Izaura da Silva Cabral
publicado em 16/11/2010 como www.partes.com.br/cultura/reviversitio.asp
Quando se fala em Sítio do Pica-pau Amarelo, logo nos vem à memória a grande figura de seu autor, sem dúvida um dos grandes mestres da literatura brasileira. Monteiro Lobato é um dos grandes nomes da história literária desse país. Grande escritor, celebrado por gerações e gerações de crianças por seu espetacular trabalho “O Sítio do Pica-pau Amarelo”, Lobato foi também um empreendedor. Além disso, através de todas as suas produções e realizações queria por que queria fazer com que o Brasil pudesse crescer desenvolver-se, ocupar um lugar de destaque mundial dos países. Originário do interior de São Paulo, mais especificamente da cidade de Taubaté o escritor fez um pouco de tudo em sua vida. O que mais permanece na memória coletiva nacional é a sua forte ligação com as crianças. Proximidade e carinho conseguidos com o apoio da Narizinho, da Emília, do Visconde, do Pedrinho e dos demais personagens do Sítio. Em suas obras dedicadas às crianças, Lobato conseguiu verdadeiras façanhas como contar a história do mundo tornando-a divertida e atraente para os pequenos ou, ainda, falar de temas adultos e sérios de forma descontraída, como a questão do petróleo.
O projeto justifica-se pelo fato de que conhecer a obra de Monteiro Lobato deveria ser atividade básica programada por todas as escolas de nosso país. Conhecer o Sítio e seus personagens, desbravando as páginas escritas pelo Monteiro Lobato, é muito mais que um dever escolar, é um grande prazer e contribuição essencial para o nosso próprio sentimento. Lobato significa literatura de muita qualidade e história. Não ler suas obras significa abrir mão de livros que simbolizam nossa própria identidade. O sitio do Pica-pau amarelo foi uma maneira que eu, professora de Literatura da turma 301, encontrei para apresentar aos alunos da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental esse maravilhoso escritor, desenvolvendo nos alunos a paixão pela leitura da literatura. Além de desenvolver nas normalistas o gosto por encantar os pequenos com os livros, bem com melhorar sua expressão oral e corporal através da dramatização.
Temos como problemática, a certeza de que como os seres humanos, desde sempre produzimos narrativas, fazemos parte delas todos os dias. Dessa forma, as crianças, como qualquer pessoa, gostam muito de histórias, mas mesmo assim a maioria ainda não conhece as grandes aventuras vividas pelo pessoal do Sítio. Até mesmo algumas normalistas. Então esse projeto busca resgatar a riqueza cultural, intelectual dessas narrativas lobateanas.
Nossos objetivos foram conhecer o escritor Monteiro Lobato, bem como suas obras; criar nos alunos o hábito da leitura, através do contato com histórias; despertar um ambiente prazeroso para a leitura, onde a própria criança se sente parte da história, com vontade de conhecê-la mais; proporcionar a socialização através da dramatização aos alunos da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental; melhorar a expressão oral e corporal das normalistas.
O trabalho foi desenvolvido durante as aulas de literatura, baseado em referência bibliográfica (que segue no final do trabalho) de teóricos consagrados sobre o ensino de Literatura e leitura de Literatura, especialmente a infantil. A culminância do projeto ocorreu em data marcada no auditório da escola, os trabalhos foram apresentados nos turnos da manhã e tarde, com duas apresentações por turno. Além da dramatização as crianças receberam uma atividade de “cruzadinha” e “colorir” sobre as personagens do Sítio, que levaram para a sala de aula para trabalharem com suas professoras titulares.
Foto 1.: Grupo que trabalhou com Minhas memórias de Lobato
Foto 2.: Podemos visualizar o cenário e as fantasias usadas pelos alunos para representar as aventuras do Sítio.
Foto 3.: Todos os alunos da turma 301 do Curso Normal de Ensino Médio do Instituto Estadual de Educação Ernesto Alves que participaram do projeto da disciplina de Literatura Brasileira.
Em razão de tudo que vimos, podemos dizer que a avaliação foi contínua, através da observação diária do aluno do Curso Normal no desempenho de suas atividades, no relacionamento com os colegas e com a professora, responsabilidade, comprometimento. Os instrumentos de avaliação foram relatórios diários no caderno de planejamento da professora, além da avaliação principal no dia da finalização do trabalho, que foi a encenação das obras trabalhadas.
Por fim, avaliando o projeto em geral, percebeu-se que os alunos do curso Normal se envolveram na leitura das obras, na transformação do texto narrativo em texto teatral, na confecção de fantasias, na construção do cenário em que as histórias se desenrolaram, também foi um momento de contribuição para a perda da desinibição, a construção do improviso, o contato com o público, o exercício da paciência com as crianças mais pequenas, características essenciais para os alunos deste curso, futuros professores de Educação Infantil e Anos Iniciais. Inclusive pela narração das professoras titulares das turmas que assistiram a peça teatral, percebemos que realmente as crianças se encantaram com as personagens do Sítio, sendo que no momento da encenação elas interagiam com Emília, criticando-a, corrigindo-a, já que Emília fazia o papel de despertar o senso crítico das crianças enquanto assistiam às histórias, além disso, algumas correram à Biblioteca da Escola, para conhecer melhor as histórias do Sítio, temos assim, alunos do Primeiro Ano lendo Os doze trabalhos de Hércules.
Bibliografia
CEREJA, William Roberto. Ensino de Literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com literatura. Atual: São Paulo, 2005.
LOBATO, Monteiro. “Narizinho Arrebitado”. In: Reinações de Narizinho. Brasiliense: São Paulo, 2005.
SANDRONI, Luciana. Minhas memórias de Lobato. Companhia das Letrinhas: Porto Alegre, 2000.
ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Objetiva: Rio de Janeiro, 2005.
_______________. (Org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Mercado Aberto: Porto Alegre, 1993.