O CONHECIMENTO CIENTÍFICO: PARA QUEM?*
Atualmente, órgãos de fomento à pesquisa valorizam muito a produção científica de docentes e discentes no âmbito do nível superior, incluindo os cursos de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado). Tal valorização ocorre com vistas a incentivar a produção de trabalhos científicos por parte da comunidade acadêmica para que, os resultados das pesquisas venham contribuir à sociedade em geral.
Teoricamente, uma das funções da produção científica é subsidiar a tomada de decisões de políticos no que tange a solução e/ou minimização de problemas existentes nas mais diversas esferas da sociedade.
Monografias, dissertações, teses e relatórios de projetos de pesquisa são publicados aos milhares todos os anos em nosso país, tanto por instituições públicas, como por instituições privadas.
O interessante nesse contexto é a aplicabilidade do conhecimento produzido nas academias. Evidente que existem trabalhos extremamente relevantes e com grande aplicação prática. Porém, de
um modo geral o que se observa é a simples publicação científica em periódicos pouco acessados por parte das pessoas que mais necessitam dos resultados das pesquisas: as classes inferiores. Outro aspecto que merece apontamento é o fato da pouca utilização destes conhecimentos científicos por nossos representantes, nas diferentes esferas de poder (federal, estadual e municipal).
Recursos tecnológicos, conhecimentos teóricos aliados a metodologias eficazes existem sim e podem ser perfeitamente aplicadas para a solução de diversos problemas. Infelizmente no momento de existir uma ligação efetiva entre academia e tomadas de decisão (por parte dos governantes), por exemplo, o que vemos são os interesses pessoais em detrimento do bem estar da coletividade. Dessa forma, muitos trabalhos acabam nas bibliotecas, restritos a leitura de poucas pessoas se levarmos em consideração quantas pessoas poderiam ter acesso a tais conhecimentos e reivindicar propostas que já existem no plano teórico.
Nesse contexto, é importante que educadores e pesquisadores pensem na “alfabetização científica”, ou seja, na promoção do ensino pautado na cientificidade utilizando-se de linguagem adequada nos diferentes níveis de ensino. Tais atores sociais por constituírem-se a massa intelectual do país devem atuar de forma mais efetiva junto a nossos representantes para que o conhecimento científico seja efetivamente aplicado no dia-a-dia das pessoas.
*Isonel Sandino Meneguzzo (Professor da Rede Estadual de Ensino do Paraná, e-mail: imeneguzzo@hotmail.com)