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Educação a Distância, Sociedade, Tecnologia e Ensino: uma nova cultura educacional na minimização do espaço e na democratização do acesso ao Ensino Superior

Educação a Distância, Sociedade, Tecnologia e Ensino: uma nova cultura educacional na minimização do espaço e na democratização do acesso ao Ensino Superior.

 

Silvio Profirio da Silva*

 

Resumo: Nas últimas décadas, a sociedade tem vivenciado grandes avanços tecnológicos. Esses avanços têm se refletido no âmbito educacional, o que ocasionou o surgimento de uma nova modalidade de ensino: a EaD. Essa modalidade, nos últimos anos, propagou – se em nosso país, ocasionando a minimização do espaço, na medida em que chega a diversas cidades de interior. Este trabalho tem por objetivo abordar o importante papel das Universidades Federais na democratização do acesso ao Ensino Superior, por meio da EaD.

Palavras – chaves: Sociedade, tecnologia, ensino, democratização. 

RESUMEN: En las últimas décadas, la sociedad ha experimentado grandes avances tecnológicos. Esos avances se han reflejado en el contexto educativo, lo que llevó a la aparición de una nueva modalidad de la educación: La EaD. Esa modalidad, en los últimos años, se extendió – en nuestro país, lo que conduce a la minimización de espacio, ya que llega varias ciudades del interior. Este trabajo tiene como propósito abordar el importante papel de las universidades públicas en la democratización del acceso a la educación superior, a través de la EaD.

PALABRAS CLAVE: sociedad, tecnología, educación,democratización 

 

  

Introdução

O século XX presenciou um intenso desenvolvimento tecnológico. Com isso, a sociedade tem vivenciado grandes avanços tecnológicos. Tais avanços têm se refletido em diversos âmbitos da sociedade, ocasionando a reconfiguração das relações sociais (CARVALHO, 2006). Contudo, esses avanços não se restringem ao âmbito da comunicação, mas também abrangem o educacional. O que ocasionou o surgimento de nova modalidade de ensino: a EaD. Nos últimos dez anos, tal modalidade difundiu – se no Brasil, propiciando a minimização do espaço, na medida em que chega a diversas cidades de interior aonde o ensino superior presencial não chega. O que amplia a atuação das universidades nas regiões interioranas, democratizando, assim, o acesso à instituição pública de Ensino Superior. O que está em sintonia com Carvalho (2006, p. 4), que diz “a Educação a Distância assume um papel fundamental neste novo século na disseminação do conhecimento, propiciando a acessibilidade aos que estão excluídos do processo de educação formal”. Dentro dessa perspectiva, a EaD surge como recurso de democratização do acesso ao ensino superior.

Nos últimos anos, a temática do ingresso às instituições públicas de ensino superior tornou – se objeto de inúmeras discussões. Tal questão engloba diversos aspectos, como, por exemplo: a questão do espaço que, em muitos casos, limita esse acesso, uma vez que diversas pessoas residem em cidades distantes onde não há oferta de cursos superiores. E, quando há, a quantidade de vagas não é suficiente para atender a todo o público. O desejo de ingressar em uma universidade pública mobiliza uma grande quantidade de pessoas todos os anos. Entretanto, nem todas conseguem realizar essa faceta, sobretudo as que residem em cidades de interior. Há vários anos, uma grande quantidade de jovens que residem em cidades interioranas seguem uma mesma rotina: terminam o Ensino Médio e não têm a oportunidade de ingressar no ensino superior. No entanto, tal situação está mudando com a expansão das universidades públicas federais para diversas cidades de interior, por meio de cursos presenciais e, sobretudo, a distância. Tal situação ocorre em diversos estados brasileiros. No estado de Pernambuco, por exemplo, as quatro principais instituições públicas de ensino superior (IFPE, UFPE, UFRPE e UPE) têm se expandido para diversas cidades interioranas, oferecendo cursos que abrangem desde o Ensino Técnico até a Pós-Graduação, na modalidade EaD.

Com base nas contribuições teóricas de Almeida (2003), Carvalho (2006), Lévy (2001), Perrenoud (1999), Xavier (2007), entre outros, este trabalho tem por objetivo abordar o importante papel das Universidades Federais na democratização do acesso ao Ensino Superior, por meio da EaD. Decorrente deste, pretende – se: abordar o impacto das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no contexto educacional, o que ocasiona o surgimento de uma nova cultura educacional; verificar qual a concepção dos alunos dos Cursos de Graduação da UFRPE sobre essa modalidade de ensino e se tal concepção é fundamentada.

As novas salas de aula do século XXI: o Ambiente Virtual de Aprendizagem

 

O Ensino a Distância não é algo recente na educação brasileira. Todavia, ocorreram, no decorrer dos últimos anos, diversas mudanças em sua estrutura.
Nos últimos dez anos, percebeu – se uma adesão substancial ao ensino superior, sobretudo, no que concerne aos cursos de licenciatura. Outra mudança significante diz respeito aos recursos didáticos. Inicialmente, o EAD estava voltado para o ensino técnico ou à qualificação profissional. Nos últimos dez anos, percebe – se uma adesão substancial ao ensino superior, sobretudo, no que concerne aos cursos de licenciatura. Outra mudança significante que ocorreu na estrutura dessa modalidade diz respeito aos recursos didáticos. Atualmente, o processo de ensino aprendizagem se dá por meio de recursos digitais, como: CD e DVD. E, acima de tudo, por meio dos virtuais, tais como: internet, vídeoaulas ou vídeo conferencia. Além de usar o uso do material impresso e tutoria.

Há alguns anos, o EaD utilizava como suporte didático o material impresso, as fitas de áudio ou de vídeo, que eram distribuídos por meio de correspondência. Essas mudanças evidenciam a intensificação do uso das tecnologias da informação e da comunicação no âmbito educacional. A partir da mudança da correspondência para os recursos virtuais, ocorre a disseminação de tal modalidade em diversos estados brasileiros. Destacamos, sobretudo, a substituição da sala de aula tradicional pelos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). “Na cultura de EaD on-line, as chamadas plataformas de aprendizagem constituem o espaço onde se dá o processo de ensino – aprendizagem”. (LUCIANO, 2008, p. 3) Eles podem ser definidos como sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento (ALMEIDA, 2003).  Dentre eles, destacamos o Moodle. Todos esses fatores ocasionam uma nova estrutura para o Ensino Superior Público no Brasil.

No contexto das mudanças ocasionadas pelo processo de globalização, essa nova forma de aquisição de conhecimento representa a inserção das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) no contexto educacional, o que ocasiona o surgimento de novas perspectivas para o ensino. Em outras palavras, a EaD representa um novo modelo de aprendizagem, na medida em que ocasiona mudanças significativas na estrutura da educação formal. O que está em sintonia com Lévy (2001, p.98 Apud CARVALHO, 2008, p. 6), que diz “o uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa acompanha e amplifica uma profunda mutação na relação com o saber”. Nesse sentido, a EaD representa o contexto das mudanças e da inclusão de novas tecnologias da informação e comunicação no processo de ensino – aprendizagem, o que ocasiona uma nova estrutura de construção da aprendizagem no Ensino Superior Público Brasileiro.

 Metodologia

Para a realização deste trabalho, foi feito um levantamento bibliográfico acerca do Ensino a Distância, relativo à sua história e à sua utilização no Ensino Superior. Em seguida, tivemos interesse em verificar qual a concepção dos alunos dos Cursos de Graduação da UFRPE sobre essa modalidade de ensino e se tal concepção é fundamentada. Para isso, foi realizada entrevista com 44 alunos de tal instituição. Participaram da entrevista alunos dos Cursos de Licenciatura em: Ciências Biológicas, Física, História, Letras, Pedagogia e Química. O contato se deu por meio dos Grupos do Yahoo e comunidades dos respectivos cursos do site de relacionamento Orkut.

Resultados

 

Os resultados obtidos, a partir das entrevistas realizadas, apontam que a EaD ainda enfrenta preconceito. Dos 44 entrevistados, 27 avaliam essa modalidade de forma negativa, 13 avaliam positivamente e 4 optaram por não avaliar, em função de desconhecer tal modalidade. Entretanto, os resultados, também, demonstram que a concepção da maior parte dos que opinam de forma negativa não é fundamentada. Desse quantitativo, 18 nunca leram trabalhos publicados sobre essa temática, não fez e não conhece alguém que já fez cursos em tal modalidade. Por outro lado, essa situação não acontece com os que avaliam positivamente.  Desse quantitativo, 11 participantes já leram publicações acerca da temática em foco e 5 conhecem alguém que já fez cursos nessa modalidade.

Considerações Finais

 

Diante desses resultados e dos estudos realizados, podemos enfatizar que a EaD ainda enfrenta preconceito, no que diz respeito a diversos aspectos. Um dos principais aspectos que é alvo de críticas refere – se ao o apostilamento, no qual disponibiliza – se uma grande quantidade conteúdos teóricos por intermédio da internet, em que o aluno aprende por si mesmo.  Não se pode negar que tal postura ainda existe em diversos cursos dessa modalidade e, em especial, que ela tem contribuído de forma significativa para que tal modalidade seja desacreditada, no que tange à qualidade de ensino. Contudo, as propostas educativas da maior parte dos cursos dessa modalidade trabalham com base na perspectiva da interação entre os atores sociais que compõem esse novo modelo educacional. O que está em sintonia com (PIAGET; INHELDER, 1976) que “afirmam que a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais. A reciprocidade de pensamento entre os interlocutores é condição para a construção do conhecimento”. Apesar desses dados, a expansão de tais instituições, por meio dos cursos EAD, exerce um papel de fundamental importância na minimização do espaço e, acima de tudo, da exclusão social. Nesse sentido, é inquestionável o papel dessas instituições na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Em função disso, ocorre sua expansão para diversas cidades onde o acesso ao Ensino Superior representa a possibilidade de ascensão social, profissional e, sobretudo, a inclusão social.

 

Referências

 

ALMEIDA M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Revista Educação e Pesquisa, v. 29, n. 2. São Paulo, FE/USP, jul/ dez. 2003.

CARVALHO, Ana Beatriz. A Educação a Distância e a Democratização do Conhecimento. In: CARVALHO, Ana Beatriz. (Org.).Educação a Distância. 22 ed. Campina Grande: UEPB, 2006, v. 1, p. 47-58.

_____. A Educação a Distância e as Novas Tecnologias na Formação de Professores na Perspectiva dos Estudos Culturais. In: Colóquio Brasileiro Educação na Sociedade Contemporânea, Campina Grande, 2008.

_____. Concepções de Aprendizagem e o Uso da Tecnologia na Educação a Distância: Das Máquinas de Ensinar ao Conceito de Aprendizagem Colaborativa. In: Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste, 2009, João Pessoa. Educação, Direitos Humanos e Inclusão Social. João Pessoa: Editora UFPB, 2009.

FREIRE, Jerônimo. Por onde caminha o Ensino Superior no Brasil? Disponível em: http://universia.com.br/materia/imprimir.jsp?id=12942. Acesso em: 10 jan. 2010.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: UNESP, 1999. Cortez, 2001. In: CARVALHO, Ana Beatriz. A Educação a Distância e as Novas Tecnologias na Formação de Professores na Perspectiva dos Estudos Culturais. In: Colóquio Brasileiro Educação na Sociedade Contemporânea, Campina Grande, 2008.

LUCIANO, Dilma T. Letras a Distância: a apropriação de uma nova cultura educacional. In: 2º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias na Educação, 2008. Anais do 2º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias na Educação, 2008. Homepage: http://www.ufpe.br/nehte/simposio2008/anais/Dilma-Luciano.pdf Acesso em: 10 jan. 2010.

 

PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre, Artmed Editora, 1999.

PIAGET, J. e INHELDER, B. Da Lógica da Criança à Lógica do Adolescente. São Paulo: Pioneira, 1976.

XAVIER, Antonio C. As Tecnologias e a aprendizagem (re) construcionista no século XXI. Hipertextus Revista Digital, Recife, v. 1, 2007. Disponível em: http://www.hipertextus.net/volume1/artigo-xavier.pdf. Acesso em: 13 dez. 2009.

Como citar:

SILVA, Silvio P. Educação a Distância, Sociedade, Tecnologia e Ensino: uma nova cultura educacional na minimização do espaço e na democratização do acesso ao Ensino Superior. P@rtes. Disponível em: http://www.partes.com.br/educacao/eadnoensinosuperior.asp. Março de 2011.

[1] Aluno do Curso de Licenciatura em Letras da UFRPE. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET e Bolsista do Programa Conexões de Saberes da UFRPE: diálogos entre a universidade e comunidades populares. E-mail: silvio_profirio@yahoo.com.br

 

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