levam a um resultado, seja este favorável ou não; cabe a nós fazer as seleções corretas e entender que os limites somos nós que impomos e não o outro.