Maria Aparecida Francisquini
publicado em 02/06/2011 como www.partes.com.br/reflexao/mafrancisquini/veja.asp
Vivemos procurando o nosso bem estar. Queremos ser felizes. Ficamos por ai, tantas vezes nos esquivando de tudo que nos faz sofrer. Em busca deste bem estar, muitas vezes, preferimos ter uma vida tão sem verdades! Tão cheia de mentiras! Fazemos de tudo que está ao nosso alcance, para alcançar esta felicidade que queremos, esta tranquilidade que tanto desejamos, a distância do que nos causa sofrimento.
Até mesmo nos enganamos! Fazemos de conta que não ouvimos, que não enxergamos, que aquela traição clara, não aconteceu! Estamos tão carentes! Tão necessitados de ter alguém do nosso lado!
Desenvolvemos um medo tão intenso da solidão!! Um pavor mesmo, tão grande, que tantas vezes nos coloca submissos, implorando a companhia de alguém. Mesmo que seja uma migalha insignificante de atenção, diante da enorme fome que sentimos, fazemos de conta que nos satisfaz. Desdenhamos o quanto podemos ser importantes, o quanto podemos ser merecedores de um amor verdadeiro, de um relacionamento onde sempre prevaleça o respeito. A sinceridade! O nosso cada vez maior sentimento de pequenez, nos faz tão coniventes com formas de relacionamentos desrespeitosos. E nós vivemos gritando, implorando, suplicando que o outro me aceite, que não me abandone, que fique comigo. E assim, desprovidos de amor próprio, ainda pensamos que é possível, ser amado por alguém.
Na nossa amedrontada necessidade de amor, gastamos tantas vezes uma energia imensa para acreditar! Para suportar conviver com humilhações, com situações ¨confusas¨, mal explicadas. Uma mentira clara, tantas vezes se torna verdade, porque precisamos acreditar nela! Mas sabemos que uma situação não deixa de existir, simplesmente porque resolvemos que ela não existe! E como pode doer, tentar ignorá-la! Mas precisamos nos convencer que somos aceitos, que somos amados!
E tantas vezes, demonstramos uma dificuldade imensa em conviver com verdades, e optamos em simplesmente ouvir e conviver com mentiras, ou ainda, em não saber da verdade(na maioria das vezes, fazer de conta que não sabemos…) Fazemos um esforço incrível! Algumas vezes, até tentamos deturpar os fatos, para nos parecer menos graves ou sérios. Ou comprometedores. E nesta tentativa desesperada de nos enganar, conseguimos justamente o que num primeiro momento, acreditávamos estar evitando: uma vida pequena, um mal estar constante.
Dores físicas, as mais variadas, que nos leva a tornar hábito, o uso de tantos ¨remedinhos¨! A cabeça que insiste em sempre doer, resultante da tensão que acumulamos, cada vez que compactuamos com alguém que nos desrespeita (o analgésico está sempre na bolsa, ou no bolso). Dificuldade para dormir (que algum remedinho também nos socorre). Apetite, mas falta de vontade de comer (como se a garganta estivesse fechada. Talvez até esteja, pelo tanto que nos obrigamos a engolir!).
E tantas vezes, preferimos ignorar a nossa percepção, e fazer de conta que foi equivocada. Por medo de contestar, de nos posicionar. De dar um basta! E sofrer!?
Dizem que a verdade muitas vezes dói. Mas será que dói mais que uma história de vida de mentiras, de traições, de enganos?
Por medo da queimadura, usamos uma peneira e nos fazemos acreditar que estamos protegidos do sol forte, na ilusória sombra! E queimadura de sol dói tanto! Incomoda! Causa mal estar!!
E vamos vivendo assim! Ou pelo menos tentando nos convencer que estamos vivendo…