Nair Lúcia de Britto
publicado em 03/09/2010
(DAS LEBEN DER ANDEREN – Alemanha, 2006)
Construído em 1961, o Muro de Berlim dividiu a Alemanha, por 28 anos, em a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA).
O episódio histórico inspirou Florian Henckel von Donnersmarck, que dirigiu e escreveu o roteiro desse filme, que começa quando a RDA (Berlim Oriental) supervisiona os alemães descontentes com o regime; os artistas são os mais pressionados.
O agente da Stasi (Polícia Secreta), Gerd Wiesler (Ulrich Muhe) é o personagem central da trama. Ele é hábil em arrancar as confissões dos suspeitos.
De Anton Grubtz, (Ulrich Tukur), o agente recebe a incumbência de investigar a vida do dramaturgo Georg Dreyman (Sebastian Koch); por exigência do Ministro da Cultura, Bruno Hemph (Thomas Thieme).
No teatro, o Ministro convida o dramaturgo a atuar a favor do regime; ao mesmo tempo encanta-se pela namorada dele: a atriz Christa-Maria (Martina Gedeck).
Deixe a política de lado, quando vier assistir minhas peças, retruca o dramaturgo e, mais tarde, comenta o fato ao amigo Albert Jerska, diretor de teatro.
Este, por sua vez, lastima a falta de liberdade de expressão e os castigos cruéis para quem não obedecesse as normas estabelecidas.
Wiesler monta um sistema de escuta de modo a espionar tudo que acontece no apartamento de Dreyman. Sem saber que está sob a mira do espião, o artista comemora seu aniversário com os amigos e a namorada.
O espião anota tudo que observa, mas quando vê o Ministro da Cultura chantageando Christa-Maria fica indignado! Então forja uma situação para que Dreyman saiba da atitude vil e defenda a moça. Mas ela não aceita a proteção do homem a quem ama, para não prejudicá-lo.
O trecho de um livro que pertencia a Dreymam também comove o espião.
Brecht:
“A cada dia de setembro o amanhecer era azul…
Aquelas jovens árvores alçando o céu…
Como o amor que floresce e cresce
Acima de nós flutuando o azul do céu
Como uma nuvem branca passando
Que com fé em seu coração nunca irá te deixar.”
De repente o telefone toca. Dreyman atende e recebe a triste notícia sobre o desaparecimento de Jerska. Sem palavras o dramaturgo senta-se ao piano e toca uma música em homenagem ao amigo…
As notas suaves emocionam o espião… E, quando o dramaturgo escreve um artigo a favor dos artistas, Wiesler em vez de denunciá-lo passa a protegê-lo. O artigo é publicado na revista Mirror, com autor anônimo.
Christa-Maria sofre as consequências, mas o Dreyman salva-se.
O muro de Berlim caiu em novembro de 1989.
Dois anos depois, Wiesler compra o último sucesso de Georg Dreyman. Abre o livro e surpreende-se com a dedicatória e o título da obra:
O Soneto dos Homens Bons.
Este filme foi vencedor do Oscar 2007 de Melhor Filme Estrangeiro.