Pedro Coimbra
Passados anos todos nós temos certeza que o amor de Maria e João não terminou como um samba de uma nota só, mas numa extraordinária sinfonia da Vida.
Tudo começou entre beijos e abraços que os levaram a excitação, com muitas mudanças biológicas. O grande momento ocorreu quando João atingiu o auge das contrações musculares lançando sêmem do pênis dentro da vagina de Maria e que por suas contrações vão até sua cérvix.
Depositado o sêmem na base do útero começa a louca corrida da existência humana, visando fertilizar o óvulo, o que pode durar de 12 a 48 horas, antes que os espermatozóides morram. Enfrentarão várias barreiras como a travessia do cérvix, convivendo com um meio aquoso que os agride.
Verdadeiros alpinistas eles sobem pela superfície interna do útero até as trompas de Falópio, sendo que apenas uma contém um óvulo e muitos deles vão para o lugar errado.. Menos de mil espermatozóides, entre milhões, conseguem chegar até as trompas.
Muitos deles ficam ao redor do óvulo na trompa. A cabeça de cada um libera enzimas que quebram a camada gelatinosa externa da membrana do óvulo, tentando penetrar nele. No momento em que um único espermatozóide penetra, a membrana muda suas características elétricas.
Termina a corrida e começa um maravilhoso processo, que durará nove meses, em que informações genéticas irão propiciar o surgimento de um outro indivíduo diferente que sobreviverá num útero que poderá chegar ao tamanho de um bola de basquete.
Nesse momento mágico do surgimento da vida os gregos, filosoficamente, diziam que surgia a alma ou espírito, entidade a que se atribuíam, por necessidade de um princípio de unificação, as características essenciais à vida, do nível orgânico às manifestações mais diferenciadas da sensibilidade e ao pensamento, e que se define em oposição a corpo estando associadas à consideração da idéia de alma as questões da imortalidade, da personalidade, da individualidade, da consciência, etc., com todas as implicações morais, religiosas e metafísicas que elas suscitam.
Ou seja, a partir desse instante estaria definido o sexo, a cor dos olhos e mais do que isso todos aqueles atributos que aquele ser humano desenvolveria no futuro.
Esta pequena alma/espírito nasceria no Planeta Terra para evoluir, ou seja, desenvolver, progredir. A sensacional divisão de células ocorrida naquele momento continuaria por toda a sua vida até o minuto final de sua morte.
João e Maria poderiam ter outros filhos, mas cada um deles teria sua própria individualidade.
O escritor Paulo Coelho analisa o sentido da vida de uma maneira simples e interessante:”A vida é como uma corrida de bicicleta,
cuja meta é cumprir a Lenda Pessoal.Na largada,estamos juntos,
compartilhando camaradagem e entusiasmo. Mas, à medida que a corrida se desenvolve, a alegria inicial cede lugar aos verdadeiros desafios: o cansaço,
a monotonia, as dúvidas quanto à própria capacidade. Reparamos que alguns amigos desistiram do desafio, ainda estão correndo, mas apenas porque
não podem parar no meio da estrada. Eles são numerosos, pedalam ao lado do carro de apoio, conversam entre si, e cumprem sua obrigação.Terminamos por nos distanciar deles; e então somos obrigados a enfrentar a solidão, as surpresas com as curvas desconhecidas, os problemas com a bicicleta. Perguntamo-nos finalmente se vale a pena tanto esforço. Sim, vale…É só não desistir”
E não esquecer nunca que somos fruto de um dos mais maravilhosos milagres do cosmo, qualquer que seja nossa “Lenda Pessoal” , história ou destino…