(Autor: Antonio Brás Constante)
Em tempos de férias podemos dizer que trabalhar nunca matou ninguém (favor desconsiderar desta afirmativa todas as pessoas mortas em acidentes de trabalho, já que para alguns o que causou suas mortes foi o acidente em si e não o trabalho), claro que a referida frase deve ter sido inventada por algum tirano, tentando justificar as dezesseis horas de trabalho escravo impostas aos seus empregados em algum lugar (talvez nem tão distante), dentro deste pontinho azul que chamamos de planeta Terra.
Dizem que o trabalho (principalmente o escravo) foi inventado pela nobreza que não queria trabalhar, e dedicava sua vida ao ócio, ao ópio ou aos dois. Depois da queda da maioria das monarquias inventaram a democracia e junto com ela um imenso cabide de empregos na política, e tudo continuou exatamente como estava, apenas mudando o nome dado aos nobres, já que aos pobres só resta mesmo é trabalhar e sustentar a si mesmo e aos seus governantes, servindo como vassalos que trabalham como cavalos com promessas de que isso fará a nação prosperar.
Nascemos desempregados, mas vivemos nossas vidas passando trabalho. Aliás, o próprio ato de nascer já é um parto, de onde partimos para uma vida de labuta, casando com o serviço (independente de nosso estado civil) até que a morte nos separe. Se bem que alguns trabalhos são mais penosos do que outros, por exemplo, um dos piores empregos do mundo seria (se existisse) o de guarda noturno no reino das mil e uma noites.
Existem pessoas que confundem o ato de trabalhar com ganhar dinheiro, mas estes dois nem sempre são correlacionados. Mesmo porque o dinheiro advindo do trabalho nunca é ganho, e sim é uma troca de seu tempo, esforço e inteligência, por uma remuneração que ao menos mantenha você vivo o suficiente para continuar produzindo e enriquecendo aqueles que se beneficiam do seu serviço, mas não dá para generalizar este parágrafo, pois para toda regra existe uma exceção e para toda exceção esqueceram qual era a regra.
No que se refere a aposentadoria, alguns acham que se aposentar é algo zen… “zen nada para fazer”, mas esquecem que o tempo livre é dos livros, dos filhos, dos netos, é seu, um direito seu, pule de pára-quedas se tiver coragem, ou pule amarelinha se isto lhe fizer sorrir, mas não use a idade para justificar o abandono de qualquer vontade de viver.
Acredito que uma das melhores coisas na aposentadoria é poder desfrutar da descansadinha da tarde, inclusive muitos que podem dar uma cochiladinha nesse horário dizem até que isso é muito bom para memória (só que ninguém consegue lembrar o porquê).
Enfim, quando falam em processos de aposentadoria, a que mais me preocupa seria a aposentadoria de tal velinho de barbas brancas que não é casado, não tem namorada, mas dizem que possui uns quase sete bilhões de filhos espalhados por aí. Meu temor pela aposentaria dele ocorre por três motivos. Primeiro: porque seria uma aposentadoria vitalícia, já que ele é eterno. Segundo: porque ele tem a idade do próprio tempo, ou seja, se formos calcular os atrasados de sua aposentadoria, mesmo utilizando o parco salário mínimo, ainda assim o valor daria uma inimaginável soma em dinheiro. Terceiro e pior de todos os motivos, há um grande número de pessoas afirmando que Deus é brasileiro, então meus amigos, quem vocês acham que vai acabar pagando essa conta?
SOBRE O AUTOR: Antonio Brás Constante se define como um eterno aprendiz de escritor, amigo e amante da musa inspiração. Lançou recentemente o livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br).
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