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A importância da utilização do Software Livre na educação

publicado em 04/10/2010

Ticiano Dias Corral

www.partes.com.br/educacao/slnaeducacao.asp

Ticiano Dias Corral possui Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel – RS) – ticianocorral@hotmail.com

This article discusses how important it is to use free software in schools, aiming at a critical education quality, which form citizens who have a different perspective of the world. Freedom exists in the free software has many advantages, both ideological and economic, is a great option for use in educational institutions.

 

A utilização da informática na educação é, nos dias atuais, algo de suma importância, pois o cotidiano dos discentes é repleto de tecnologias mais atraentes que tornam o ensino da escola ultrapassado e obsoleto, ocasionando em uma falta de vontade por parte dos alunos para aprender o conteúdo proposto pelos professores.

Com a grande utilização das novas tecnologias no cotidiano, as escolas têm o dever de buscar os recursos e as tecnologias necessárias e inserir em seu projeto pedagógico a utilização da informática como uma alternativa para ensinar o conteúdo programático e tornar o ensino mais dinâmico e produtivo. Projeto de aquisição de computadores por parte do governo para as escolas públicas é o inicio para podermos pensar em um ensino escolar mesclado com a tecnologia existente.

         Moran afirma:

 A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que facilitem a evolução dos indivíduos. O poder público pode propiciar o acesso de todos os alunos às tecnologias de comunicação como uma forma paliativa, mas necessária, de oferecer melhores condições aos pobres, e também contrabalancear o poder dos grupos empresariais e neutralizar tentativas ou projetos autônomos (MORAN, 2006. p. 36).

 

Os professores devem sempre estar atualizados e sintonizados com o mundo em que vivem, pois o mundo está em constante mutação. Se o educador é fechado em suas práticas e teorias, muito provavelmente não obterá um resultado esperado em seu ensino, pois os alunos não visualizarão um sentido no conteúdo proposto pelo professor. É necessário mesclar o conhecimento escolar com o cotidiano dos alunos. Diz Moran:

Na sociedade do conhecimento, todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar; reaprendendo a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social. É importante conectar sempre o ensino com a vida do aluno. Chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela experiência, pela imagem, pelo som, pela representação (dramatizações, simulações), pela multimídia, pela interação on-line e off-line (MORAN, 2006. p.61).

O professor deve estar ciente da importância da informática inserida na educação, pois de nada adianta oferecer os recursos e não serem utilizados ou compreendidos por aqueles que devem usá-lo. De acordo com Mercado: “não basta colocarmos a disposição só o computador, é preciso preparar este professor, respeitar o seu tempo e fazer com que ele entenda o porquê de uma nova ferramenta de trabalho.” (MERCADO, 2002, p.21)

O educador na sociedade do conhecimento deve buscar sempre reaprender a conhecer, utilizar a tecnologia para se aproximar dos alunos inserindo o cotidiano e suas experiências de vida, para assim praticar um ensino com mais sentido e mais atual. Se o professor nega a utilização do computador na educação, ele automaticamente nega que o computador faz parte de seu próprio dia-a-dia e mostra que não está atualizado com o mundo em que vive.

Com a utilização da informática, o professor de geografia pode mudar a sua maneira de conduzir sua prática de ensino, sendo o mediador entre aluno x informática, auxiliando, ensinando e aprendendo ao mesmo tempo as diversas ferramentas e possibilidades que o computador oferece o que torna a informática uma grande ferramenta no ambiente de ensino. Gomes afirma:

O professor em vez de transmissor de conhecimentos pode tornar-se o coordenador, motivador do grupo, favorecendo a construção colaborativa e/ou cooperativa de conhecimentos novos através de encontros virtuais e presenciais. A mudança de postura do professor nesta situação estimula o comprometimento do aluno com sua própria aprendizagem (GOMES, 2002.p.10)

 

O Software Livre

É necessário observarmos o software[†] que é utilizado nos computadores, pois ele é o que torna o computador funcional, por isso devemos ter um conhecimento sobre os diversos tipos de sistemas operacionais e programas que estão disponíveis para a utilização, bem como suas características, para assim usufruirmos uma experiência mais dinâmica e produtiva na utilização dos computadores e ao mesmo tempo evitar problemas e conflitos entre homem x máquina, muitas vezes gerados pela falta de conhecimento e familiarização com o sistema e ou programa utilizado.

O software livre tem como objetivo primordial oferecer a liberdade ao usuário para utilizar, modificar e distribuir o mesmo, sem infringir nenhuma lei ou pedir permissão para determinada pessoa ou empresa. Segundo a organização F.S.F.[‡], o conceito de software livre:

 

Free software is a matter of the users’ freedom to run, copy, distribute, study, change and improve the software. More precisely, it means that the program’s users have the four essential freedoms:

The freedom to run the program, for any purpose (freedom 0).

The freedom to study how the program works, and change it to make it do what you wish (freedom 1). Access to the source code is a precondition for this.

The freedom to redistribute copies so you can help your neighbor (freedom 2).

The freedom to improve the program, and release your improvements (and modified versions in general) to the public, so that the whole community benefits (freedom 3). Access to the source code is a precondition for this.

A program is free software if users have all of these freedoms.(…)

 

         O software livre vem como uma proposta viável frente a sistemas pagos que exploram a sociedade em busca de alienação e acumulo de capital. Nas escolas a sua utilização de um sistema livre traz uma liberdade, além de poupar verbas públicas e contribuir com a melhoria da escola já que a verba não gasta com o sistema pago pode ser revertida para a melhoria geral da escola. O software livre pode ser considerado um movimento social, pois liberta uma instituição de ensino que procura formar cidadãos livres e atuantes em uma construção de uma sociedade mais justa.

         A grande diversidade de programas e sistemas educacionais livres traz para os profissionais da educação novas idéias e podem revolucionar o modo de ver e trabalhar a informática nas instituições de ensino devido a inúmeros recursos que o sistema propõe de forma gratuita e sem restrições, o que justifica a proposta de liberdade sugerida pela comunidade do software livre. O sistema GNU/Linux pouco a pouco vem tomando espaço nos computadores do mundo inteiro, pois é mais seguro, leve, barato e estável que o sistema proprietário Windows.

         Nogueira Salienta que:

A utilização de tecnologias livres precisa também ser desenvolvida no contexto educacional, a cultura livre deve fazer parte da cultura acadêmica. A escola como meio de transformação social é fundamental na disseminação de uma cultura livre, onde a prática da liberdade decorre de uma ação pedagógica que considera e abarca o planejamento e desenvolvimento de situações-problema, onde toda a comunidade educativa desenvolva competências para criar, manter e difundir uma cultura livre (NOGUEIRA, 2009. p.52).

 

         A importância dos professores de obterem o conhecimento sobre software livre é fundamental para a sua utilização nas escolas, mas para isso deve haver uma mudança de atitude por parte dos mesmos, já que muitos não têm o conhecimento básico sobre informática ou não utilizam computadores em suas aulas. A dificuldade de utilização do sistema livre é um mito que deve ser quebrado, pois há muito tempo o software livre deixou de ser um sistema utilizado por “hackers” ou “experts” em informática.

É de interesse das grandes corporações que produzem software a utilização de seus produtos nas escolas, não só pelo lado lucrativo, mas também para gerar uma alienação dos estudantes mais jovens que acabam aprendendo na escola a utilizar computadores com o sistema pago e que no futuro não conhecerão alternativas livres e gratuitas, o que significa que estarão sempre presos ao conhecimento que determinadas corporações impõem apenas com o objetivo de capitalista de atingir o lucro. Silveira concorda:

 

Não é correto utilizar dinheiro público para formar e alfabetizar digitalmente os cidadãos em uma linguagem proprietária de um monopólio privado internacional. Mesmo que as licenças de uso de um sistema operacional proprietário sejam doadas gratuitamente para os programas de inclusão digital, na realidade, o estado estaria pagando seus professores e instrutores para adestrar e treinar usuários para aquela empresa (SILVEIRA, 2005. p.442).

Conclusão

         Uma educação crítica de qualidade visa à formação de cidadãos críticos capazes de reconhecer e protestar pelos seus direitos frente a ações do governo que não venham a atender suas necessidades, e ao mesmo tempo liberta o aluno mostrando um conhecimento realmente importante para sua vida, e não apenas um conhecimento enciclopédico enfadonho comumente utilizado nas escolas. O software livre vem como opção para auxiliar em uma construção do conhecimento utilizando programas e recursos que possam afetar positivamente a educação ao mesmo tempo em que ensina aos mais jovens a prática com as novas tecnologias, que neste caso é a informática.

Bibliografia:

F.S.F.  Free Software Foundation. Disponível em: <www.fsf.org>.  Acessado em: 20/09/09

GOMES, Nilza Godoy. Os computadores chegam à escola. E agora professor?   Disponível em <http://www.cominic.ufsc.br/artigos> Acessado em 22/10/2009

MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Novas tecnologias na educação: reflexões sobre a prática. Maceió, EDUFAL, 2002

MORAN, José Manuel, MASSETO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 12ª ed. São Paulo: Papyrus, 2002.

NOGUEIRA, Vanessa dos Santos. Práticas pedagógicas para uma cultura livre. Revista Espírito Livre, 2009

SILVEIRA, Sérgio Amadeu Da. Inclusão digital, software livre e globalização contra-hegemônica. Disponível em:http://softwarelivre.gov.br/artigos/artigo_02> Acessado em 14/10/2009.

[*] Possui Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel – RS) – ticianocorral@hotmail.com

[†] São programas ou sistemas operacionais, necessários para a utilização do computador.

[‡] Free Software Foundation – http://www.fsf.org/

 

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