Eliziane Tainá Lunardi Ribeiro*
publicado em 12/02/2011 como <www.partes.com.br/educacao/avaliacaoescolar.asp>
Resumo
As perspectivas e desafios sobre avaliação escolar, que serão brevemente apresentadas nesse artigo, têm o intuito de tentar apontar caminhos, e não apenas mostrar o que está ocorrendo de maneira equivocada na avaliação escolar. A pesquisa caracteriza-se como sendo de cunho bibliográfico. A avaliação escolar ainda é percebida de maneira “quantitativa”, sendo reduzida a números, porém se faz necessário que a avaliação, que seja compreendida como um processo de ensino e aprendizagem, que ocorrem de forma contínua, cumulativa e sistemática.
Palavras – chave: Avaliação Escolar, Aspectos quantitativos, Aspectos qualitativos, Educandos.
Abstract
The prospects and challenges in educational assessment, which will be briefly outlined in this article are intended to point out ways to try and not only show what is going wrong in the way of school evaluation. The research is characterized as a bibliographic. The school evaluation is still viewed in a “quantitative” numbers are low, but it is necessary that the assessment, which is understood as a process of teaching and learning that occur in a continuous, cumulative and systematic.
Key – words: School Assessment; quantitative aspects, qualitative aspects; Pupils.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente artigo tem como objetivo, apresentar reflexões acerca da avaliação escolar desafios e perspectivas que permeiam esse processo, um caminho contínuo, e que ocorre em um ambiente de constante mutação, a escola. Será sobre este ambiente que a discussão da investigação se dará.
A pesquisa caracteriza-se como sendo de cunho bibliográfico, que busca localizar e consultar diversas fontes de informações escritas, para coletar dados gerais e específicos a respeito do tema a ser pesquisado. Esse tipo de pesquisa reúne um conjunto de autores para a discussão da temática da pesquisa. O intuito do estudo acerca da avaliação escolar através da pesquisa bibliográfica é conseguir um maior subsídio teórico e assim adquirir um esclarecedor entendimento sobre a avaliação escolar.
A avaliação ainda é percebida de maneira “quantitativa”, sendo reduzida a números, porém se faz necessário que a avaliação, seja compreendida como processo de ensino e aprendizagem, que ocorrem de forma contínua, cumulativa e sistemática, e não apenas como resultado final. A avaliação precisa ser realizada em coerência com o currículo e o planejamento, mas para que desenvolvam atividades pedagógicas significativas para os educandos os educadores precisam incorporar a realidade deles no ensino desenvolvido na escola.
Repostas que não são exatas e assim não correspondem ao desejado pelos educadores, são consideradas como “erros”, e não como hipóteses demonstradas pelos alunos no processo de aprendizagem, é preciso que o educador considere os “erros” dos alunos como “ferramentas para ensinar”, pois assim estará desenvolvendo a avaliação de maneira coerente, considerando o processo de aprendizagem desse sujeito e não apenas o resultado final.
O educando que compreende através do educador que a avaliação é um processo de continua construção, consegue com o tempo e com o auxilio do educador identificar quais são seus pontos “fortes” e o que ainda precisa “melhorar”, assim desenvolve-se a noção de uma atitude crítica sobre o seu aprendizado, pratica a auto-avaliação, que serve para o educador e o aluno, estarem constantemente refletindo sobre suas potencialidades e reconhecendo suas aptidões.
Avaliação Escolar – Abordagens preliminares
O processo da avaliação escolar tem sido associado a um ato mecânico, instrumental, como realizar provas, exames, atribuir notas, repetir ou passar de ano escolar, sendo assim está associada apenas a um “resultado final”, uma “meta” a ser estabelecida pelos educadores e alcançada pelos alunos. Deste modo surgem os alunos aptos, e os inaptos, os nota 10 (dez) e os nota 0 (zero), e dessa maneira a avaliação torna-se excludente, classificatória, afirmando que a aprendizagem dos mesmos pode ser medida, e classificada.
A avaliação ainda é compreendida como o resultado da memorização de informações prontas que os alunos receberam dos educadores, a avaliação compreendida dessa maneira acaba por reduzir o aluno a um mero codificador, decodificador de conhecimentos, sem considerá-lo com um ser ativo e dinâmico, que participa da construção de seu próprio conhecimento.
Faz-se necessário que a avaliação, seja compreendida como processo de ensino e aprendizagem, que ocorrem de forma contínua, cumulativa e sistemática.
A avaliação permeia todo o ato de planejar e de executar e, dessa forma, contribui em todo o percurso da ação. Necessária para a construção crítica de um percurso, a avaliação é uma ferramenta importante no redimensionamento daquilo que foi planejado. Pois,
A avaliação é uma reflexão transformada em ação. Ação, essa, que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade, e acompanhamento passo a passo, do educando, na sua trajetória de construção do conhecimento. Um processo interativo, através do qual educandos e educadores aprendem sobre si mesmos e sobre a realidade escolar. (HOFFMANN, 1993, p. 18).
Durante todo o processo em que ocorre o planejamento, o educador precisa perceber as manifestações dos conhecimentos que o aluno traz de suas vivências extra-escolares, e as relações que constrói com os novos conteúdos que está aprendendo. Pois assim a avaliação vai estar presente em todo o processo de construção de saberes do aluno.
Infelizmente ainda existem educadores que não valorizam os conhecimentos que os estudantes trazem de suas vivências no cotidiano, o que acaba causando uma desmotivação quase que total desses sujeitos, pois suas vivências não são relacionadas com a aprendizagem que lhes é exigida no ambiente escolar. Sobre isso Esteban (2001) afirma que, a forma pela qual o saber e o não saber são vividos no cotidiano escolar torna-se relevante para a compreensão dos mecanismos que possibilitam a construção do “sucesso” de alguns e o “fracasso” de muitos. Os saberes construídos fora do contexto escolar perdem sua validade na escola, uma vez que só são valorizados os padrões determinados pela instituição. Para Perrenoud (2000, p.24), “o professor da pedagogia tradicional está criando uma situação de aprendizagem, mas, na verdade, o que está ocorrendo é o ensino do compreenda e apreenda quem puder” (grifo meu).
O Currículo na Avaliação Escolar
Refletir sobre a avaliação escolar é rever as concepções de ensino aprendizagem, de educação e de escola, apoiado em princípios e valores comprometidos com a constituição de um aluno cidadão. A autora Deise Dias (2000) assegura que “a experiência de trabalho confronta com o saber exigido da escola, bem como a aprendizagem escolar convoca o saber do trabalho”. Acredita-se que a escola possa articular esses saberes e para que consiga atingir tal objetivo seja necessário que a escola promova atividades que problematizem questões do dia-a-dia, mas que isso não fique só ao nível do discurso, que os alunos sejam envolvidos nesse processo.
Gardner ao se referir à avaliação escolar, certifica que a menos que sejamos capazes de avaliar a aprendizagem que ocorre em diferentes domínios, e através de diferentes processos cognitivos, as melhores inovações curriculares estão destinadas a permanecer inutilizadas (GARDNER, 1995, p. 71).
No currículo escolar é importante observar que nele reflete todas as experiências em termos de conhecimento que serão proporcionados aos alunos. O currículo, junto com o planejamento, a avaliação precisam ser compreendidos como ações imbricadas, que são centrais no processo da educação institucionalizada. Hoje os conteúdos que constituem o currículo escolar, correspondem apenas ao que é necessário saber em um processo seletivo como, por exemplo, Vestibular, sendo muito distantes dos saberes necessários para a vida.
Auto-avaliação na Avaliação
O educando que compreende através do educador que a avaliação é um processo de contínua construção, consegue com o tempo e com o auxilio do educador identificar quais são seus pontos “fortes” e o que ainda precisa “melhorar”. Concorda-se com Hoffmann (1993, p. 21), quando afirma que “a avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo para se tornar na busca incessante de compreensão das dificuldades do educando e a dinamização de novas oportunidades de conhecimento”.
Assim para a o processo de ensino aprendizagem ocorrer de maneira dialógica é necessário proporcionar a auto-avaliação para os educandos, pois desenvolvem a noção de responsabilidade e atitude crítica começando pela apreciação de si mesmo, de suas conquistas e do que ainda precisa alcançar, assumindo assim o compromisso com a sua aprendizagem. A auto-avaliação serve para o educador e o educando, estarem constantemente, refletindo sobre suas potencialidades, e reconhecendo suas aptidões. Gardner (1995, p.30), afirma que “torna-se importante considerar os indivíduos como uma coleção de “aptidões”, e não como tendo uma única faculdade de solucionar problemas”.
O educando precisa quando estiver diante de uma situação em que não conseguiu atingir o que pretendia, avaliar e perceber as conquistas que conseguiu para chegar até ali, e notar que apesar de não ter atingido o que pretendia, conseguiu diversas aquisições, e que nesse momento pode contar com seu educador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações apresentadas nesse artigo sobre a avaliação escolar, não se encerram na conclusão desse texto, pois aqui foram brevemente apresentadas perspectivas e desafios que fazem parte do contexto em que ocorre a avaliação escolar.
A escola é um espaço heterogêneo, constituído por várias realidades de seus educandos e educadores. Por ser um espaço tão diversificado, faz-se necessário que suas práticas pedagógicas estejam sendo diariamente refletidas e problematizadas pelos educadores, alunos, famílias, comunidade, enfim todos os envolvidos com a educação.
Assim a avaliação escolar, precisa deixar de priorizar o “quantitativo”, para valorizar o “qualitativo”, infelizmente as instituições de ensino estão dedicando o ensino de seus alunos apenas para provas seletivas, atingir pontuações em rankings, alcançar metas, enfim a avaliação escolar ainda é reduzida a números, notas, como se todas as manifestações de ensino–aprendizagem dos alunos pudesse ser “medida” através desses numerais.
A avaliação escolar, em conjunto com o planejamento, currículo, precisam ser organizados, e executados em conjuntos para que assim os educadores consigam desenvolver práticas educativas articuladas, tendo o educando como o sujeito mais importante em todo o processo educacional.
Avaliar está muito longe de ser um processo fácil, rápido, avaliar é dinamizar oportunidades de ação-reflexão, o educador como mediador do conhecimento, precisa ter atenção, ter uma compreensão diferenciada do que é avaliação, para que possa perceber todas manifestações do educando durante o caminho pelo qual ele percorre em suas construções do saber, ou seja, é necessário considerar seu aluno em sua inteireza, proporcionar reflexões acerca do mundo, formando seres críticos, criativos e participativos na construção do saber.
REFERÊNCIAS:
DIAS, Deise de Souza. Jovem aluno trabalhador do ensino médio: a articulação entre trabalho e educação. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: Faculdade de Educação/UFMG, 2000.
ESTEBAN, Maria Teresa. “Avaliação no cotidiano escolar”. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
GARDNER, Howard. Inteligêncis Múltiplas: a teoria na prática. Proto Alegre: Artes Médicas, 1995.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mito e Desafio: uma perspectiva construtivista, 12 ed. Porto Alegre: Educação e realidade, 1993.
PERRENOUD, Philippe. Dez Novas competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
*Pedagoga, Acadêmica do Curso de Educação Especial Licenciatura Plena (UFSM), Especializanda em Gestão Educacional (UFSM) e Pesquisadora do Grupo Kairós (UFSM).
Como ser citado:
RIBEIRO, Elziane Tainá Lunardi. Avaliação Escolar: Desafios e Perspectivas. P@rtes.V.00 p.eletrônica. Fevereiro 2011. Disponível em <>. Acesso em _/_/_.
Elziane Tainá Lunardi Ribeiro é pedagoga, Acadêmica do Curso de Educação Especial Licenciatura Plena (UFSM), Especializanda em Gestão Educacional (UFSM) e Pesquisadora do Grupo Kairós (UFSM).