O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES E NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS
publicado em 04/11/2009
www.partes.com.br/educacao/estagiocurricular.asp
FELDKERCHER, Nadiane*
Existe uma grande expectativa quanto aos cursos de formação inicial de professores porém, a realidade nos mostra uma conjuntura difícil, a saber, a separação entre disciplinas específicas e pedagógicas, a dicotomia entre bacharelado e licenciatura e a desarticulação entre teoria e prática ou entre Universidade e escolas.
É nesse contexto de formação de professores que se situa o estágio curricular supervisionado. Para Selma Garrido Pimenta (2001, p. 76) o estágio é um “processo de apreensão da realidade”. Nesse sentido entendo que estagiar é muito mais do que dar aulas, é realmente se inserir no espaço escolar, conhecer sua realidade, identificar e diagnosticar seus problemas, participar da gestão da escola, “batalhar” pela aprendizagem de todos os alunos.
As políticas públicas educacionais, via de regra, são propostas para estabelecer normas, para aperfeiçoar o sistema educacional. E, essas leis, também apontam diretrizes para se superar as problemáticas (como as citadas anteriormente) encontradas na formação de professores e como também no estágio curricular supervisionado.
A partir da LDB/96 novas políticas de formação de professores foram sendo regulamentadas como, em 2002, as Resoluções 1 e 2 do Conselho Nacional de Educação – Conselho Pleno, que tratam, respectivamente, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica e, da duração e carga horária dos cursos de licenciatura. Estas resoluções trazem princípios orientadores para a organização e estruturação das licenciaturas, estabelecem que a prática pedagógica como componente curricular deve ser vivenciada durante todo o curso e que o estágio curricular deve iniciar na metade do curso. As duas Resoluções objetivam superar a ideia de que no estágio se encontra a parte prática e de que nas aulas encontra-se a parte teórica da formação de professores.
Porém, ao contrário do esperado, muitos pesquisadores da educação apontam que esta nova proposta não conseguiu superar as lacunas existentes na formação de professores e no estágio. Em muitos casos as Resoluções significaram somente a inclusão de horas no currículo dos cursos de licenciatura. Nesse sentido Maria de Lourdes Fávero (2001, p. 63-64) expressa que “embora, legalmente, ou em termos de discurso, o estágio curricular seja apresentado como elemento de integração entre teoria e prática, na realidade ele continua sendo um mecanismo de ajuste que busca solucionar ou acobertar a defasagem existente entre elementos teóricos e trabalhos práticos.”
Acredito que é possível desenvolvermos alternativas para superar as dificuldades enfrentadas pelo estágio. Para isso precisamos discutir as intenções das políticas educacionais para então pensarmos em soluções para a superação das lacunas existentes entre a legislação e a realidade do estágio.
Precisamos também compreender tanto a universidade como também a escola de educação básica como campos de formação, como detentoras de conhecimentos tanto teóricos quanto prático.
É preciso compreender ainda que a universidade ou os professores orientadores de estágio tem uma tarefa muito mais complexa do que somente inserir os estagiários na escola: estamos falando de formação de professores e não de simples observadores, auleiros ou executores de tarefas. Nesse sentido, o estágio nos cursos de formação de professores deve contribuir para que o professor em formação compreenda a amplitude da docência, continue construindo sua identidade profissional e desenvolva saberes necessários a prática pedagógica.
A partir dessas reflexões, compreendo que as relações estabelecidas entre universidade, professores universitários, professores em formação, professores da escola básica e escolas, no âmbito de estágio curricular supervisionado, são formas pelas quais as políticas públicas educacionais se mostram presentes no nosso dia-a-dia.
REFERÊNCIAS
FÁVERO, M. L. A. Universidade e estágio curricular: subsídios para discussão. In. LINHARES, C. et al. Formação de professores: pensar e fazer. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 53-71.
PIMENTA, S. G. O estágio na formação de professores: unidade, teoria e prática? 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.
Citar como:
FELDKERCHER, N. O estágio curricular supervisionado na formação de professores e nas políticas educacionais. In: Revista Virtual P@rtes. xxxxx
* Mestranda do PPGE – UFPel. E-mail: nadianefel@yahoo.com.br