Alexandre Soares
publicado em 03/10/2011 como www.partes.com.br/educacao/pedagogiadesafiadora.asp
Já repararam que quando há uma palestra e o palestrante pede para que os professores que estão na plateia faça algum tipo de ginástica ou movimentos corporais há grande resistência e comentários como:
-Ai minha nossa,eu já estou velha para essas coisas! Mais essa ainda!
Eu Heim, Vou pagar mico!
De fato isso acontece pela simples razão: Professores não são acostumados a encarar desafios como gincanas, quiz entre outros, o que os tornam apenas professores informadores de alunos copistas,que irão digerir tais informações,mas ao chegar em casa darão Graças a Deus dessa aula ter acabado e quando seus pais lhe perguntarem como foi a aula hoje dirão:
-A mesma chatice de sempre mãe! Se pudesse nem iria pra lá amanhã! Mãe, Posso jogar Uno ou jogar no computador,tive um dia muito chato hoje?
Isso nos mostra que,o desafio o qual o aluno não teve na escola busca no computador.É preciso investir em gincanas divertidas e que podem ser feitas dentro da própria sala de aula,além de usar artifícios desafiadores que podem e devem ser improvisados também pelo professor como a barraca de pesca,a qual os alunos serão desafiados em equipe sendo um de cada vez num tempo de 2 minutos por integrante a pescar o peixe com a palavra VENCEDORES ou uma outra que entusiasme as equipes que podem ser separadas por fileira. E claro,o professor também tem que entrar no espírito da gincana, do quiz, do desafio seja lá qual for, pois os alunos só sentirão tal sentido se verem seus professores também serem desafiados e o resultado de tudo isso é mais energia,um despertar gostoso para a uma aprendizagem diferenciada de forma dinâmica,simples mas que certamente fará com que este aluno não veja a hora de amanhecer e voltar pra escola! Articulistas da educação atual como a pedagoga Jocineide Ribeiro em relação ao desafio proporcionado pelo lúdico em sala de aula revela:
-“Todos temos um lugar específico na sociedade, fazemos parte da natureza. O jogo é uma forma de representar o contexto em que estamos inseridos, independente da época, classe social e outros fatores.
Ludismo e interação social
No processo evolutivo que caracteriza o desenvolvimento humano, especialistas e estudiosos do assunto, consideram que o potencial lúdico tem função muito importante.
A medida que o indivíduo vai se libertando do princípio do prazer, e passa a interagir com a realidade buscando equilíbrio entre a satisfação e não- satisfação de seus impulsos mais primitivos, bem como o equilíbrio de sua emoção, sua afetividade, ele precisará de um elemento que é o brincar. Cuja função permite que se adapte ao meio e passe a valorizar os demais integrantes e respeitar regras e valores”.
Já a professora especialista Anne Almeida, professora do curso de Pedagogia e Educação física:
-O ato de criar permite uma Pedagogia do Afeto na escola. Permite um ato de amor, de afetividade cujo território é o dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transitam medos, sofrimentos, interesses e alegrias. Uma relação educativa que pressupõem o conhecimento de sentimentos próprios e alheios que requerem do educador a disponibilidade corporal e o envolvimento afetivo, como também, cognitivo de todo o processo de criatividade que envolve o sujeito-ser-criança.
A afetividade é estimulada por meio da vivência, a qual o educador estabelece um vínculo de afeto com o educando. A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de se chegar perto do sujeito e a ludicidade, em parceria, um caminho estimulador e enriquecedor para se atingir uma totalidade no processo do aprender.Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. Possibilita a quem a vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de vida.
Uma aula com características lúdicas não precisa ter jogos ou brinquedos. O que traz ludicidade para a sala de aula é muito mais uma “atitude” lúdica do educador e dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade, envolvimento, uma mudança interna, e não apenas externa, implica não somente uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva. A ludicidade exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas com a aquisição de conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito importantes. Uma fundamentação teórica consistente dá o suporte necessário ao professor para o entendimento dos porquês de seu trabalho. Trata-se de ir um pouco mais longe ou, talvez melhor dizendo, um pouco mais fundo. Trata-se de formar novas atitudes, daí a necessidade de que os professores estejam envolvidos com o processo de formação de seus educandos. Isso não é tão fácil, pois, implica romper com um modelo, com um padrão já instituído, já internalizado.
A Pedagogia desafiadora envolve além dos valores coletivos e de equipe,resgatam a autoestima do professor,principal agente da transformação e participante deste processo de ludo-educação, pois depende dele a abertura para se quebrar velhos paradigmas,como o uso constante do livro didático como instrumento usado pelo professor em sala de aula para dar cópias e mais cópias o que afasta os alunos da escola,os fazem pensar que a escola nada mais é do que um lugar onde os livros são chatos,os professores mais ainda,ninguém é feliz e o aprender menos ainda! Imagine o que é esse pensar para aqueles alunos que já se habituaram a tirar notas vermelhas e ainda por cima não ter motivação para buscar melhorar suas notas ou pior,ter que ouvir de quem mais poderia ajudá-lo que:-Eles não tem interesse em nada,não copiam,não gostam de ler só querem jogar xadrez,bater figurinhas etc!
Por vezes essa demonstração lúdica é clara e muitos de nosso educadores não percebem o sentido da mensagem passada pelos alunos através dessa paixão pelo lúdico,pelo desafio virtual do videogame ou mesmo do computador. Não é atoa que, os jogos fascinam e conquistam mais e mais crianças e jovens pelo mundo e a escola como sempre desperdiça esses talentos. Para a pedagoga Joristela de Souza Queiroz,”A escola não deve apenas transmitir conhecimentos, mas também preocupar-se com a formação global dos alunos, numa visão em que o conhecer e o intervir no real se encontrem. Mas, para isso, é preciso saber trabalhar com as diferenças: é preciso reconhecê-las, não camufla-las, aceitando que, para conhecer a mim mesmo, preciso conhecer o outro.
A crise de paradigmas afeta a escola, crescendo o desejo de participação nas decisões. Trata-se de anseio por novas formas de organização na escola, de modo a propiciar condições favoráveis ao trabalho criador do educando, respeitando sua fase de vida.
Deste modo, as diferentes abordagens sobre a prática lúdica no contexto escolar como alternativa de resgatar a alegria e o prazer de aprender poderão contribuir para ampliar os conhecimentos e possibilitar caminhos para um profissional mais dinâmico e reflexivo, capaz de atender às necessidades dos educandos, pois, diariamente,o tempo e a história nos impõem à busca por novas práticas pedagógicas que auxiliem e facilitem o processo dinâmico que é a aprendizagem.
À luz dessa reflexão, é inegável ressaltar, que se faz necessário uma escola diferente, onde a criança queira estar e em que haja alegria e prazer para descobrir e aprender, pois é notório que em grande parte das escolas públicas situadas em bairros periféricos, encontram-se muitas crianças que trabalham desde muito cedo em diversas atividades para ajudar na renda familiar, e o tempo de que dispõem é habitualmente saturado por deveres e afazeres restando pouquíssimas oportunidades para as atividades ludo-recreativas.
A partir de uma opção democrática, almeja-se resgatar o verdadeiro papel social da escola e do professor, isto pressupõe mudanças, seja no campo profissional, visto que, perpassa pelas questões de formação, remuneração e consequentemente valorização bem como, institucional que inclui número de alunos, espaço adequado e material didático satisfatório.
Alguns percalços pedagógicos como desinteresse, indisciplina dos alunos, baixa aprendizagem entre outros de ordem socioeconômica, permeiam o âmbito escolar, “democratizou –se” o acesso ao ensino, sem democratizar a melhoria socioeconômica e sendo assim, a escola perde seu brilho e seu encanto.
Convém afirmar que a mudança não ocorrerá de forma espontânea, é um processo extremamente complexo e que exige competência e comprometimento de todos os agentes que compõem a comunidade escolar”. E vai além:
-“Se o tempo da escola é um tempo de enfado em que educador (…) e educadores vivem os segundos, (…) à espera de que a monotonia termine a fim de que partam risonhos para a vida lá fora, a tristeza da escola termina por deteriorar a alegria de viver (…)
A criança desde muito cedo, possui um anseio natural para brincar, isto é, para por em prática suas habilidades que desabrocham em crescentes variedades de formas para explorar a si própria e o ambiente ao seu redor. Em sua maneira de “brincar”, ela expande uma grande quantidade de emoções, pela variedade de brincadeiras que vivencia, organiza seu mundo interior em relação ao exterior entretanto, em muitas escolas esse desejo de criar e imaginar são substituídos por técnicas mecanicistas consideradas atualmente, ultrapassadas.
Vale salientar que são muitas as habilidades motoras que a criança adquire ao longo de seu desenvolvimento, ajudando-a a desenvolver competências nas diversas atividades do seu cotidiano. Desde muito cedo, possui um anseio natural para brincar, isto é, para por em prática suas habilidades que desabrocham em crescentes variedades de formas para explorar a si própria e o ambiente ao seu redor.
Através de jogos e brincadeiras a criança desenvolve a capacidade de perceber suas atitudes de cooperação e adquire oportunidades de descobrir seus próprios recursos e testar suas próprias habilidades, além do que, também, aprende a conviver com os colegas numa interação”.
A você professor,eu faço um convite todo especial:
-Se queres sentir a Pedagogia Desafiadora dentro de si, faça essa simples dinâmica em grupo com seus alunos:
-Pegue vários balões,dê a seus alunos e peça que eles as encham. Em seguida coloque uma musica bem descontraída e faça o seguinte combinado:
-Quando começar a música até terminá-la não poderemos deixar nenhum desses balões cair no chão! Quem deixar o balão cair vai saindo do jogo e o balão o qual pertencia ao colega que saiu deve continuar sem cair no chão,ou seja,você assumirá o papel deste colega e deverá segurar o seu balão e o balão do seu colega. O objetivo dessa dinâmica é mostrar que, o trabalho em equipe faz toda a diferença,o desafio que nos fez suar,os sorrisos,a sensação de alegria e motivação,a alegria de ver a professora também sorrir e tentar não deixar os balões caírem é o que de fato sente quem coloca em prática a Pedagogia Desafiadora!
Referências Bibliográficas
Almeida A. “Ludicidade como Instrumento Pedagógico”
http://www.legadoludico.com/Artigos/LIP.htm
Queiroz J.S. “O lúdico no contexto escolar: um resgate ao prazer de aprender”
http://www.legadoludico.com/Artigos/LCE.htm
Alexandre Soares
Psicopedagogo-Uniesp
Pós-Graduando em Educação Empreendedora-Ufsj
Precursor das Pedagogias:Da Vivência e Desafiadora
alexanddresoares@yahoo.com.br