Bianca Trindade da Fonseca
publicado em 11/03/2011
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O território português era povoado por inúmeros grupos nativos autônomos, espalhados no território, principalmente os Tupi-guaranis. Já no território espanhol existiam civilizações estruturadas, formadas por diferentes povos.
Além da ocupação leiga promovida pelas duas Coroas, também chegaram à América ordens religiosas católicas. Inicialmente, os padres franciscanos, que criaram reduções no Paraguai (1580-1615), com a fundação de catorze povos e dez aldeias, na bacia do rio Paraguai, entre os rios Paraná e Parapanema e ao noroeste de Assunção.
Mas o destaque coube aos Jesuítas que, em terras espanholas e portuguesas, construíram inúmeros colégios, igrejas e povoados, por meio de missões ou reduções. Enfrentaram várias dificuldades, como os ataques dos bandeirantes às reduções, o que os levou a desistirem da evangelização nas serras do Tape (noroeste do atual Rio Grande do Sul. , devido ao arraso de dezenas de reduções em que viviam cerca de cem mil guaranis.
Num período seguinte, o Pe. Roque Gonzales criou missões onde hoje é o atual Rio Grande do Sul, fundando a redução de São Nicolau. Junto com os missionários João de Castilhos e Afonso Rodrigues, organizou a redução de Nossa Senhora da Candelária (1627), a de São Francisco Xavier, perto da atual cidade de São Borja, e a de Japeju, na margem direita do rio Uruguai. Voltando ao Tape, criou a de Assunção do Ijuí (1628).
Em novembro de 1628, fundou sua última redução, a do Caaró, porque foi, pouco dias após, assassinado por indígenas mandados pelo cacique Nheçu, chefe de um grupo contrário às missões. Com ele morreu também o padre Afonso Rodrigues.
Dois dias depois, foi morto o padre João de Castilhos, na redução de Assunção do Ijuí. Estes três jesuítas são os mártires das missões, venerados até hoje no santuário construído na região do Caaró.
Após a derrota do cacique Nheçu, outros jesuítas puderam fundar mais doze reduções no que é hoje o atual Rio Grande do Sul, entre os anos de 1631 e 1634.
Todavia, o período grandioso veio noutra etapa, quando foram criados trinta povos missioneiros no Paraguai, Argentina e Brasil.
Tudo corria bem nas missões até que um fator determinou o reinício das hostilidades: Portugal decidiu instalar-se no estuário Platino, através da fundação da Colônia de Sacramento, em 1680. Isto implicava a inclusão de novos contingentes populacionais na vida colonial rio-platense, modificando as relações sócio-culturais existentes.
A presença dos portugueses trouxe alteração em toda região com a preocupação que se formou entre jesuítas, guaranis e autoridades espanholas quanto ao significado da expansão portuguesa. Ainda estavam presentes na memória de alguns missionários e dos indígenas mais idosos as atrocidades cometidas pelos bandeirantes no passado, fato que inclusive determinara o êxodo do Tape.
Persistindo Portugal em manter a posse da Colônia de Sacramento, a Companhia de Jesus percebeu a importância de fundar novas reduções. Assim, uma parte da população missioneira foi transferida para o lado de cá do rio Uruguai, reocupando uma área que havia sido abandonada antes devido aos ataques bandeirantes. Aos índios transladados ficou a tarefa de ocupar e patrulhar a Banda Oriental, ficando a cargo destas novas reduções a defesa da extensa região circunscrita entre o Uruguai, o Prata e o litoral Atlântico, abrangendo assim toda a área pretendida por Portugal.
Essas informações permitem formular os seguintes questionamentos: qual era a projeção e expectativa dos índios a respeito dos portugueses? Como eram descritos aos guaranis os opositores lusitanos? Que entendimento possuíam do inimigo a ser combatido?
Primeiramente, para o índio missioneiro, o inimigo português era visto como o estrangeiro invasor, que deveria ser eliminado, pois usurpava uma terra que pertencia a outro rei. Os combates eram encarados como um acerto de contas, uma vingança contra os distúrbios e as mortes promovidas em suas terras.
Em segundo lugar, a Colônia de Sacramento representava a alteração das relações sociais e a materialização do receio difundido na população colonial de uma futura invasão a Buenos Aires, justificando o esforço conjunto das tropas hispânicas e a milícia guarani.
Do outro lado, os índios eram considerados como bárbaros ou hostis, num retrato indígena forjado pelos primeiros europeus a visitarem o Prata, numa visão onde o nativo é visto como selvagem, omitindo as diferenças entre os vários grupos indígenas da região. O europeu, mal informado por cronistas da época, passou a ver todos os índios como Tape, e que estes prevaleciam sobre os demais por serem mais guerreiros.
Os próprios jesuítas, falando do passado atribuíam-lhe um sentido histórico, reforçando as memórias indígenas sobre o guará, potencializando a consciência de unidade e identidade étnico-cultural.
Esta compreensão do presente orientada a partir do passado seria novamente sugerida aos guaranis dos Sete Povos, diante da ofensiva lusitana em direção às Missões Orientais. O motivo foi a celebração do Tratado de Madri, em 1750, determinando a troca dos Sete Povos pela Colônia do Sacramento.
Apesar de toda a oposição e resistência ao Tratado, ambas as Cortes empenharam-se na sua execução, pois era a primeira tentativa de fixar a fronteira entre os domínios Ibéricos na região Platina.
O início dos trabalhos de demarcação dos novos limites meridionais causou desentendimentos entre os guarani dos Sete Povos e os integrantes das Comissões demarcadoras. O governador de Buenos Aires enviou uma carta que, depois de traduzida ao guarani, foi lida e explicada aos índios revoltosos. Como resposta, os caciques de cada redução redigiram e enviaram uma resposta ao governador, pedindo a anulação das disposições, lembrando as repetidas promessas do rei de Espanha quanto à inviolabilidade das reduções e os serviços que os índios já haviam prestado aos espanhóis.
A oposição mais radical ao Tratado de Madri partiu dos índios de duas reduções: São Miguel e São Nicolau, cuja população era formada por remanescentes do Tape durante o chamado primeiro ciclo jesuítico na Banda Oriental, entre 1626-1637, e deslocadas para a outra margem do rio Uruguai, diante das investidas dos bandeirantes.
Depois do grande conflito, com milhares de mortos, especialmente de índios, Portugal e Espanha voltaram atrás, mas logo dariam o golpe definitivo contra as reduções, expulsando os jesuítas e deixando os guaranis sem qualquer coordenação. Seguiram-se administradores militares e os índios acabaram sendo transformados em guerreiros, nos diversos episódios militares ocorridos no Prata, sendo exterminados completamente nos 60 a 70 anos que se seguiram à expulsão dos jesuítas.
Por tudo isso, pode-se constatar que a mobilidade populacional, determinada por interesses estratégicos, configurava-se como uma das características mais marcantes do período em questão, determinando a emergência de novas fronteiras étnico-culturais. Tal mobilidade das reduções e suas populações, criou uma flutuação de fronteiras na região, que veio a influenciar na delimitação definitiva das mesmas.
OS SETE POVOS
Sete Povos das Missões é o nome dado ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos Jesuítas no Rio Grande do Sul, composto pelas reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio.
Foram fundados na última onda colonizadora jesuíta na região, após as reduções anteriores serem destruídas pelos bandeirantes brasileiros e exploradores portugueses. Dentre as causas apontadas para o retorno estão a abundância de gado na região e o desejo da Coroa espanhola de assegurar a posse daquelas terras, em virtude da crescente presença portuguesa no sul. Contudo, essas teses são controversas.
São Francisco de Borja foi a primeira, fundada pelo padre Francisco Garcia, e contava com 2.814 habitantes. Dela nasceu a cidade de São Borja, no ano de 1707.
São Luiz Gonzaga Sua teve origem na transferência, em 1687, de 2.922 pessoas. Foi a origem da cidade moderna de São Luiz Gonzaga.
São Nicolau, cuja população antigamente habitara o mesmo local, na redução criada pelo padre Roque Gonzales, mas expulsa pelos ataques dos bandeirantes. Em 1687, voltaram ao Rio Grande, e refundaram São Nicolau. Deu origem à cidade de São Nicolau.
São Miguel Arcanjo teve como primeiro fundador o padre Cristóvão de Mendonça, em 1632. Atacados por bandeirantes, abandonaram o local e se refugiaram no Paraguai. Voltaram em 1687. Suas ruínas são ainda visíveis hoje, pertencentes ao município de São Miguel das Missões, constituindo o mais importante sítio arqueológico de sua natureza no estado, tendo sido declarado Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO, junto com outras ruínas no Paraguai, Argentina e Bolívia.
São Lourenço Mártir foi fundada, em 1690, com nativos de Santa Maria Maior, descendentes dos fugitivos de Guaíra. Seus remanescentes estão localizados em São Lourenço das Missões, no município de São Luiz Gonzaga.
São João Batista foi fundada pelo padre Antonio Sepp. Sob orientação dele, esta redução mostrou alto nível de atividade cultural. Suas ruínas se localizam na cidade de Entre-Ijuís. Sepp também foi um geólogo e minerador, extraindo o primeiro ferro das Missões, fazendo instrumentos variados e até os sinos da igreja do seu Povo. Sua obra-prima foi o relógio instalado no campanário da igreja que, ao dar as horas, fazia desfilar pelo mostrador os 12 Apóstolos.
Santo Ângelo Custódio formou-se com a população que anteriormente habitara Concepción, passara por Ijuí e por fim se fixara em Santo Ângelo, em 1707, com 2.879 pessoas, sob o comando do padre Diogo de Hasse.
Após a Guerra Guaranítica, os Jesuítas sofreram intensa campanha difamatória ( na qual se destacou o Marquês de Pombal), sendo a Companhia de Jesus expulsa de terras portuguesas, em 1759, e da Espanha, em 1767 . No ano seguinte, todas as reduções foram esvaziadas, com a retirada final dos Jesuítas. Então, suas terras foram apossadas pelos espanhóis e os índios foram subjugados ou dispersos.
Quando eclodiu nova guerra entre Portugal e Espanha (1801), os Sete Povos estavam em tal estado de desintegração que, com apenas 40 homens, Manuel dos Santos Pedroso e José Borges do Canto conquistaram-nos para Portugal.. Depois disso, Portugal anexou o território ao Rio Grande do Sul, instalando um governo militar na região, encerrando todo um ciclo civilizatório e dando início a outro
Os Sete Povos fazem parte de um importante capítulo da história do Rio Grande do Sul. Deram origem a cidades prósperas, auxiliaram na delimitação de fronteiras, e foram tema para a formação de um grande folclore regionalista de tom heróico em torno das figuras dos padres e dos índios, dentre os quais Sepé Tiaraju. A cultura desenvolvida nestes centros chegou a um alto nível de complexidade em termos de arte, urbanismo e harmonia social, e suas relíquias ainda podem ser vistas nos sítios arqueológicos e nos museus regionais. Sua importância é tamanha que foi digna da atenção da UNESCO, e o acervo de estatuária que se preservou e está espalhado em coleções privadas e públicas é hoje patrimônio nacional tombado pelo IPHAN.
O FIM DE UM SONHO
Embora os guaranis não demonstrassem sentimento de nacionalidade, sua ligação com o lugar de origem era intensa. O Tratado de Madri, estabelecendo a entrega dos Sete Povos, aumentou ainda mais a resistência ao seu cumprimento.
Dizia-se que os jesuítas teriam criado um Estado independente, que infundiram nos guaranis o ódio à Espanha e a Portugal, intensificando as calúnias que culminaram com a expulsão dos inacianos. As piores acusações eram as de que os indígenas tinham sido mais escravizados nas missões do que sob os colonos. E de que os luso-brasileiros teriam pago aos missionários elevada importância para ficarem com os Sete Povos. Esta última intriga quase sacrifica a vida dos padres nas mãos dos próprios guaranis.
Porém o que incentivou mesmo sua condenação, foi a decisão contra o Tratado de Madri. Eles se reuniram em São Miguel, em 2 de abril de 1751, para responder à proposta de adesão incondicional ao tratado, e reconheceram a impossibilidade de se transferirem todos os habitantes com seus equipamentos e utensílios para a outra margem do rio Uruguai, em área desprovida de alimentos e moradias.
A expulsão dos jesuítas após as guerras guaraníticas precipitou ainda mais o trágico desfecho pois as missões desempenharam a função de fronteira na geopolítica hispânica, mantida pelo exército guarani como vanguarda deste domínio territorial.
Hoje ainda se percebem os efeitos diretos e indiretos deste enorme esforço de soerguer toda uma proposta cultural, econômica e administrativa. Há núcleos urbanos originados nas missões. A produção pecuária gaúcha, argentina, paraguaia e uruguaia derivou daquele esforço inicial dos guaranis, orientados e estimulados pelos jesuítas. A erva-mate, com enorme aceitação internacional, foi incentivada, desenvolvida e exportada graças aos missionários e ao trabalho duro do gentio.
A par do cultivo e da vida na estância, os jesuítas introduziram a música e as artes, o artesanato em barro, couro e madeira (em parte já praticado nas aldeias), a tecelagem do algodão, a carpintaria civil e naval, a ferraria, a pintura e até as artes plásticas e gráficas.
Os povoados missioneiros passaram a partir de então a ser gerenciados por administrações civis e outras ordens religiosas que não deram continuidade ao sistema reducional. Muitos nativos foram levados para outras regiões ou abandonaram suas reduções. Os novos colonos europeus que chegaram à região em fins do século 19 contribuíram para a destruição dos remanescentes, retirando seus materiais para fazer novas construções. Passado um século, restaram apenas vestígios arqueológicos e populações descontextualizadas.
Na verdade, as missões provaram ser a utopia possível, desenvolvendo com pertinácia a alternativa auto-sustentável com gestão compartilhada. E conseguiram propagar sua herança cultural séculos afora. Ícones e relatos, tecnologia e conhecimento, produção e poder até hoje continuam vívidos nas ruínas das catedrais, nas imagens de santos, na saga dos jesuítas e dos guaranis, no maravilhoso esplendor alcançado com o aprimoramento contínuo das artes e ofícios, cuja preciosa amostra arqueológica espelha a luta recorrente para a conquista sublime da universal utopia de felicidade, que transcende os povos e os tempos.
O LEGADO DAS MISSÕES
De que modo os missionários conseguiram não só transferir populações inteiras para novos povoados, sob outra organização social, como ainda, respeitando a cultura autóctone, integrá-la em uma proposta alternativa que foi aceita pelos guaranis, co-partícipes da gestão comunitária dos vários núcleos urbanos do sistema Missões?
“As missões jesuítico-guaranis desmentiram, de forma concreta e eloquente, o
preconceito de que os índios seriam incapazes para a vida sedentária e inadaptáveis
às formas superiores de civilização, argumento utilizado para tentar justificar sua
escravização ou extermínio. Na verdade, criaram comunidades livres, fraternais e
igualitárias sem outras armas que a compreensão e a persuasão, em contraste com
a maciça e desumana violência que marcou o empreendimento colonial”. Décio
Freitas, in Missões Jesuítico-Guaranis. São Leopoldo: Unisinos, 1999.
Os jesuítas se destacaram como missionários, eficientes administradores, educadores até hoje disputados, linguistas, artistas, construtores, arquitetos, músicos, cultos e hábeis conciliadores e negociadores, diplomatas além de religiosos competentes em suacatequese que respeitava outra cultura e outros valores dentro de engenhoso modelo de segregação relativa do autóctone.
Foi admirável a lenta e persistente catequese jesuítica que, com simplicidade e pedagogia, soube respeitar e incorporar a cultura autóctone. Admitindo a co-participação no gerenciamento das aldeias, estimulando o espírito comunitário e o profundo respeito à biodiversidade ambiental, os jesuítas conseguiram construir e manter a Confederação das Missões com a colaboração ativa dos guaranis por mais de 150 anos.
Conseguiram transplantar da Europa para o interior de nosso continente, há mais de 350 anos, costumes avançadíssimos, uma arte refinada e um modelo utópico de administração, com propriedade coletiva, sem classes e sem governo, e sem oposiçào entre cidade e campo, que Clóvis Lugon, em seu livro “A República Comunista Cristã dos Guaranis”, chegou a definir como “a mais fervorosa das sociedades cristãs e a mais original das sociedades comunistas”.
Quanto aos Guaranis, este eram povos migrantes, nômades, originários da Amazônia e aqui chegaram há cerca de 2 mil anos. Segundo Meliá, eles iam em busca da “terra sem mal”: a terra boa, fácil de ser cultivada, produtiva, suficiente e amena, tranqüila e aprazível, onde os Guaranis podem viver em plenitude seu modo de ser autêntico
Do território, o Guarani retirava seu sustento: a caça, a coleta e a pesca. Cultivava o milho, a mandioca, o feijão e as cabaças.
O trabalho e as decisões eram comunitários. A economia era baseada na reciprocidade e inexistia o conceito de propriedade privada, apesar de haver áreas de cultivo individualizadas, estabelecidas pelo consenso do grupo. As atividades eram culturalmente divididas entre homens e mulheres. As mulheres plantavam e colhiam, os homens caçavam. O Guarani não gostava de trabalhar só, nem de ser mandado. Trabalhava em mutirão.
Os Guaranis viviam em amplos territórios com limites difusos, que asseguravam uma zona de transição entre um aldeamento e outro. Buscavam localizar suas casas em terrenos altos e arejados, onde as casas-habitação tinham uma relação fundamental com o terreiro/praça. A grande maloca guarani que podia abrigar uma família extensa foi transformada em unidades habitacionais menores, que abrigavam três ou quatro famílias cada uma. Esta relação casa/oca era fundamental na vida social e religiosa do grupo.
No que se refere à tipologia urbana missioneira, ela se organizava a partir de um traçado com duas ruas principais que se encontravam no centro da praça, formando uma cruz e por dois conjuntos básicos, dispostos no entorno da grande praça central.
O primeiro conjunto era uma grande estrutura, com a igreja ao centro, de um lado o cemitério e, do outro, o claustro e as oficinas e depósitos ao redor de dois pátios. A enorme igreja era o principal marco morfológico e funcional da redução, constituindo-se no coração da mesma No primeiro pátio, ficava a residência dos padres. Atrás, cercada por um muro de pedra, localizava-se a quinta dos padres, com pomar, horta e jardim.
O segundo conjunto era estruturado a partir da praça e das vias principais, ao redor das quais se organizam, em lugar de quarteirões, grandes pavilhões avarandados, ortogonalmente distribuídos, com as habitações coletivas utilizadas pelos índios.
A praça era o espaço público e aberto onde se realizavam atividades cívicas, religiosas, culturais, esportivas e militares. Ali se realizavam as celebrações de colheitas, os desfiles militares, as procissões, os teatros sacros, os jogos esportivos e era onde se exercia a justiça. A praça era o elemento estruturador da organização espacial de uma redução.
É somente na terceira fase, no período do seu apogeu, que aparecem obras mais sofisticadas, fruto da ação de jesuítas arquiteto, que passaram a utilizar sistemas construtivos europeus e a usar como referência a igreja de Jesus, em Roma.
A maior parte das igrejas missioneiras possuía apenas uma torre ou campanário, que se localizava no lado oposto ao batistério. São poucas as obras desta fase concluídas antes da expulsão dos jesuítas
Nas missões, a casa da família-extensa da tradição guarani foi adaptada aos padrões de moral estabelecidos pelos padres, sendo subdividida em cômodos, que passaram a ser utilizados, cada um, para apenas uma família, evitando a poligamia.
Por todo o território das estâncias e dos ervais, a iconografia encontrada aponta a existência de outras edificações, como capelas ou postos de guarda, onde sempre estão presentes as cruzes. Cercados de pedra também fazem parte destes equipamentos, sendo utilizados para reunir os rebanhos e cavalos.
Nas reduções, o espírito barroco prosperou no espaço físico das igrejas e das praças, nas manifestações imateriais das orquestras, dos coros em latim, da dança e da encenação, das celebrações sacras, missas, procissões, enterros e das festas, com ritos e vestimentas especiais
No que diz respeito à economia, dois produtos básicos se destacaram na economia missioneira. Um, nativo, de tradição guarani e que aos poucos foi sendo assimilado na colônia, a erva-mate. O outro, trazido pelos europeus, provocou grandes transformações na paisagem e no comportamento da região, o gado. Ambos foram contribuições tipicamente missioneiras que vieram a configurar a base econômica da região.
O cultivo da erva–mate foi intensificado e se tornou um produto de muito interesse nos mercados coloniais. Posteriormente, estabeleceu-se como grande indústria, sendo um dos principais produtos de exportação no comércio colonial.
Com a introdução do gado, surgiram grandes estâncias e as vacarias, como as Vacarias do Mar e dos Pinhais, no sul do Brasil. Cada povoado tinha uma vasta retaguarda pecuária, verdadeiras estâncias, como a de São Miguel, no Brasil, e de Japeju, no Uruguai, assim como várias na Argentina. Vinculada à produção da carne e do couro, estava a do leite e todos os seus derivados.
Outros produtos importantes na economia missioneira foram o trigo e o algodão. O primeiro propiciou a criação de moinhos que também abasteciam outras cidades coloniais espanholas e o segundo era utilizado nas tecelagens.
Segundo Reis (2000), a chamada “Republica Guarani” foi o primeiro estado industrial da América Latina, onde houve a primeira fundição de ferro, produziram-se os primeiros tecidos e se iniciou a criação de gado no continente, contribuindo para a vocação econômica das regiões.
IMPACTOS SÓCI-CULTURAIS
Paralela à submissão dos indígenas, os missionários iniciaram uma conquista espiritual, buscando civilizar e cristianizar os grupos de horticultores guarani da floresta subtropical, conduzindo-os à vida nas Aldeias luso-brasileiras ou nos Pueblos de Índios espanhóis. Ao criarem estes espaços de liberdade limitada e controlada, objetivaram os missionários civilizar em primeiro lugar e evangelizar, posteriormente, os grupos étnicos locais.
A República Guarani foi uma sociedade fraternal organizada segundo os princípios cristãos, onde o espírito comunitário estava presente na estrutura, no regime de propriedade, nos modos de produção e distribuição e em todas as suas instituições. Os costumes eram puros, as principais necessidades humanas eram satisfatoriamente atendidas.
Inexistia o Estado tal como hoje e tampouco a divisão em classes sociais. O apoio à produção e à criatividade eliminava qualquer possibilidade de monopólio ou controle da oferta. De cada indivíduo exigia-se o esforço e o trabalho segundo a sua capacidade e a cada um era destinada a produção conforme a sua necessidade, o que, após a saída dos jesuítas , inviabilizou a tentativa de introduzir a propriedade privada fracassou, pois os índios já estavam acostumados a produzir em comum nas terras indivisas, mantendo garantida sua sobrevivência, além do excedente comunitário.
Não se pode ignorar a complexidade do processo histórico que deu origem à sociedade americana colonial, a partir de seus segmentos indígena e europeu. Não nos basta afirmar simplesmente que houve miscigenação, quando as duas sociedades entraram em contato. Esta nova sociedade apresenta uma série de elementos sócio-culturais específicos.
As sociedades ibéricas que invadiram e colonizaram esta América ainda indígena, estabeleceram formas diferenciadas de relações sócio-culturais com estas variadas populações indígenas. Umas foram escravizadas e dizimadas, outras foram cooptadas como aliadas ou simplesmente ignoradas, para só serem contatadas recentemente.
Os missionários tiveram mais sucesso por serem já estes grupos habituados à vida em aldeias e à produção dos alimentos. Mesmo assim, com as contínuas agressões dos indígenas não submetidos e os ataques dos escravagistas, muitas destas tentativas das diversas ordens religiosas fracassaram, provocando inclusive a morte de alguns missionários.
Tiveram um grande e importante progresso material e cultural, principalmente na primeira metade do século XVIII, originando pequenas cidades muito ativas e povoadas no conjunto por mais de 150.000 indígenas. Uma experiência humana extraordinária levou estas populações a uma situação absolutamente nova. Segundo a documentação histórica da época, jesuítica e administrativa, modificou-se substancialmente o seu modo de vida.
As contribuições da Arqueologia Histórica, no caso dos sítios arqueológicos no Rio da Prata, oportunizam novas interpretações principalmente em relação a alguns aspectos básicos. E abrem novas perspectivas para as interpretações que podemos sugerir para nossas cidades coloniais de fronteira.
Em primeiro lugar, permite compreender melhor o processo de colonização, seus impactos, seus contatos e seus resultados. As relações de contato cultural e de miscigenações interétnicas, em meio aos complexos processos de ocupação e povoamento, talvez tenham sido os aspectos mais evidenciados pelas pesquisas arqueológicas. Descobriu-se, na bacia do Prata, um mundo colonial dinâmico em sua agitada história política e próspero em sua história econômica.
Assim, grupos extensos das populações que habitaram estas frentes de colonização, sem ter acesso à história escrita pelas elites da época, puderam ter suas histórias escritas pelos arqueólogos, a partir dos dados materiais da cultura, não apenas os aspectos tecnológicos dos meios de produção, mas igualmente os aspectos relativos à saúde e às epidemias, os problemas de produção e consumo alimentar, etc.
Um dos mais importantes aspectos destacados pelas pesquisas arqueológicas, sem dúvida, refere-se às realizações culturais. Os territórios conquistados são de fato “novos mundos”, onde o dinamismo dos colonizadores, aliados ao das populações nativas, se materializou em realizações culturais grandiosas , em fronteiras com historicidades tão ricas e variadas como a das metrópoles.
Ao longo dos séculos o que se pode perceber é que todas as frentes de colonização foram palcos em que ocorreram múltipas e complexas interações entre nativos e conquistadores coloniais. Novos tipos de contatos interétnicos, de intercâmbios culturais e de trocas comerciais ocorreram. Eles não envolveram apenas etnias como um todo, mas evidenciaram também as especificidades das relações entre os povos instalados nas colônias com as cidades de onde se originaram, as metrópoles.
A Arqueologia Histórica nos mostra como os elementos materiais da cultura dos sítios arqueológicos urbanos são importantes para podermos recuperar informações sobre esta problemática extraordinária que são as historicidades entre fronteiras.
TURISMO
No Sul, além de praias, cidades serranas e belezas naturais únicas em todo o Brasil, no inverno ou no verão, pode ser visitado um “país” diferente, esquecido pelos livros de história, marginalizado pelos roteiros turísticos tradicionais e muito pouco conhecido em quase todo o Brasil: A República Guarani, que ocupou áreas dos atuais Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, e ainda do Paraguai, Argentina e Uruguai, onde foram edificadas dezenas de reduções, as missões, que levaram, para as selvas do Cone-Sul, sob o comando dos padres jesuítas, o esplendor da arte européia e um desenvolvimento urbano que muitas cidades ainda não conhecem, já passado tanto tempo.
O turismo é uma alternativa importante para o desenvolvimento integrado deste território, uma vez que a região é considerada como um dos principais corredores histórico-culturais internacionais do mundo.
O Circuito Internacional das Missões Jesuíticas foi lançado em Santo Ângelo (1995), Havana (1997) , Recife e Londres (1998), como o primeiro Roteiro Turístico oficial do Mercosul e declarado pela UNESCO como um dos quatro roteiros históricos internacionais mais importantes do mundo.
Entre seus objetivos estão: divulgar a história dos Trinta Povos Missioneiros, resgatar as obras realizadas pela comunidade Jesuítico-Guarani, consolidar a região como polo turístico internacional, resgatar e transmitir os valores culturais e regionais às futuras gerações, valorizar e preservar o patrimônio regional, constituir-se em uma alternativa para o desenvolvimento regional.
Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, às margens dos rios Paraná e Iguaçu, é considerado o epicentro deste roteiro, por estar estrategicamente localizado no centro desses territórios, fazendo fronteira com Paraguai e Argentina e integrando o Mercosul
O Parque Nacional do Iguaçu foi palco da história dos guaranis, através do período de passagem, quando vinham da região do Guairá, deslocando-se para a Argentina. O Parque Nacional do Iguaçu, no espaço explorado da Trilha do Poço Preto, está protegido para estudos, pois há presença de arqueologia e vestígios dos índios guaranis.
Tendo como cenário terras argentinas, brasileiras e paraguaias, o Roteiro Iguassu-Misiones é o primeiro roteiro turístico do Mercosul, onde o turismo é uma alternativa importante para o desenvolvimento integrado deste território, já que a região é considerada como um dos principais corredores histórico-culturais internacionais do mundo.
O pleno desenvolvimento deste potencial passa, necessariamente, pela construção de uma visão comum, uma meta clara onde se queira chegar e estabelecer os passos para alcançá-la, a partir de planos de gerenciamento e gestão integrados. Percebendo o imenso potencial desta vasta região, disposta de forma compartilhada entre os países envolvidos no Roteiro, implantou-se um processo integrado, que possibilitasse ampliar os resultados positivos do turismo. Prova disso, é a existência de nove locais tombados como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, na Argentina, no Brasil e no Paraguai.
Hoje o cenário começa a mudar, a partir da iniciativa conjunta entre o Ministério do Turismo do Brasil e o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. A região foi escolhida para representar o Sul do Brasil na Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização, dando um novo rumo para o processo de integração.
O roteiro possui um valioso patrimônio histórico-cultural, representado pelos remanescentes da cultura Jesuítico-Guarani, dentre os quais destacam-se vários sítios arqueológicos tombados pela UNESCO (São Miguel das Missões, São Ignácio, Santa Maria, Loreto, Jesus, Trinidad). Somente para o sítio de São Miguel das Missões, no Brasil, convergem em torno de 70 mil turistas/ano.
..llTodas as noites ocorre nas ruínas o espetáculo de “Som e Luz”, um dos principais atrativos do turismo missioneiro na região. Sentado de frente para a igreja, numa arquibancada construída no meio do sítio arqueológico, o espectador assiste a um show de luzes que mostra onde ficavam as antigas estruturas da redução (casa dos índios, cemitério, olaria…) ao som de uma locução cheia de efeitos, sob uma interpretação dramática da história das Missões, desde seu início até os sangrentos últimos dias. Artistas da televisão brasileira emprestam suas vozes a alguns dos principais personagens históricos da saga missioneira.
A presença indígena no local não se resume apenas a um passado distante. Hoje vivem cerca de 200 guaranis na região, numa reserva criada recentemente a 30 Km de São Miguel das Missões. Lá eles procuram garantir sua sobrevivência física e cultural, através da caça e da manutenção de plantações tradicionais, entre outros hábitos típicos. Os guaranis frequentam regulamente a cidade, inclusive vendendo artesanato dentro das ruínas.
…. Outro importante monumento é o Santuário de Caaró, a 35 km da cidade de São Luiz Gonzaga. Muito visitado por romeiros, ele marca o local onde foram mortos os padres Roque Gonzales e Afonso Rodrigues, pioneiros na catequese de índios na região.
…… A redução de San Ignácio Mini é o principal atrativo do turismo missioneiro argentino. Fundada em 1611, ela ficava originalmente num território que hoje pertence ao estado do Paraná. Em sua localização definitiva, San Ignácio Mini chegou a abrigar mais de 4 mil habitantes. O sítio arqueológico tem o maior conjunto urbano preservado das Missões, e permite uma boa noção dos diversos ambientes e espaços que constituíam as reduções jesuítico-guaranis (pátio central, igreja, casa dos índios, cemitério, etc.). Às vezes, a sensação é de estar caminhando numa cidade fantasma. Ao lado da redução é mantido um museu com peças de artesanato esculpidas pelos indígenas e trabalhos artísticos do período missioneiro.
Além de San Ignácio Mini, vestígios de outras três reduções (Santa Ana, Loreto e Santa Maria Maior) podem ser visitados na Província de Misiones. Porém muito pouco sobrou para ser visto nestas três localidades.
. .O sítio arqueológico de Trinidad, a 25 km de Encarnación, é o principal do Paraguai, e talvez o mais bonito de todos os que ainda restam. Fundado em 1706, é considerado um exemplo do avanço arquitetônico das Missões em sua fase final. A redução conserva estruturas como a cripta, a pia batismal e o púlpito, além do resto de duas igrejas. São impressionantes os detalhes das paredes e portas esculpidas em pedra, além das imagens sacras decapitadas (provavelmente pela ação de saqueadores), que se encontram perto da igreja principal. Também estão conservadas escadas da estrutura original, permitindo caminhar pelos patamares da redução e admirar a região e as próprias ruínas vistas de cima.
CONCLUSÃO
Segundo Tau Golin, jornalista e doutor em História, o projeto missioneiro consubstanciou a projeção da sociedade europeia na América colonial. Do ponto de vista geopolítico, as Missões constituíram um bloqueio espanhol ao expansionismo lusitano, em uma aliança com o indígena, no geral ameaçado pelo mesmo inimigo, o bandeirante, cujas bandeiras e entradas aumentavam os domínios de Portugal e escravizavam especialmente o guarani agricultor, mão de obra valorizada nas lavouras.
Tau Golin considera a Província Jesuítica do Paraguai a mais consistente alternativa social do período colonial porque, na aliança entre projeto colonial da catequese de fronteira, com o fechamento à contaminação colonial pela presença do povoador no mundo missioneiro, e a preservação da estrutura social e de ocupação do espaço do indígena, se potencializou uma sociedade planejada mediada por dois coletivos, as propriedades da corporação da igreja e a da família extensa indígena tradicional.
Segundo Tau, o que motivou a deflagração da Guerra Guaranítica (1753-1756) foi geopolítica. As coroas ibéricas queriam organizar as fronteiras entre seus domínios, causas de guerras que exauriam Portugal e Espanha e assinaram o Tratado de Madri. Na América do Sul, procuraram solucionar um foco de tensão, a Colônia do Santíssimo Sacramento, à margem do Rio da Prata. Ela era um enclave português, local de interesses internacionais para a prata e o ouro das minas espanholas, que desciam pelos vias rios Paraná e Paraguai, além do comércio de diversas formas. A solução foi trocar a Colônia do Sacramento por sete cidades e terras missioneiras existentes a oriente do rio Uruguai (atual Rio Grande do Sul e norte do Uruguai), que eram parte da Província Jesuítica do Paraguai, território espanhol. Embora a Companhia de Jesus procurasse tirar os artigos que determinavam a permuta, os reinos os mantiveram e as comissões demarcatórias vieram executar o Tratado. No lugar, Portugal projetara formar a Província das Missões, com açorianos, que já estavam nos portos de Viamão (Porto Alegre), de Rio Grande e de Santa Catarina, aguardando para ocuparem seus lotes, além de paulistas, que esperavam espalhados pelo caminho de Vacaria.
Ocorreu, assim, a Guerra Guaranítica em duas campanhas militares, o primeiro em 1754 e, o outro em 1756. Mas foi a Batalha de Caiboaté, 10 de fevereiro de 1756, derrotou completamente os sublevados. Com os missioneiros já derrotados, os oficiais das tropas regulares, com muito custo, inclusive com execuções, conseguiram conter a mortandade guarani. A causa principal foi a presença de “paisanos”, a soldo dos latifundiários de Santa Fé e Corrientes, e outros particulares, com base no contrato de saque feito com os generais ibéricos. Poucos conseguiram fugir.
Tau Golin considera a Guerra Guaranítica como o tema mais trágico da história missioneira. Derrotados os guarani rebeldes, os espanhóis iniciaram o processo de translado, isto é, a retirada dos missioneiros do território para entregá-lo a Portugal. Os grupos indígenas se dividiram. Algumas famílias concordavam, milhares seguiam escoltadas, mas, logo, retornavam às suas cidades, às estâncias e chácaras, ou refugiavam-se no mato
Gradativamente, a corrupção, a venda das terras indígenas para particulares, a invasão de aventureiros e a formação de latifúndios pelos militares que se converteram em estancieiros transformaram o espaço missioneiro num povoamento colonial, com a posse da terra transferida para particulares, além da propriedade do Estado das cidades, cujos prédios indígenas, mas tarde, foram arrendados e depois vendidos. As habilidades dos missioneiros em diversos ofícios, integraram-nos na sociedade colonial. Boa parcela continuou com o sistema de famílias aldeadas, ou em acampamentos, reintegrando-se ao sistema de aldeias tradicionais. Entretanto, no geral, eram grupos intermediários entre a aldeia tradicional e a sobrevivência ao mundo colonial, vivendo em suas proximidades e em contato com ele, para o qual, aos poucos, foram convergindo e formando seus extratos subalternos.
A experiência de organização social missioneira dos séculos XVII e XVIII marcou as gerações futuras. Quando alguém se diz missioneiro, contemporaneamente, está tomando duas heranças, em conjunto, ou de maneira separada: a da guaranização/indianização, sucedânea étnica e cultural mestiça; ou patrimonial, como ser de um espaço simbolizado pelo passado jesuítico-indígena. São aspectos do fronteirismo brasileiro, uruguaio, argentino e paraguaio.
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¹ – BIANCA TRINDADE DA FONSECA possui graduação em História Licenciatura Plena pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Santiago /RS(2009). Graduação no Programa de Pós-graduação e Especializa em Coordena Pedagógica e Supervisão e Gestão Educacionais da Universidade Luterana do Brasil – Santiago (2011).