Maria Irene Maluf
publicado em 01/06/2011
As férias escolares trazem às famílias muitas dúvidas em relação ao que proporcionar às suas crianças nesse período. A primeira ideia é quase sempre planejar uma viagem, mas a realidade é que, hoje, com pai e mãe trabalhando fora, tornou-se difícil fazer coincidir o período de férias do casal junto com o dos seus filhos.
Além disso, o ônus financeiro que viajar em família representa para o orçamento doméstico já é um impeditivo importante para muitos e há também outro fator a ponderar: quando nossos filhos são pequenos, é muito fácil escolher o local onde passaremos as férias, porém cada vez mais cedo as crianças demonstram a sua vontade de experimentar como é ficar longe dos irmãos e dos pais por alguns dias, seja em um acampamento ou na casa de coleguinhas. Conforme vão crescendo, começam a querer cada vez mais viajar com os amigos, ir para a casa de parentes onde há outros jovens e até descobrirem sozinhos novos percursos.
De toda forma, acompanhados ou não, crianças e adolescentes, assim como os adultos, terão que se hospedar em algum lugar, seja um hotel, seja a casa de amigos ou de parentes. Nessa hora é que devemos nos lembrar que muitas coisas devem ir na mochila e na mala de nossos filhos, além das roupas apropriadas ao clima e aos programas, os brinquedos preferidos, os joguinhos eletrônicos, os tênis, os remédios, o celular…
É preciso ir junto com eles, ainda, a conduta, os valores e a educação que lhes transmitimos ao longo da vida, não só para representarem bem toda a família, mas até para serem bem recebidos e convidados para voltarem mais vezes! Há necessidade de preparar nossas crianças que seguem em passeio ou viagem com ou sem a nossa presença, para o que significa esse novo desafio em suas vidas, que é o de ser hóspede de alguém.
Por melhor que seja o local e o acolhimento das pessoas, elas têm que ter consciência de que não estão na sua casa e que devem cuidar sozinhos de si, de suas coisas e manter com as demais pessoas um relacionamento respeitoso e cordial: é para dar “bom dia”, pedir licença, dizer “obrigada”, se oferecer para ajudar no que for possível…
Ensinar tudo isso exige a atenção constante dos pais e uma supervisão permanente da prática diária desses costumes ao longo dos anos, pois só assim é possível criar filhos autônomos, capazes de respeitar pessoas e costumes diferentes, hábitos e limites familiares novos e de aproveitar as possibilidades da sua nova experiência.
Crianças que em sua casa são excessivamente barulhentas, que não estão acostumadas a separar sua roupa usada em um cesto especial para isso, que desmontam um armário inteiro em busca de uma camiseta, que atiram pelo chão as meias, os tênis, que não conseguem manter o banheiro em ordem depois do uso, que não guardam suas coisas depois de utilizá-las, que não ajudam nas tarefas do dia a dia, como colocar e tirar a mesa das refeições, arrumar sua cama de manhã, etc, com certeza não conseguirão adquirir esses hábitos na véspera de uma viagem e muito menos será durante esse período que aprenderão novos costumes, sem passarem e nos fazerem passar por muitos momentos constrangedores.
Tudo que diz respeito à criação de nossos filhos é, sim, nosso problema e somos responsáveis por eles e por seu comportamento até que atinjam a maioridade: está até na lei! Orientá-los diariamente nas tarefas mais corriqueiras, dando-lhes responsabilidades, exigindo que se comportem adequadamente em todas as situações, não é uma questão de “etiqueta”, mas sim de respeito ao próximo, às normas sociais e de civilidade.
Para termos confiança no comportamento que nossas crianças terão nesta ou naquela situação, é imprescindível ensiná-las desde cedo que, para poderem gozar de um privilégio, antes devem aprender muitas normas e limites e demonstrarem sua capacidade de se sair bem em sua própria casa!
Nossos filhos podem e devem viajar vez ou outra sem a família, desde que bem acompanhados, para um local conhecido e seguro. Podem gradualmente ir dispensando nossa vigilância, mas não prescindem nunca de nossa orientação e de uma educação responsável desde muito cedo.
Algumas regrinhas podem ajudar todos, sejam crianças ou jovens, a serem hóspedes muito queridos:
– Procurar não falar alto demais, assim como respeitar o sono dos outros não fazendo barulho à noite;
– Jamais interromper a conversa de adultos;
– Procurar conhecer e seguir as normas da casa onde estiver hospedado, ainda que estas sejam mais rígidas do que as de seus pais;
– Lembrar de ser cordial e respeitoso com todos os membros da casa, com os outros hóspedes, funcionários, animais de estimação etc;
– Discussões: devem ser evitadas a todo custo na casa dos outros. As conversas devem ser cordiais e é obrigatório seguir aquelas regrinhas básicas como pedir licença para levantar, respeitar os horários etc;
– Na mesa: não falar com a boca cheia de comida, usar devidamente o guardanapo, lembrar de que talheres não são armas, sentar-se corretamente nas cadeiras e conservar os cotovelos fora da mesa;
– Mostrar respeito pelo gosto e escolhas dos seus anfitriões, aceitando com carinho a presença de pessoas idosas e crianças pequenas: críticas jamais!;
– Ao se despedir, deixar uma boa lembrança, agradecendo sinceramente a hospitalidade e já se preparando para um novo convite!
Boa viagem!