Sustentabilidade e a
indústria do plástico
Merheg Cachum*
Está sendo elaborado o Manual de Produção Mais Limpa para a Indústria de Transformação de Material Plástico, cujo lançamento deverá ocorrer no segundo semestre deste ano. O objetivo da publicação é orientar as empresas quanto à atenuação na fonte e destinação correta dos resíduos, economia de matéria-prima, energia elétrica, água e ar comprimido, bem como a recuperação e reciclagem de materiais. Trata-se de trabalho do Sindiplast (Sindicato da Indústria do Plástico), em parceria com a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O trabalho, do qual têm participado várias indústrias transformadoras de material plástico, é uma resposta do setor ao inadiável desafio da sustentabilidade. Trata-se de iniciativa que também demonstra ser absolutamente possível a mobilização articulada da sociedade e do setor público, visando ao bem comum, à melhoria da qualidade da vida e ao desenvolvimento responsável, com respeito ao meio ambiente e à salubridade dos ambientes de trabalho.
A mobilização do ramo de transformação do plástico em prol da produção mais limpa e ecologicamente correta é muito relevante para toda a indústria brasileira. Isto, porque o setor, o sétimo maior da economia nacional, está presente em praticamente todos os segmentos da manufatura e cadeias de suprimentos, incluindo os automóveis, eletroeletrônicos, linha branca, computadores, construção civil e embalagens, dentre outros.
O plástico, portanto, é componente destacado de uma infinidade de bens e produtos destinados ao consumidor final. Assim, é insumo de alta demanda e cuja produção limpa reflete-se de maneira muito ampla e abrangente nos sistemas produtivos. Considerando ser a responsabilidade socioambiental uma exigência cada vez mais recorrente entre clientes, fornecedores de matérias-primas, fabricantes e o consumidor, é crucial que esteja presente na transformação do plástico, por seu efeito multiplicador no contexto geral da indústria.
A produção mais limpa no setor vai ao encontro do mais contemporâneo conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja, um fator condicionante à longevidade do ser humano, no contexto de uma sociedade global mais próspera, justa e harmoniosa. A equação da sobrevivência implica, necessariamente, a convivência harmoniosa da produção com a preservação ambiental e dos recursos naturais.
Desse modo, é lamentável constatar que tais conceitos parecem ainda não ter sensibilizado unanimemente as lideranças mundiais. Assim, é fundamental continuar disseminando a consciência sobre esses valores. Para isso, nada melhor e mais eficaz do que a prática do chão de fábrica, em um setor tão abrangente e de alta capilaridade. Estimular esse processo é o propósito do Manual de Produção Mais Limpa para a Indústria de Transformação de Material Plástico.
Além dos benefícios intrínsecos à responsabilidade socioambiental, o conceito de produção mais limpa contribui para a redução de custos, melhoria da produtividade, pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e tecnologia avançada. Ademais, torna possível que numerosos setores atendam a um dos requisitos mais fundamentais do marketing atual: empresas ecologicamente corretas agregam muito valor à sua imagem e desfrutam de vantagens comerciais, considerando que o consumidor-cidadão valoriza muito os princípios éticos, ambientais e politicamente corretos.
Por todos esses aspectos, o compromisso relativo ao desenvolvimento sustentável, que consiste em gerar riquezas com responsabilidade ambiental e social, precisa agregar-se de modo definitivo ao rol de prioridades da indústria, a começar pelos segmentos fornecedores de insumos e componentes, como o do plástico. A presente civilização somente será vencedora no enfrentamento do desafio da sustentabilidade se todos entenderem o quanto é crucial fazer a sua parte na viabilização do futuro.
*Merheg Cachum é presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria do Plástico (Sindiplast).