As lágrimas de sangue que escorrem de meus olhos são essências de rosas sem perfume.
Cultivadas em um pomar de tristezas; sementes estéreis em uma face de incertezas;
Sou agricultor de saudades, plantadas em minha remoída memória já tão sofrida.
Regadas com dores eternas, que perambulam por uma mente que jaz em feridas.
Não há brotos em meu peito, flores coloridas ou frutos que me tragam prazer.
Somente um choro perdido, lavando e levando cada sentimento de meu ser.
Como brumas largadas ao sabor amargo do vento frio com jeito de morte.
Agora chegou o momento final, que venha enfim a tal colheita maldita,
Ceifando impiedosa a seiva podre que se tornou parte de minha vida.
Sinto-me tal qual adubo, poeira, gotas amargas de água com sal,
Sou uma casca quebrada e sem fruto, espiral de existência oca,
Folhas secas ao sol. Trincadas. Cor marrom. Empoeiradas,
Bagaço cuspido sem dó, sem sumo, sem alma, sem rumo,
Amor perdido por luto, colhido e guardado na história,
Raízes profundas da mais simples e cruel solidão.
Rosas sem perfume são exemplares da traição;
Um vampiro a gargalhar em minha jugular;
Não se engane pela beleza dessas flores;
Suas cores são matizes de dores;
Ervas daninhas e danosas;
Manancial de espinhos;
Sádicos tons florais.
Rudes Trepadeiras;
Heras venenosas;
Desatino forte.
Destino torpe.
Falsidade.
Morte…