Plastikos
Gilda E. Kluppel
O ícone da atualidade
dispensando a argila
moderno, termoplástico e elástico
este policloreto de vinila
adquire qualquer formato
por dentro correm as águas
reveste o piso, o teto e a parede
cria flores quase eternas
no frasco onde saciamos a sede
embalando diversos produtos
em tudo o ente plástico
o artificial artefato
descartáveis sintéticos
viram meros entulhos
a natureza em maltrato
no universo submerso
perversos com o meio ambiente
em suas inúmeras peças
formam um mosaico decadente
e nada que impeça
a paisagem em desarmonia
confundem as tartarugas marinhas
engolem seus piores pedaços
algas embrulhadas com plasticidade
como invadiu tantos espaços…
plastificará os mares por inteiro
assustando os marinheiros
de longas jornadas
nós, os passageiros
e o ser plastificador sorrateiro
querendo dominar o cenário
montanhas de lixo plastificadas
estáticas e petrificadas
pelos intrusos não biodegradáveis
realidade plastificante
pensou em seu uso e não no desuso
esquecendo da desplastificação
dos materiais macromoleculares
de longa decomposição
nada é justificável, apenas plastificável