Acabei de fazer cinquenta anos… E daí?
Daí que dizem que todos os “meninos” de minha idade ficam meio nostálgicos.
Em verdade, tenho pensado muito mais no futuro, para o qual tenho muitos planos, apesar de insistência de alguns em tentar frustrá-los. Mas, o gosto do fel a de fazer o mel parecer ainda mais doce.
Mesmo assim, não pude deixar de relembrar alguns períodos desse meu já longo percurso pela vida. De repente, me vieram à mente músicas que eu ouvia quando estudei na França, entre 1985 e 86. Aquele um ano de solidão teve no rádio um companheiro indispensável!
Lembrei de Alain Souchon, Daniel Balavoine, Etienne Daho, France Gall, Renaud e outros. Para não esquecer, até trouxe algumas fitas cassete (lembram delas?), mas vinte e tantos anos se encarregaram de detoná-las.
Felizmente, falem bem ou mal dele, hoje temos o Youtube, que nos permite viajar ao passado.
Nessa viagem virtual, voltei ainda mais no tempo e fui buscar vídeos dos anos de 1960, com Johnny Hallyday, Eddy Michel, Charles Aznavour, Jacques Brel… Essas lembranças trouxeram outras, da mesma época:
A TV de então exibia atrações francesas. Lembro de um show de Sacha Distel entre outros. Além disso, as rádios tocavam músicas em francês, italiano e espanhol, apesar do inglês já ensaiar monopólio de mercado. Havia maravilhosas opções culturais!
E por falar em maravilha, como esquecer Françoise Hardy?
Eu sempre considerei Carly Simon a melhor cantora romântica, mas ao “reler” Françoise percebi que não dá para eleger apenas uma. Sua voz era de uma sensualidade ingênua e sua beleza… Bem, o que dizer de sua beleza? Era de fazer hipnótico silêncio! Era tão bonita que deveria pagar imposto!
Numa época de penteados armados, cílios postiços enormes e maquiagem exagerada, Françoise Hardy exibia longos e lisos cabelos, que adornavam seu rosto angelical.
Ouvi seu primeiro sucesso: “Tous les garçons e les filles” (1962). Quase adormeci com “Le premier bonheur du jour” (1963). Depois, acordei e me diverti com o ritmo e a letra de “Comment te dire adieu?” (1968), com rimas em “ex”, inclusive “pyrex”. Um dos vídeos dessa música, aliás, mostrou-a ao lado de outra das mulheres mais belas de então: a inglesa Jane Birkin. Covardia!
Lembram que o Jornal Hoje, da Globo, encerrava com música, nos anos de 1970? Pois é, uma delas era “La question” (1971), composta pela brasileira Tuca, que tanta falta faz. Uma das mais belas canções românticas que conheço!
Por fim, matei a saudade da música que essa parisiense lançou quando eu morava na França, V.I.P. (1986).
Curioso, resolvi buscar informações atualizadas sobre essa musa de minha infância. Encontrei-a ainda bela, como se o tempo tivesse passado mais lentamente para ela. E continua a gravar!
Dizem que mesmo em tempos de guerra nascem preciosas flores… Françoise Hardy nasceu em 1944. Com certeza é uma delas!
Realmente, recordar é viver! Mais que isso, é um estímulo para continuar a sonhar, não importa a idade ou os contratempos da vida; para amar e ser amado, sempre pensando que: “Tous les garçons et les filles de mon âge font ensemble des projets d’avenir” (todos os meninos e meninas da minha idade fazem, juntos, projetos para o futuro). Tenho ainda muitos projetos com a minha amada, que sempre gosta quando sussurro em francês, ao pé do ouvido!
Viver também é, por princípio, nunca deixar de crer e amar!
Oi professor Adilson. Belo Texto. Me lembro bem este tempo. Françoise Hardy, Johnny Holiday, Mireille Mathieu, o tempo que comecei sentir interesse para a música. Tenho alguns anos a mais que o sr. Ultimamente escrevi alguma coisa sobre a Tuca e Francoise no meu blog Rádio Forma & Elenco:
http://martoni-formaeelenco.blogspot.com/search?q=tuca