Educação Educação educação ambiental Socioambiental

Educação Ambiental na Escola: características e dificuldades na sua aplicação

Pablo Sebastian Ferreira Araújo; Reinaldo Martins Lemos

publicado em 05/10/2009  www.partes.com.br/socioambiental/educacaoambientalnaescola.asp

 

Resumo 

Conhecer a realidade da educação ambiental no Brasil é imprescindível para o seu sucesso dentro ou fora da sala de aula. Portanto, para conhecer esta realidade foram verificados documentos disponibilizados por várias entidades, tanto organizações governamentais como não–governamentais, analisando os dados obtidos por estes documentos, com o objetivo de retratar as principais características e dificuldades enfrentadas pela educação ambiental no país. Foram analisados, neste trabalho, os resultados da pesquisa realizada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), realizada no período entre 2001 e 2004. Além de verificar o processo de formação dos professores analisando o estudo de caso da FURB (Universidade Regional de Blumenal), e consequentemente as principais dificuldades na aplicação da educação ambiental no sistema de ensino brasileiro.

Palavras – chave: educação ambiental, universidades, formação dos professores, aplicação. 

 

ABSTRACT 

Knowing the reality of environmental education in Brazil is essential to your success inside and outside the classroom. So to know this fact has been verified documents provided by various entities, both governmental and non-governmental organizations, the data obtained by analyzing these documents, aiming to portray the main features and difficulties faced by the environmental education in the country. Were analyzed in this study, the results of research undertaken by INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), held in the period between 2001 and 2004. Besides verifying the process of training teachers analyzing the case study of FURB (Universidade Regional de Blumenal), and consequently the main difficulties in implementing environmental education in the Brazilian education system.

Keywords: environmental education, universities, teacher training, implementation.

 

 

  1. Introdução

            Nas últimas décadas do século XX a educação ambiental alcançou um rápido crescimento da sua presença nas escolas brasileiras, isto se deve principalmente a sua institucionalização pelo governo federal, que com esta decisão visa à divulgação da educação ambiental em todos os setores da sociedade e a sua inclusão em todos os níveis de ensino.

         Com o intuito de atender as recomendações, decisões e tratados internacionais assumidos pela comunidade internacional, com relação à política ambiental, o Brasil compromete–se elaborando políticas e programas de cunho ambiental. Nesse sentido o governo brasileiro cria, o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), todos estes projetos tem como finalidade implementar políticas públicas destinadas ao setor educacional.

         Reconhecendo a importante presença da educação ambiental no sistema de ensino brasileiro, ela passa a integrar o Censo Escolar do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), a partir do ano de 2001. Através deste censo é possível constatar que é crescente o número de escolas onde a educação ambiental é trabalhada em alguma de suas modalidades.

Os estudos desenvolvidos a partir dos dados obtidos pelo Censo Escolar, entre os anos de 2001 e 2004, possibilitaram traçar um perfil com as principais características da educação ambiental no ensino fundamental brasileiro. Porém, Castro (2009), afirma que esses números não explicam qual tipo de educação ambiental tem sido praticada nos estabelecimentos de ensino, nem suas intencionalidades ou resultados obtidos.

Com a finalidade de entender melhor como a educação ambiental é processada e significada nos diferentes contextos escolares foi criado um projeto conjunto entre o Inep, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC) e a Associação Nacional de Pesquisa em Educação, visando colaborar com o aprofundamento dos debates sobre as principais problemáticas encontradas na aplicação da educação ambiental no Brasil, a fim de contribuir para a implementação de políticas e programas específicos ao setor.

O projeto intitulado: “O que fazem as escolas que dizem que fazem a educação ambiental?”, é desenvolvido em três etapas, sendo que na primeira etapa é analisado apenas o número de escolas, que declararam trabalhar com a temática ambiental em algumas de suas modalidades, Projetos, Disciplinas Especificas ou  Inserção da Temática Ambiental no Currículo. As etapas seguintes são destinadas à estruturação de uma metodologia básica para a realização de pesquisas mais aprofundadas, que será desenvolvida em conjunto por especialistas das universidades federais de cada região do país, e na última etapa haverá o fomento de estudos de caso, etnografias e outras pesquisas sobre a práxis em educação ambiental.

Além das questões relacionadas ao acesso da educação ambiental na rede de ensino brasileira, também foram abordados os aspectos relacionados à formação dos professores, pois, eles têm papel fundamental na divulgação dos princípios da educação ambiental. Através da análise dos dados obtidos por estudos de caso desenvolvidos em três regiões distintas do país, foi possível traçar o perfil dos profissionais que trabalham com educação ambiental, abordando aspectos desde o seu início na faculdade até sua atuação na sala de aula.

 

  1. As características da educação ambiental nas escolas brasileiras

Os resultados apresentados pelo relatório revelam a historia de uma expansão agressiva e acelerada do acesso à educação ambiental em um breve período de tempo (VEIGA et al., 2005). De acordo com o Censo Escolar realizado pelo Inep no ano de 2001 o número de escolas que ofereciam educação ambiental era de 115 mil, no ano de 2004 este número aumenta para aproximadamente 152 mil escolas, apresentando assim uma taxa de crescimento de 32% durante o período de analise.

O crescimento do número de escolas do ensino fundamental que oferecem educação ambiental, durante o período em questão, permite diagnosticar a diminuição dos desequilíbrios e das heterogeneidades entre as regiões brasileiras. Estes dados também permitem a constatação de um aumento significativo no acesso à educação ambiental, impulsionado por programas e políticas destinadas ao setor.

Também está presente no relatório de Veiga et al. (2005), as principais características e dinâmicas das modalidades de aplicação da educação ambiental, mais utilizada no sistema de ensino brasileiro: Projetos (PR), Disciplinas Especiais (DE) e Inserção da Temática Ambiental nas Disciplinas (ITAD). Nesta parte os números apresentados indicam que em 2001 do total das escolas do ensino fundamental que oferecem educação ambiental, cerca de 94 mil escolas ofereciam ITAD, 33,6 mil escolas, PR e apenas 2,9 mil escolas ofereciam DE.

É importante ressaltar que as taxas de crescimento verificadas durante o período de análise demonstram que, as modalidades Projeto e Disciplinas Especiais, apontam para valores muito elevados, ambos em torno de 90%. Quanto que para a modalidade Inserção da Temática Ambiental nas Disciplinas, a taxa de crescimento foi de apenas 17%, a explicação para este fato é o elevado número de escolas que já ofereciam esta modalidade em 2001.

A resposta para essa grande diferença de crescimento entre as modalidades PR e DE e a modalidade ITAD, esta na baixa taxa de crescimento apresentada por esta modalidade no período sob análise, isto deve-se a dois fatores, o primeiro são os altos valores apresentados pela modalidade ITAD em 2001, o segundo fator é devido ao forte crescimento das outras duas modalidades em comparação com o crescimento da modalidade ITAD.

A destinação final do lixo produzido nas escolas que oferecem educação ambiental também foi investigada. De acordo as tabulações do Censo Escolar, o lixo pode ter cinco destinos: coleta periódica, reutilização, queima, reciclagem ou ser jogado em outra área. Para Veiga et al. (2005), a coleta periódica, a reutilização e a reciclagem do lixo são consideradas práticas corretas do ponto de vista ambiental, já queimar ou jogar o lixo em outras áreas contribuem para o aumento do risco ambiental, além de criar um conflito ético entre o que a educação ambiental prega e o que é praticado por essas escolas.

Apesar de ter ocorrido um aumento significativo do acesso à educação ambiental no país, práticas consideradas ambientalmente incorretas ainda predominam em muitas escolas que oferecem educação ambiental, principalmente com relação ao manejo do lixo.

Os resultados obtidos através do Censo Escolar, realizado pelo Inep, demonstram que no ano de 2004, cerca de 49,3% das escolas que oferecem educação ambiental no país apresentavam como pratica comum, a coleta periódica do lixo, para a sua destinação final; infelizmente a segunda posição, com 41,3% do total, ficou com as escolas que tinham como pratica comum a queima do lixo; e as escolas que utilizavam a pratica de jogar o seu lixo em outras áreas ficou na terceira posição, com 11,9%; já as escolas que praticam a reutilização  ou reciclagem do lixo alcançam apenas os 5,5% do total (0,9% e 4,6%, respectivamente). Esses números revelam as deficiências encontradas na aplicação dos princípios da educação ambiental nas escolas brasileiras.

É revelado pelo relatório que as práticas consideradas ambientalmente corretas, como no caso da coleta periódica do lixo, são praticadas em sua maioria nas escolas particulares e federais, em 2004, 97% dessas escolas utilizaram este serviço. Outros aspectos identificados neste relatório, afirmam que as escolas particulares lideram a reutilização e a reciclagem do lixo, com 1,04% e 8,6%, respectivamente em segundo lugar nestes quesitos estão às escolas federais, com 8,1%. Por outro lado as escolas estaduais ocupam o segundo lugar na reutilização do lixo, com 1%.

Esses dados afirmam que as escolas particulares e federais são as que possuem as melhores práticas no que diz respeito à destinação do lixo. Já as escolas municipais foram as que mais utilizaram práticas ambientalmente incorretas, demonstrando assim, um processo de deterioração crescente nestas praticas por parte das escolas municipais.

Além do acesso a educação ambiental, modalidade de aplicação e o manejo do lixo nas escolas que oferecem educação ambiental, também foram mensurados a participação das escolas que oferecem educação ambiental em atividades comunitárias. Para Veiga et al. (2005, p. XX):

Uma das funções mais importantes da escola é seu poder de transformação da comunidade em que esta inserida. Por outro lado, é na temática ambiental que a escola poderia apresentar um impacto significativo na sociedade, mediante a criação de canais de comunicação com a população que possibilitem a discussão e reflexão sobre o papel dos cidadãos quanto ao meio ambiente.

A participação das escolas, que oferecem educação ambiental, em atividades comunitárias no Brasil é de apenas 37,18%, sendo que a sua participação esta distribuída em três atividades básicas: manutenção de hortas, pomares e jardins, mutirão de limpeza da escola, e manutenção da estrutura física da escola.

Com estes resultados ficam constatados que, apenas 8,8% das escolas que oferecem educação ambiental participam de atividades de manutenção de hortas, pomares e jardins; em termos absolutos, isto representa, aproximadamente, 13,4 mil escolas, das 152 mil que oferecem educação ambiental. A atividade com maior participação no país nas escolas que oferecem educação ambiental corresponde ao mutirão de limpeza da escola, com 17,9% (27,2 mil escolas). A participação das escolas que oferecem educação ambiental, nas atividades de manutenção da estrutura física da escola, corresponde a 10,5% (aproximadamente 15,9 mil escolas).

Portanto, para que a participação das escolas em atividades comunitárias ainda tem muito que avançar. Como referido anteriormente, os números apresentados pelo Censo Escolar demonstram uma participação muito baixa em qualquer uma das três atividades estudadas, sendo assim é preciso incrementar a participação das escolas em atividades comunitárias.

 

  1. As deficiências na formação do professor

           

            Muitos debates estão sendo travados mundo a fora sobre a melhor maneira de se trabalhar a educação ambiental nas escolas ou qualquer outro espaço social. Para isto, foram assinados tratados recomendando a sua aplicação, neste contexto o Brasil incorporou suas propostas na Constituição Federal de 1988, e a partir disto surgiram leis, políticas e programas para validar o seu uso, mas ainda assim, podemos observar algumas falhas na sua aplicação.

         Isto nos leva a refletir sobre o aspecto da formação profissional, que irá capacitar os professores para trabalhar com a educação ambiental nas escolas e fora delas, isto possibilitará a realização ou não de trabalhos sérios e comprometidos com a causa ambiental ou como vem acontecendo mais comumente, à elaboração e a execução de projetos ineficientes e sem nenhum comprometimento com a problemática ambiental.

         Na opinião de Travassos (2006), uma visão da educação para o meio ambiente tem que ser mais ampla, deve envolver as pessoas da comunidade, os currículos escolares e a preparação dos professores em geral, portanto para o sucesso desta proposta é preciso que as instituições de ensino superior estejam aptas a preparar o profissional de qualquer área do conhecimento a atuar de forma interdisciplinar como exige a natureza da educação ambiental.  Segundo Moraes et al.(2009, p. XX):

Sabe – se que as instituições de ensino superior apresentam–se hoje, como um segmento importante para a consolidação e produção do novo saber ambiental que os novos tempos exigem. Como destaca Morales, a universidade, como instituição de investigação e centro de educação técnica e superior, tem papel essencial na reconfiguração de mundo e, portanto, deve assumir a responsabilidade maior no processo de produção e incorporação da dimensão ambiental nos sistemas de educação e formação profissional. Devem também propiciar aos profissionais educadores ambientais, fundamentos teóricos – práticos indispensáveis para compreender, analisar, refletir e reorientar seu fazer profissional numa perspectiva ambiental.

Desta forma é preciso que as instituições de ensino superior estejam preparadas para desenvolver nos seus cursos de graduação uma prática crítica e reflexiva para proporcionar a formação de um profissional ambientalmente mais capacitado para lidar com as novas demandas. Porém, antes de qualquer ação é necessária a mudança de pensamento, principalmente nas instituições de nível superior, para assim possibilitar uma compreensão mais holística da problemática ambiental.

Estudos realizados na universidade regional de Blumenal (FURB), em Santa Catarina, corroboram com o que já foi mencionado anteriormente, os dados obtidos por esta pesquisa revelam que nos 10 cursos de licenciatura pesquisados são oferecidas apenas 15 disciplinas com conteúdos ambientais, sendo uma disciplina oferecida como optativa. Percebeu–se que existem varias inserções de temas ambientais nas atividades de ensino da FURB, porém, estas inserções são fragmentadas, isoladas, sem diretrizes definidas ou uma inter–relação entre si.

O trabalho de Verdi e Pereira (2009) também comparam essa incorporação em outras instituições de ensino superior no país. Nesta comparação é possível identificar muitas e variadas atividades de ensino, pesquisa e extensão voltada para a área ambiental. Através da identificação dessas atividades, pode–se concluir que, assim como na FURB outras instituições de ensino superior também apresenta essa incorporação de forma fragmentada.

Sendo assim, o conceito de meio ambiente é influenciado pela área de formação do professor, chamando atenção para o grande número de professores que associam meio ambiente aos recursos naturais sem entender o ser humano como parte do meio. Outro fato identificado na pesquisa diz respeito a formação dos professores dessa Universidade. Constatou– e que a maioria dos professores da FURB não possui ou não tiveram formação na graduação ou na pós – graduação na temática ambiental, nem participam de cursos na área ambiental, deixando evidente a falta de preparo da maioria dos educadores para lidar com as questões ambientais.

Na visão de Verdi e Pereira (2009), falta unir em um único eixo as ações já existentes, porém isoladas. Em um número considerável de universidades é possível observar a inserção de disciplinas especificas de Educação Ambiental, tentando preencher as lacunas existentes.

Os resultados encontrados nos cursos de graduação, oferecidos pelas universidades, colaboram com a realidade encontrada em muitas escolas país afora, onde o despreparo do professor é refletido através de práticas inadequadas na aplicação da educação ambiental.

Pesquisas realizadas em escolas da rede pública e particular mostram resultados que reforçam o quadro encontrado nas instituições de ensino superior. Em sua pesquisa Travassos (2006), constata que, 87,5% dos professores entrevistados afirmaram que durante a graduação não tiveram uma preparação adequada para tratar da educação ambiental no exercício da sua profissão.

Estudos realizados por Viana e Oliveira (2009), acompanham essa mesma tendência, onde cerca de 80% dos profissionais que trabalham na instituição de ensino, onde ocorreu a pesquisa, afirmaram não ter recebido uma preparação adequada durante a graduação. Por causa da deficiência na formação dos professores fica difícil que políticas públicas destinadas às questões ambientais sejam cumpridas de maneira eficiente dentro das escolas.

 

  1. Mudança de paradigma

 

A ruptura de um paradigma decorre da existência de um conjunto de problemas cujas soluções já não se encontram no horizonte de determinado campo teórico, dando origem a anomalias ameaçadoras da construção científica (Moraes, 1997). Atualmente a educação, como um todo, passa por um momento de instabilidade, demonstrando sinais eminentes de uma mudança nos seus principais modelos teóricos, ou seja, uma ruptura com o paradigma educacional tradicional. Esta movimentação é impulsionada pelos novos desafios, que provoca a elaboração de novas formulas para a solução dos novos problemas.

Diante do que foi citado, o problema ambiental têm se mostrado como um dos principais elementos causadores da desestabilização do paradigma educacional vigente, pois, requer uma nova postura mais participativa e ágil por parte da escola na localidade onde ela esta inserida. Por causa disto tem ocorrido novos debates, articulações e reflexões, tendo como base os novos fundamentos científicos e educacionais.

Com o agravamento da problemática ambiental, e com os avanços tecnológicos, ocorridos nas últimas décadas do século passado e no início do século XXI, principalmente na área da informação, têm acarretado o surgimento de novos desafios ecológicos e sociais, que necessitam de respostas cada vez mais justas e equilibradas. Frente a estes novos desafios surgem novos pensamentos, propondo modelos inovadores e provocando a transição de um paradigma para outro.

Mas, apesar de todas as críticas, debates e reflexões ocorridos acerca do pensamento moderno, cuja principal característica é a exacerbação do uso da ciência e da razão para orientar a ação humana frente aos fenômenos naturais e da vida em sociedade (CASTRO et al., 2002), ainda assim, o que temos é uma escola fundamentada nos ideais iluministas, onde se prioriza a razão e o discurso científico como forma de instrumentalizar as capacidades intelectuais e cognitivas, concebendo a escola características de reprodutora da ideologia dominante. Neste contexto a educação ambiental surge como uma proposta educativa, que contesta o modelo de exploração do meio ambiente e, consequentemente, da sociedade moderna.

Desta forma a universidade seria o espaço natural para essa tomada de consciência, pois, ela como instituição responsável pela produção de conhecimento e de formação profissional deve estar à frente destas transformações, assumindo assim, papel relevante na modificação da realidade ambiental.

Moraes et al. (2009), reforçam o que já foi mencionado, lembrando que as Instituições de Ensino Superior têm a responsabilidade de integrar–se à sociedade, promovendo a integração de saberes e buscando adquirir uma práxis critica e reflexiva promovendo a formação ambiental dos discentes e mudanças paradigmáticas dos docentes. Entretanto isto ainda não tem acontecido de forma rápida e articulada, pois, muitas universidades ainda estão isoladas dentro de seus muros e afastadas da vida cotidiana.

Porém, com a crescente tomada de consciência sobre os problemas ambientais, surge a necessidade da formação de educadores ambientais preparados para buscar soluções mediatas para essa situação. Para Castro et al. (2002, p. XX):

Cabe destacar que a formação de educadores ambientais implica uma formulação metodológica, conceitual e curricular, ou, ainda, um novo tipo de docente. Esse professor deve assumir o conhecimento enquanto processo dialético resultante da interação entre o sujeito e objeto do conhecimento, a dimensão afetiva, a complexidade, a contextualização dos problemas ambientais.

Para a concretização dos princípios da educação ambiental dentro das instituições de ensino superior deve ser considerada a problemática ambiental, fazendo com que as praticas pedagógica não fiquem restritas apenas a ações pontuais que buscam a promoção de mudanças individuais no comportamento das pessoas.

  1. Considerações finais

         Com o estudo desenvolvido neste trabalho foi possível traçar um perfil com as principais características da educação ambiental praticada no Brasil. Ficou constatado neste estudo que houve uma rápida expansão da educação ambiental nas escolas brasileiras, isto se deve principalmente aos Parâmetros Curriculares Nacionais, que incorporou a educação ambiental como um dos seus temas transversais, impulsionando a sua aplicação em inúmeras escolas país afora.

Mas, apesar da expansão da educação ambiental relatada pela pesquisa, ter sido grande, o que mais chamou atenção aqui, foi o fato de escolas que oferecem educação ambiental manterem atitudes ambientalmente incorretas principalmente no que diz respeito ao manejo do lixo, sendo que a maior parte das escolas respondeu que queimam ou jogam o lixo em outra área, contradizendo os princípios da educação ambiental.

A explicação para este fato esta na formação deficiente dos professores e demais profissionais que trabalham na educação (serventes, merendeiras, porteiros etc.) que é a realidade identificada no cotidiano de várias escolas brasileiras. Devido a esse despreparo torna–se difícil trabalhar com as sugestões apresentadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais deixando a desejar a sua aplicação dentro e fora da sala de aula.

Para sanarmos alguns dos problemas identificados neste trabalho será necessário mais do que políticas públicas, elaboração de programas, diretrizes ou parâmetros que sirvam de modelos para uma transformação profunda na sociedade atual. É preciso uma revisão dos princípios éticos responsáveis pela intermediação das relações interpessoais e sociais; é preciso repensar o modelo de sociedade que impera no mundo (MORAES, 1997).

Portanto se quisermos contribuir para a formação de sujeitos cujas atitudes sejam baseadas em pressupostos éticos que conduzam suas ações de forma a proporcionar uma atuação de forma responsável e solidária frente aos problemas sócio–ambientais do seu cotidiano, é preciso adotar um currículo que rompa com os valores antropocêntricos vigentes, e desperte uma consciência ambiental no homem, concebendo–o de forma sistêmica, inseparável do meio no qual habita.

Referências Consultadas

 

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Pablo Sebastian Ferreira Araújo Graduado em Geografia e Especialista em Educação Geoambiental, e-mail: pablopsf@hotmail.com;

Reinaldo Martins Lemos Professor convidado no Curso de Especialização em Educação Geoambiental – FACSUL/UNIME, e-mail: reilemos@bol.com.br

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