Maria Aparecida Francisquini
Publicado em 02/08/2011 como ; www.partes.com.br/reflexao/mafrancisquini/espacopublico.asp
Eu percebo uma grande preocupação das pessoas em demarcarem as suas propriedades particulares, o seu espaço físico, seja levantando muros, colocando grades, mantendo portas e janelas fechadas numa demonstração clara da necessidade de ter delimitada a sua propriedade e respeitada a sua privacidade. Mas inúmeras vezes, não percebo um mínimo de respeito em respeitar aquele que é o espaço de todos. Seria interessante que estas mesmas pessoas tivessem igualmente esta preocupação em relação ao espaço público, aquele que justamente por pertencer a todos, não é murado, nem gradeado e muitas vezes não tem portas e muito menos fechaduras, para facilitar e possibilitar que seja acessível para ser usado por todas as pessoas que fazem parte da comunidade. Devido a isso, não ser ultrapassado e invadido depende apenas do bom senso e da capacidade de respeitar de cada um.
Pelo que parece, hoje em dia e cada vez mais, as pessoas estão perdendo essa capacidade e o bom senso tem sido substituído pelo egoísmo e pela falta de limite. Tem gente que age, ou como se sentisse mais importante do que todos, portanto se apropriando destes espaços, ou ainda como se pensasse que, “se é público, então não é de ninguém”. Um exemplo clássico: aquele caminho um pouco elevado que ladeia as ruas junto às casas e os bares, que todos conhecemos como “passeio” e que, de acordo com a definição escrita no dicionário Aurélio “se destina ao trânsito de pedestres”, portanto é um espaço público que está ali para ser usado por todos igualmente, mas muitas vezes tem sido usado por algumas pessoas, como se fosse particular, como uma extensão da sua propriedade, chegando até mesmo ao ponto de virar estacionamento de carros, ou ainda bar ao ar livre, onde são colocadas mesas e cadeiras para que os clientes do bar possam usufruir deste espaço que, na verdade não é propriedade particular, mas desta maneira passa a ser local restrito, portanto delimitado para poucos e interditado para muitos. Nestes casos, como na grande maioria das vezes em que de maneira desrespeitosa eles são usados como propriedades particulares, deixam de ser públicos e passam a ser usados de forma restrita, alguns poucos são favorecidos e muitos acabam prejudicados.
Eu particularmente adoro música, mas preservo a minha preferência musical e ainda não consegui treinar meus ouvidos para entrar na “moda” e gostar de ouvir estas músicas que estão tocando por aí e por aqui e por lá também, já que, mais uma vez, numa prova da total ausência de bom senso e de capacidade de respeitar, virou “moda”, algumas pessoas estacionarem seus carros em locais públicos e, acho que numa “síndrome de dj”, colocarem seu som em altíssimo volume, e tocarem as músicas que ELES querem ouvir. Comportamento este que, além de ser desrespeitoso é altamente ditatorial, pois autoritariamente obrigam a quem passa por ali, ou pior ainda, quem tem que ficar por perto, seja por residir nas proximidades, ou ainda por estar em horário de aula (pois isto acontece também em frente a algumas escolas) ouvir as músicas que decidiram tocar em seus carros. Gosto musical é uma coisa bem particular e, falta de gosto também. Mas a rua é um espaço físico público. Seria interessante que estes “ídolos consagrados” relançassem aquela frase tão usada antigamente de que “minha liberdade termina, onde começa a do outro” Quem sabe assim, o respeito pelo outro entraria na “moda”!