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O ofício do professor

Patrícia Ferreira Bianchini Borges [1]

publicado em 21/12/2009 como www.partes.com.br/educacao/ooficiodoprofessor.asp

Patrícia Ferreira Bianchini Borges é graduada em Letras pela Universidade de Uberaba e especialista em Estudos Lingüísticos: “Fundamentos para o Ensino e Pesquisa” pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente, é Assistente de Alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba (CEFET-Uberaba).

Novas correntes propõem que a educação deve ser um processo de construção de aprendizagens no qual devemos formar cidadãos críticos, conscientes e ativos na sociedade. Esse conceito bonito é, por vezes, utópico, uma vez que sabemos que a instituição “escola” enfrenta diversos problemas em várias instâncias.
A realidade nos traz, durante o pleno exercício da profissão, problemas como preconceito social e racial, medo, drogas, marginalidade e até mesmo a burocracia que submete os professores à hierarquia de poder, e consequentemente, tolhe sua vontade e condição de desempenhar um papel comprometido com a formação de indivíduos críticos, ativos e autônomos.

Sabe-se que é através do domínio efetivo da língua, que o indivíduo se torna capaz de observar, estabelecer comparações, concluir, transformar, opinar e participar. Mas sem a comunicação o indivíduo não existe, não ocupa lugar na sociedade e, por conseguinte não usufrui seu direito de ser. Cabe, então, aos professores dar aos alunos a oportunidade de escolher, conscientemente, sua forma de existência.

Como não se educa para algo no qual não se acredita, é necessário repensar nosso compromisso enquanto educadores para não sermos meros “professores-padrão” tolhidos pela burocracia educacional e para que, realmente, sejamos de grande valia aos nossos alunos.

Assim sendo, devemos vivenciar, refletir e construir, paulatinamente, a cidadania de nossos educandos com paciência, dedicação e exemplo, sendo tanto o professor quanto o ambiente escolar modelos nos quais os alunos possam se apoiar durante esse processo de construção.

Ponderando que é indispensável a inserção cultural do aluno na leitura por ele realizada, e visando o alcance dos objetivos propostos pelos PCNs, como professores, devemos, portanto, nortear nosso trabalho por meio de textos autênticos e significativos, ensinando aos alunos que importa além do que o que o texto diz, a maneira como ele diz.
Além das disciplinas básicas, há os temas transversais como os direitos e deveres de um cidadão que precisam e devem ser ensinados através de sua vivência dentro do espaço escolar e mais especificamente dentro da sala de aula. Precisamos, portanto, redirecionar todos os nossos esforços, voltá-los para a descoberta de novas maneiras que nos permitam fazer de nossos alunos competentes usuários da língua.

Para concluir, posso asseverar que há algumas atitudes que podem e devem ser acrescentadas à prática de professores, dentre elas: a prática da reflexão e da autoavaliação profissional; a realização de um trabalho coletivo nas escolas, a fim de que se trace o seu projeto de ensino; o conhecimento dos pais e/ou a comunidade quanto ao trabalho que se propõe. É preciso, ainda, que se contornem as dificuldades materiais presentes nas escolas para possibilitar ao aluno que se torne sujeito de sua aprendizagem e do seu discurso. Diante disso, a escola precisa sair da artificialidade das aulas, em busca de situações reais de interlocução, que permitam ao aluno dizer a sua palavra.

*Patrícia Ferreira Bianchini Borges

Atualmente é Assistente de Alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, licenciada em Letras pela Uniube – MG e pós-graduada em Estudos Lingüísticos: “Fundamentos para o Ensino e Pesquisa” pela UFU – MG. 

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