É curioso como alguns dos adversários do Santos FC gostam de tratá-lo de time pequeno:
Uns diziam ? alguns desinformados ainda dizem – que ele vivia de passado; outros que ele, antes da Era Pelé, só havia conquistado dois míseros títulos estaduais, o que é inegável; outros, ainda, o chamavam de asilo, pois estava se especializando em contratar atletas machucados ou em fim de carreira, além de acusá-lo de tremer em decisões.
Provocações fazem parte do mundo do futebol e são recíprocas e sazonais, mas é preciso contextualizar alguns fatos, para melhor entendê-los:
De fato, o Santos só havia conquistado dois títulos (1935 e 1955) antes do jovem Gasolina, depois Pelé, transformar a Vila Belmiro num templo mundial do futebol. Antes dele, no entanto, já haviam passado pelo Santos FC, principal time de uma cidade com, então, menos de 200 mil habitantes, e que não é capital, vários craques, como: Feitiço, Araken e Ary Patuska, Antoninho, Odair, Vasconcellos, Del Vecchio e Pagão, para citar alguns exemplos.
Esse time pequeno cede jogadores para a Seleção Brasileira desde a primeira Copa do Mundo, de 1930, quando Araken Patuska defendeu as cores brasileiras.
Em 1958, o time cedeu três atletas para a Seleção, inclusive certo menino de dezessete anos… A partir daquele ano, o Brasil parou de tremer internacionalmente! Em 1962 foram sete, com o capitão Mauro erguendo a taça. Em 1970, foram cinco, com o capitão Carlos Alberto ostentando o caneco. Em suma, o Santos FC, time pequeno, não teve nenhuma participação na ascensão do futebol brasileiro ao olimpo mundial…
Esse time pequeno também foi o primeiro brasileiro a conquistar as Taças: Libertadores da América e Mundial Interclubes, sem tremer, e o fez logo duas vezes seguidas.
Finda a Era Pelé, o asilo santista contribuiu para o futebol brasileiro com três gerações de jovens atletas, que brilharam nos campos nacionais e internacionais: as de Pita e Juary, Robinho e Diego e, agora, a de Neymar e Ganso. Pratas de casa!
Time que vive do passado, ter passado quase em branco a década de 1990, apenas com dois títulos de relativa expressão (Rio-São Paulo e Conmebol), e apesar da imensa injustiça de 1995, o Santos abocanhou dois campeonatos nacionais e dois paulistas na década de 2000. Esse time pequeno… Com isso, em tempos em que todos os títulos estão sendo reconhecidos, o Santos faz mais do que jus ao de octacampeão brasileiro, merecendo a tal Taça das Bolinhas com maior propriedade.
Muito do sucesso dos Santos FC talvez se deva a sua cidade sede, de mesmo nome: praiana, aprazível, hospitaleira, cosmopolita e histórica.
Ressalvas sempre existirão, pois todos os times têm seus altos e baixos. Mas, se há algo a lamentar na história do Santos FC é que ele nunca tenha proporcionado melhores instalações para seu quadro associativo. No âmbito esportivo, no entanto, nunca deixou de obter destaque, inclusive em outros esportes (vôlei, tênis de mesa, futsal, etc.).
Para quem acha que o Alvinegro da Vila Belmiro é um time pequeno, veja na mesma proporção o que o seu time grande, de capital e capital, já conquistou. Para quem diz que o Santos treme, modifique um pouco a frase, e reconheça que, por todo seu passado e presente, ele é um tremendo time. Por fim, para quem o acusa de asilo, creio que ele está muito mais para berçário… E que berçário!
Adilson Luiz Gonçalves
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
Leia outros textos do autor e baixe gratuitamente os livros digitais: Sobre Almas e Pilhas e Dest Arte em: www.algbr.hpg.com.br