Ana Carolina Rodrigues, Melânia Z. Ferronato
publicado em 01/12/2010 como www.partes.com.br/reflexao/sobremetodos.asp
Resumo
O presente artigo visou analisar alguns dos métodos utilizados para engrandecer e qualificar a dissertação de mestrado. Foi detalhado o método científico, o dedutivo, indutivo e hipotético-dedutivo. Assim Goldmann (1979, p. 21) expõe que “um método se justifica na medida em que nos permita melhor conhecer as obras que nos propusemos estudar”. É com esse interesse que este trabalho vem engrandecer a pesquisa acadêmica.
Palavras-chave: método científico, dissertação, pesquisa.
Abstract
This article aims to analyze some of the methods used to enhance and qualify the master’s degree dissertation. Was detailed the scientific, deductive, inductive and hypothetical-deductive method. So Goldmann (1979, p. 21) exposes: “a method is justified in that it allows us to better understand the work that we proposed to study.” With this concern that this work comes to enhance academic research.
Keywords: Scientific method, dissertation, research.
INTRODUÇÃO
De acordo com Galliano (1979), o conhecimento científico é resultado da investigação metódica e sistemática da realidade. Ele analisa os fatos e fenômenos verificando-os na prática, por demonstração ou experimentação, para com isso concluir leis gerais, universalmente válidas para todos os casos da mesma espécie.
Para Gewandsznajder (1989, p. 3) afirma que “o que melhor caracteriza o conhecimento científico não é o que ele estuda, mas como estuda. [..] Assim, não é o objeto de estudo que importa, mas a forma, o método pelo qual estudamos este objeto”.
A partir do momento em que o homem começou a tomar consciência do mundo exterior e a interrogar-se a respeito dos fatos da natureza, foi influenciado pelo impulso de “querer saber”. Essa pretensão por conhecimentos levou à vontade de “saber fazer”, ou seja, de descobrir os caminhos que pudessem conduzi-lo ao seu objetivo. Surgiu assim a necessidade do “método”. Etimologicamente, método é uma palavra que vem do grego methodos (meta+hodós), “caminho para se chegar a um fim” (ARAÚJO, 2000).
Logo, método é entendido como a ordem em que se devem dispor os diferentes processos necessários para se atingir um resultado desejado. Teixeira (2005) também afirma que ele é um procedimento (forma), o qual pode ser repetido para atingir-se algo, seja tangível (material) ou intangível (conceitual). Também se pode dizer que sempre “[…] há um método para testar criticamente e selecionar as melhores hipóteses e teorias e é neste sentido que podemos dizer que há um método científico” (GEWANDSZNAJDER, 1989 p. 3).
O mesmo autor afirma que “uma das características básicas do método científico é a tentativa de resolver problemas por meio de suposições, isto é, de hipóteses, que possam ser testadas através de observações ou experiências” (p. 3). Ainda sobre o conhecimento cientifico, Gewandsznajder (1989, p. 4) expõe, “ele é autocorretivo, capaz de colocar sempre em dúvida antigas ‘verdades’ quando encontra provas mais adequadas, corrigindo-se, progredindo, aperfeiçoando-se”.
Método e técnica seguem juntos na busca das ‘verdades’. Sendo o primeiro o procedimento sistemático em plano geral, e a técnica o processo – a aplicação, a instrumentalização específica do plano metodológico. Resumindo, o método se faz acompanhar da técnica, é seu suporte físico, abrangendo os instrumentos que auxiliam o pesquisador para que se possa chegar a determinado resultado (Ibid.).
As ideias básicas dos métodos científicos de pesquisa passaram a ser formalizadas pelo pensador e filósofo francês RENÉ DESCARTES (1596-1650), e foi com o advento da ciência, a partir do século XVII, que o conceito geral de método se consolida e populariza (Ibid.).
Metodologia científica, para Silva e Menezes (2001), é entendida como um conjunto de etapas ordenadamente dispostas que se deve vencer na investigação de um fenômeno, fornecendo conhecimentos válidos e verdadeiros. Também caracteriza a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
Galliano (1979, p. 28) afirma que “as ciências fáticas não se distinguem entre si apenas pelo objeto de sua investigação, mas também pelos métodos específicos que utilizam para investigá-lo”.
Como expôs Araújo (2000), para Descartes, existiam, na realidade, apenas dois caminhos para se chegar à verdade: a intuição e a dedução. A intuição é um ato do entendimento e a dedução, uma nova intuição, a partir de duas intuições anteriores. Percebe-se, desta maneira, uma alusão clara ao raciocínio silogístico (argumento formado de três proposições; a maior, a menor – premissas – e a conclusão deduzida da maior, por intermédio da menor).
Os métodos de abordagem, como Araújo (2000) classifica, são constituídos de procedimentos gerais, que norteiam o desenvolvimento das etapas fundamentais de uma pesquisa científica, permitindo, por isso, seu emprego em várias ciências. Eles classificam-se em: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético. O método dedutivo, por exemplo, é um método de abordagem que pode ser adotado na Matemática, na Sociologia, na Economia, na Física teórica etc. Na mesma pesquisa, pode-se usar o método dedutivo em determinada parte e o indutivo em outra. De modo geral, na elaboração de teses, emprega-se o método dedutivo na demonstração. O método indutivo é mais usado para a pesquisa e para a definição de conceitos, para a caracterização dos fatos e o estabelecimento de leis. Pela indução pode-se chegar à identificação de premissas expressivas.
O Método Dedutivo
O método dedutivo, como lembra Santos (2008) tem bases nos pensadores racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, tendo como pressuposto que apenas a razão pode conduzir ao conhecimento verdadeiro. Ele parte de princípios tidos como verdadeiros e inquestionáveis (premissa maior), para assim o pesquisador estabelecer relações com uma proposição particular (premissa menor) e, a partir do raciocínio lógico, chegar à verdade daquilo que propõe (conclusão). Ou, utilizando as palavras de Galliano (1979, p. 39) “a dedução consiste em tirar uma verdade particular de uma verdade geral na qual ela está implícita”.
Galliano (1979) também afirma que esse tipo de raciocínio é muito útil uma vez que parte do conhecido para o desconhecido com pequena margem de erro, desde que se respeitem os critérios de coerência e de não-contradição.
O método dedutivo possui grande aplicação em ciências como a Matemática e a Física, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Pode-se citar como exemplo a lei da gravitação universal, a qual estabelece que “matéria atrai matéria na razão proporcional às massas e ao quadrado da distância”, podendo daí serem deduzidas infinitas conclusões, das quais seria muito difícil duvidar. Entretanto, nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, devido à dificuldade para se obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida (TORRES, 2008).
Para Araújo (2000), a dedução é o caminho das consequências, pois uma cadeia de raciocínios em conexão descendente, ou seja, do geral para o particular, leva à conclusão. De acordo com esse método, partindo-se de teorias e leis gerais, pode-se chegar à determinação ou previsão de fenômeno ou fatos particulares. Segue um exemplo clássico de raciocínio dedutivo:
Todo homem é mortal: universal, geral;
João é homem; particular;
Logo, João é mortal; conclusão.
De acordo com Teixeira (2005) o método dedutivo leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro, entretanto, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode exceder as premissas. Este método consiste, a seu ver, na racionalização ou combinação de ideias em sentido interpretativo, isto valendo mais do que a experimentação de caso por caso. O autor também aponta que, metodologicamente falando, é de suma importância entender que a necessidade de explicação não reside nas premissas, mas na relação entre as premissas e a conclusão.
Várias críticas são feitas ao método dedutivo, uma delas é a de que essa forma de raciocínio é essencialmente tautológica, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. No momento em que se aceita a verdade da proposição de que todo homem seja mortal, a afirmação de que João é mortal nada acrescenta ao raciocínio, uma vez que a verdade da conclusão já se encontrava implícita no princípio geral a partir do qual se elabora o raciocínio. Outra objeção ao método dedutivo refere-se ao caráter apriorístico de seu raciocínio, pois, a partir de uma afirmação geral supõe-se um conhecimento prévio. Em relação ao exemplo dado acima, como é que se pode afirmar que todo homem é mortal? Esse conhecimento não pode derivar da observação repetida de casos particulares, pois isso seria indução. A afirmação de que todo homem é mortal foi previamente adotada e não pode ser colocada em dúvida. Por isso, os críticos do método dedutivo argumentam que esse raciocínio assemelha-se ao adotado pelos teólogos, que partem de posições dogmáticas (TORRES, 2008).
Além dessas colocações, Santos (2008) lembra que dependendo verdade das premissas definidas o raciocínio pode induzir ao erro, como no caso a seguir:
Todo homem se locomove sobre duas pernas
Henrique é homem
Logo, Henrique se locomove sobre duas pernas.
Embora o processo lógico do raciocínio acima esteja correto, a teoria não corresponde a uma realidade, pois Henrique é paraplégico (cadeirante), não representando, portanto, uma verdade.
O Método Indutivo
No século XVI, Galileu Galilei iniciou o questionamento a despeito do procedimento mais apropriado para se atingir conhecimentos seguros dos fenômenos naturais. Assim, teorizou o método denominado experimental, o qual infere leis gerais a partir de observações de casos particulares. “
Para o filósofo inglês Francis Bacon, o método de Descartes, na realidade, não levava a nenhuma descoberta, apenas esclarecia o que já estava implícito. Na visão Bacon, somente através da observação é que se torna possível conhecer algo novo. O método indutivo é assim fundamentado, onde nele se privilegia a observação como processo para se atingir o conhecimento (ARAÚJO, 2000).
O método indutivo foi proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume, para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos. A generalização aqui não deve ser buscada aprioristicamente, e sim constatada a partir da observação de casos concretos confirmadores dessa realidade (TORRES, 2008).
Gewandsznajder (1989, p. 41) define a indução como:
“[…] o processo pelo qual – a partir de um certo número de observações, recolhidas de um conjunto de objetos, fatos ou acontecimentos – concluímos algo aplicável a um conjunto mais amplo ou a casos dos quais ainda não tivemos experiência”.
Para Teixeira (2005), a indução não é um raciocínio único, e sim compreende um conjunto de procedimentos, uns empíricos, outros lógicos e outros intuitivos. Ela realiza-se em três etapas: 1) observação dos fenômenos a fim de se descobrir as causa de sua manifestação; 2) descoberta da relação entre eles: aproximação dos fatos ou fenômenos; 3) generalização da relação entre fenômenos e fatos semelhantes não observados. Exemplo: observa-se que Pedro, José, João, etc. são mortais; verifica-se a relação entre ser homem e ser mortal; generaliza-se dizendo que todos os homens são mortais (RODRIGUES, 2007).
Gewandsznajder (1989, p. 41) defende a generalização como importante instrumento das ciências. “Como podemos descobrir que todos os raios que incidirem em um espelho plano voltam com o mesmo ângulo? [..] Será que teríamos que examinar cada fração de grau para testar a lei da reflexão?”.
Duas das leis criadas a partir desse raciocínio são de que nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, ou em outras palavras, se em dadas condições, um determinado fenômeno, sempre que pesquisado, se repetiu, em futuras verificações o mesmo sucederá. A outra consiste em afirmar que o que é verdade de muitas partes suficientemente enumeradas de um sujeito, é verdade para todo esse sujeito universal. Logo, quanto mais representativa a amostra, maior a força indutiva do argumento, sendo sua aplicação considerada válida enquanto não se encontrar nenhum caso que não cumpra o modelo proposto. Assim, para descartar uma indução basta que um fato a contradiga (FILHO, 2006; RODRIGUES, 2007).
Com isso, pode-se afirmar que os dois métodos explicitados possuem diferentes finalidades. O dedutivo busca explicar o conteúdo das premissas, enquanto o indutivo procura ampliar os alcances do conhecimento. Os argumentos indutivos aumentam o conteúdo das premissas, com sacrifício da precisão, ao passo que os argumentos dedutivos sacrificam a ampliação do conteúdo para atingir a “certeza”.
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, isto é, a cadeia de raciocínios estabelece a conexão ascendente, ou seja, do particular para o geral. Neste caso, as constatações particulares é que levam às leis gerais (ARAÚJO, 2000). Exemplo de raciocínio indutivo:
O calor dilata o ferro; particular;
O calor dilata o cobre; particular;
O calor dilata o bronze; particular;
O ferro, o cobre e o bronze são metais
Logo, o calor dilata os metais; universal, geral.
Se por meio da dedução chega-se a conclusões verdadeiras, já que baseadas em premissas igualmente verdadeiras, no método indutivo as conclusões são apenas prováveis (TORRES, 2008).
O raciocínio indutivo teve grande influência no pensamento científico. Desde o aparecimento no Novum organum, de Francis Bacon (1561-1626), o método indutivo passou a ser visto como o método por excelência das ciências naturais. No positivismo sua importância foi reforçada e passou a ser proposto também como o método mais apropriado para investigação nas ciências sociais, uma vez que serviria para que os estudiosos da sociedade abandonassem a postura especulativa e utilizassem a observação para atingir o conhecimento científico. A partir da sua influência foram definidas técnicas de coleta de dados e elaborados instrumentos capazes de mensurar os fenômenos sociais (Ibid.).
O primeiro a perceber o caráter incerto de conclusões indutivas foi Aristóteles, mas o primeiro a formulá-lo de forma mais precisa foi o filósofo David Hume (1711-1776). Ele questionou seriamente sua validade deste método, demonstrando que ele não poderia ser justificado racionalmente. Gewandsznajder (1989, p. 44) argumenta:
será que poderíamos justificar logicamente a indução? Obviamente, ela não é um argumento dedutivo, como são os argumentos lógicos. A lógica nos mostra que a partir do enunciado ‘todos os cisnes são brancos’ podemos deduzir que alguns cisnes são brancos. Esta dedução é logicamente válida. Mas a indução faz o raciocínio oposto, inferindo do enunciado ‘alguns cisnes são brancos’ o enunciado ‘todos os cisnes são brancos’. Este raciocínio não pode ser justificado pela lógica. Aliás, em termos lógicos, ele não é valido
A principal crítica ao método indutivo consiste no salto indutivo que ele propõe, pois a partir de afirmações sobre o passado e o presente não podem ser deduzidas prognoses absolutamente seguras sobre o futuro.
Imaguire (2000) afirma que a validade universal de uma hipótese científica não pode ser verificada totalmente através de um número finito de observações, medições e experimentos. Gewandsznajder (1989, p. 44), em outras palavras também aponta esta falha, ao comentar que “o nível de generalizações das leis e teorias cientificas não nos permite estabelecer sua verdade por simples observação”.
Karl Popper (1902-1944), um filósofo não indutivista, acreditava que a indução simplesmente não existia, se configurava como um mito, uma vez que ela não poderia ser justificada e não desempenharia nenhum papel em relação ao método científico ou ao conhecimento comum (GEWANDSZNAJDER, 1989).
Embora Hume acreditasse que somente a inferência dedutiva é válida, o filósofo concluiu que o método indutivo:
[..] fosse utilizado como forma de conhecimento mesmo por pessoas sensatas. Isto aconteceria porque, através da associação de idéias, as repetições geram expectativas, crenças e hábitos importantes para a sobrevivência. Para Hume, estas crenças geradas pelo habito são irracionais, mas isto é apenas um problema filosófico, que não interfere em nossa vida pratica” Gewandsznajder (1989, p. 45).
Como Torres (2008) expõe, a objeção colocada por Hume foi, parcialmente, contornada pela teoria da probabilidade, a qual possibilitaria indicar os graus de força de um argumento indutivo. A respeito desta teoria, pode-se dizer que:
[…] se os argumentos indutivos não garantem a verdade das conclusões, eles podem ser usados, segundo os indutivistas, para garantir uma probabilidade, às vezes elevada, para suas conclusões. Portanto, da observação de que alguns cisnes são brancos e de que o Sol nasce todo dia, podemos inferir que é provável que todos os cisnes sejam brancos e que o Sol nascerá amanhã” Gewandsznajder (1989, p. 48).
Para aprofundar o método indutivo, há a análise do método hipotético – dedutivo, que será visto a seguir.
O método hipotético-dedutivo
O método hipotético-dedutivo teve suas raízes no pensamento de Réne Descartes (1596-1650), que estabeleceu um método baseado na matemática e na razão. Afirmou que “a idéia que existe em mim” permite deduzir que, mesmo sendo concebida como inata, a idéia permite a elaboração de novas idéias pelo exercício do método.
Vergez & Husisman (1984), justifica que em primeiro lugar, “ela afirma a independência da razão e a rejeição de qualquer autoridade”, em segundo pode-se justificar que o método é racionalista:
[…] os sentidos nos engana, suas indicações são confusas e obscuras, só as idéias da razão são claras e distintas. O ato da razão que percebe diretamente os primeiros princípios é a intuição. A dedução limita-se a veicular, ao longo das belas cadeias da razão, a evidência intuitiva das “naturezas simples”. A dedução nada mais é do que uma intuição continuada.
Inicia-se algumas explanações que argumentam os dados citados acima. O que seria o método hipotético-dedutivo, em primeira ordem tem-se Karl Popper (1975), a partir de uma crítica profunda ao indutismo, o autor sintetiza o referido método no qual o caminho para se chegar ao conhecimento passa pelas seguintes etapas:
– formulação de problemas;
-solução proposta constituindo numa conjectura;
-dedução das conseqüências na forma de proposições passíveis de testes;
-testes de falseamento (tentativa de refutação, entre outros meios, pela observação e experimentação.
Para segundo opiniões de Japiassu & Marcondes (1990), “é aquela do qual se constrói uma teoria que formula hipóteses a partir das quais os resultados obtidos podem ser deduzidos com base nas quais se podem fazer previsões que, por sua vez, podem ser confirmadas ou refutadas”
Numa terceira opinião e ultima, de acordo com Kaplan (1972, p.12):
[…] o cientista, através de uma combinação de observações cuidadosa, hábeis antecipação e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as conseqüências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessários por outros e assim prossegue.
Assim, Kaplan organiza etapas que podem ajudar na interpretação do método:
Problema→Conjecturas→Dedução, consequências e observação→Tentativa de falseamento→Corroboração.
Explicando esses indicadores, argumenta que para tentar explica a dificuldade expressa no problema, são formulados conjecturas e hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tentar tonar falsas consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram se evidências empíricas para derruba-las. Quando não se consegue demonstrar qualquer caso conceito capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que não excede o nível do provisório. De acordo com Popper, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide.
Concluindo o pensamento dos três autores, o método hipotético-dedutivo passa por fases certas e não discutíveis, com a ideia de um problema, parte para a observação cuidadosa, hábeis antecipação e intuição científica, dedução das consequências na forma de proposições passíveis de testes, quando não consegue mostrar o que pode falsear a hipótese, tem-se uma corroboração.
O método se funde na observação e, hipóteses que podem ser confundidos com o indutivo, pois também tem esse rumo de explicação, mas o hipotétivo- dedutivo não se limita a generalização com o empírico das observações segue o caminho das teorias e leis. Como os resultados podem deduzir e fazer previsões, que podem ser confirmadas ou negadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do acima exposto, depreende-se a ideia de que o conhecimento científico é conjectural, uma vez que verdades inquestionáveis não existem e que uma teoria pode ser refutada e substituída por outra mais adequada. Gewandsznajder (1989).
Santos (2008) analisa o conhecimentos científico argumentando que ele não segue um roteiro previsível com procedimentos definidos e infalíveis. A pesquisa científica se caracteriza como um processo permanente de busca e investigação.
Bem como analisa Silva e Menezes (2001, p. 28), “não há apenas uma maneira de raciocínio capaz de dar conta do complexo mundo das investigações científicas”. Elas propõem empregar mais de um método na pesquisa, ampliando, assim, as possibilidades para se realizar uma análise e se obter respostas para os problemas a serem estudados. Teixeira (2005) também frisa a importância de se utilizar os métodos em todas as ciências de forma complementar.
Uma característica de ambos métodos é que podem ir do geral para o particular ou vice-versa, num sentido ou no inverso. Ambos utilizam a lógica e chegam a uma conclusão. Em última instância, sempre têm elementos filosóficos subjacentes.
Por fim, concorda-se com Goldmann (1979, p. 21) quando aponta que “um método se justifica na medida em que nos permita melhor conhecer as obras que nos propusemos estudar”.
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ANA CAROLINA RODRIGUES, Bacharel em Geografia, Pós-graduação: mestrado em “Gestão do Território” UEPG emai: krowmanson@hotmail.com;
MELÂNIA Z. FERRONATO,Bacharel em Turismo, Pós-graduação: mestrado em “Gestão do Território”, Bolsista Fundação Araucária, UEPG, email: Melania.mzf@hotmail.com