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Avaliação da aprendizagem Escolar: O papel da avaliação e sua utilização pelo professor na sala de aula

Rose Carla Mendes Oleques[*]

publicado em 07/05/2009

 

Considerações Iniciais

Este trabalho busca compreender como a avaliação é utilizada pelo professor na sala de aula para avaliar se aluno aprendeu, o conteúdo, e se este sabe aplicar suas habilidades em circunstâncias em que dele será exigido utilizar todo o seu conhecimento prévio, argumentações em atividades orais e escritas, ou seja, quando as habilidades do educando serão avaliadas. Exemplo disso, a prova, que é tão temida pelos aprendizes e usada muitas vezes como instrumento de autoritarismo pelo educador.

Outros fatores a ser estudados dizem respeito aos aspectos positivos e negativos da avaliação e o que o erro significa no processo de ensino/aprendizagem do aluno. Para o trânsito dessas questões, a fim de buscar base teórica para desenvolver este estudo. Fez-se necessária uma revisão bibliográfica relacionada ao ensino, a aprendizagem e a avaliação escolar utilizando autores como: Esteban (1999), Luckesi (2006), Ferreira (2004), Werneck (1992), entre outros.

O ato de ensinar e de aprender está relacionado a realizações de mudanças e aquisições de comportamento, tanto motores, cognitivos, quanto afetivos e sociais. Com base nesses preceitos, a avaliação, ou seja, o ato de avaliar consiste em verificar se estes tais comportamentos estão sendo realmente alcançados no grau exigido pelo professor servindo de suporte para que o aluno progrida na aprendizagem e na construção do saber.

Com isso, avaliação tem o papel de orientar o aluno a tomar consciência de seus conhecimentos, ter posicionamento crítico e saber se está avançando na superação das dificuldades para continuar progredindo no processo de ensino aprendizagem.

Existem, ainda hoje, professores que se preocupam em fazer uso da avaliação como instrumento de tortura, pressão e controle do comportamento prendendo-se em respostas “mecânicas” como certo/errado valorizando o “produto” final e não compreendem todo o processo que o aluno chegou para dar aquela resposta.

O professor, então, tendo observado o “mau comportamento” dos alunos, sente-se tentado ameaça-los com a arma poderosa da avaliação, dizendo que irá tirar-lhes pontos, chamará os pais, irá colocá-los para fora da sala, encaminhá-los para a coordenação, etc. Nesta concepção, o mais comum é o professor, não conseguindo motivar o aluno para o trabalho, comece a usar a nota como um instrumento de pressão para obter a disciplina e participação, contribuindo assim, para a sua alienação. (FERREIRA, 2004, p.9).

Para a mesma autora, muitas vezes as avaliações são realizadas como julgamento das capacidades, sem nada a contribuir para o desenvolvimento do educando, não sendo levado em conta, o modo como essa avaliação está sendo feita como, por exemplo: trabalhos avaliativos, provas orais ou escritas de dupla ou individual e saber que cada aluno é diferente no processo de ensino-aprendizagem um do outro.

Outra forma, que a avaliação é utilizada pelo educador é a de uma mera reprodução e repetição dos conteúdos e conhecimentos, assim preocupam-se em vencer os conteúdos programáticos.

A desvalorização por boa parte dos professores dos conhecimentos que os alunos trazem de sua vivência no cotidiano faz com que muitas vezes estes fiquem quase que totalmente desmotivados para a aprendizagem que deles vai ser exigidas pelo currículo escolar. Se o aluno não conseguiu apreender os conhecimentos e competências que a instituição pretendia que ele o fizesse, é classificado como fracassado. (SANTOS, 2007, p.1).

Na maioria das vezes, a avaliação é vista pelos olhos dos alunos como uma promoção e não como parte do processo de ensino-aprendizagem, assim como um castigo, não podendo sair, brincar porque tem prova e pelos olhos da maioria professores um meio de demonstrar a autoridade.

Aspectos Positivos e Negativos da avaliação

Dentro da sala de aula, o termo avaliar está, intimamente relacionado à resolução de provas, exames, resultado de nota, ser aprovado ou reprovado. Em meio a esses fatores, a prova torna-se instrumento característico de todo processo de uma avaliação tradicional, mas pode também ser de muita utilidade para o professor e aluno saberem em que medida o processo de ensino-aprendizagem está útil para a formação do conhecimento do aluno.

Nessa perspectiva, Smole (2008, p.1) nos coloca que “esse instrumento é adequado especialmente quando desejamos avaliar procedimentos específicos, a capacidade de organizar ideias, a clareza da expressão e a possibilidade de apresentar soluções originais”.

Assim, a avaliação tem seu lado positivo e negativo. O primeiro pode ser atribuído ao fato da avaliação admitir uma função de orientadora e cooperativa, sendo assim, realizada de uma forma contínua, cumulativa e ordenada dentro da sala de aula com o objetivo de fazer um diagnóstico da situação de aprendizagem de cada educando, em relação aos conteúdos passados pelo professor, desse modo, verificando se o aluno está progredindo no processo de ensino-aprendizagem.

A avaliação, dessa forma, tem uma função prognostica que avalia os conhecimentos prévios dos alunos, considerada a avaliação de entrada, avaliação de input; uma função diagnóstica, do dia-a-dia , a fim de verificar quem absorveu todos conhecimentos e adquiriu as habilidades previstas nos objetivos estabelecidos. (HAMZE, 2007, p.1).

Por outro lado, a avaliação está voltada com a função de classificação, apresentando o lado negativo, pois o aluno que não alcançou a média fica sob a visão de excluído e fracassado perante os colegas de classe, professores e escola, ocasionando muitas vezes a evasão escolar.

De acordo com Luckesi (2006), a avaliação que é praticada na escola é sinônimo da avaliação da culpa. As notas são usadas para como índices de classificação de alunos, onde os desempenhos são comparados e não perspectivas que se desejam atingir.

O que significa em termos de avaliação um aluno ter obtido nota 5,0 ou média 5,0? E o que tirou 4,0? O primeiro, na maioria das escolas está aprovado, enquanto o segundo, reprovado. O que o primeiro sabe é considerado suficiente. Suficiente para quê? E o que ele não sabe? O que ele deixou de “saber” não pode ser mais importante do que o que ele “sabe”? E o que o aluno que tirou 4,0 “sabe” não pode ser mais importante do que aquilo que não “sabe”? (SMOLE, 2008, p.1).

Dentro do contexto da avaliação temos o erro, significando algo que não ocorreu de maneira correta. No entanto, esse erro pode ser útil vindo a ser utilizado como fonte de virtude para aprendizagem escolar, pois tanto para o professor quanto para o aluno ao reconhecerem a origem e a constituição dos seus erros passam a superá-los, tornando assim um “obstáculo vencido” e uma avaliação adequada.

Luckesi (2006) afirma quando o professor atribui uma atividade a seus alunos e observa que estes não conseguem obter o resultado esperado, o educador deve conversar com seu aluno e verificar o porquê desse erro e como foi cometido. Esse autor ainda ressalta que, na maioria das vezes, é frequente o aluno dizer que só agora ele percebeu o que era para fazer, ou seja, o erro conscientemente elaborado possibilita o avanço.

Sintetizando, muito pelo contrário que muitas pessoas pensam (alunos, pais e professores) o erro significa para o processo de ensino-aprendizagem um fator positivo. Esteban (1999) refere-se ao erro um processo de construção de conhecimento e avaliar é estar sempre fazendo questionamentos é questionar-se.

 

Considerações Finais

O papel da avaliação e sua utilização pelo professor em sala de aula é um grande desafio, pois é através dela, que o ato de ensinar e de aprender vão estar inclusos no processo de ensino-aprendizagem. Nessa concepção, a avaliação é encarada como um aprendizado mútuo, interativo, na qual o professor desafia o aluno na superação dos obstáculos fazendo com que, o aprendiz tome consciência de sua dificuldade e avanço, exemplo disso, é a avaliação dialógica.

Na visão de Hamze (2007) esta avaliação culmina na interação e no sucesso da aprendizagem, pois o diálogo é fundamental, e o professor através dele se comunica de maneira adequada, satisfatória e prazerosa.

Nessa perspectiva, Esteban (1999, p.18), nos coloca que “ao dialogar com o aluno, ainda que brevemente, e ao dispor a aprender com ele, o professor desfaz muros e restabelece laços”.

A avaliação deve servir de suporte para ajudar o educando a aprender, e o professor a não somente ensinar, mas acompanhar o desenvolvimento do pensar dos alunos, nas diferentes áreas do saber, contextualizá-las e torná-las significativas, não sendo feita de modo isolado, e sempre buscar com o aluno o aprender a aprender. Dessa forma, ela não deve ser usada como um instrumento de tortura pelos professores, classificatória ocasionando uma exclusão, mas sim aplicada de uma forma bastante clara, na qual o aluno deve saber como ele será avaliado, sintetizando a prova é uma das avaliações mais conhecidas e temidas pelos alunos, portanto, apresenta pontos positivos e negativos no processo de ensino-aprendizagem.

Para Hoffmann (1993) a avaliação pode ser entendida como uma atividade constante do professor que segue passo a passo o processo de ensino-aprendizagem. Pela avaliação é possível analisar os resultados obtidos pelo aluno, comparando-os aos objetos propostos, verificando os progressos e dificuldades, na qual o professor deve saber que cada aluno possui um modo de aprender diferente e utilizar metodologias adequadas para seus alunos.

Para que a avaliação não se torne opressiva a prática da auto-avaliação é muito significativa para os alunos, pois eles reconhecem seus pontos fortes e fracos, erros e acertos, responsabilizando-se por suas atitudes e no desenvolvimento crítico. Assim sendo, o erro, nos diferentes tipos de provas propostas pelo educador, sejam elas da auto-avaliação, individual, de consulta, em dupla, entre outras, não deve servir como fator negativo, mas como benefício no processo de aprendizagem, construção do conhecimento.

O erro, muitas vezes mais que o acerto, revela o que a criança “sabe” colocando este saber numa perspectiva processual, indicando também aquilo que ela “ainda não sabe”, portanto o que ela pode vir, a saber. […] O erro aporta aspectos significativos para o processo de investigação ao sinalizar que a criança está seguindo trajetos diferentes (originais, criativos, novos, impossíveis?) dos propostos e esperados pelo professor.

Para finalizar, pode-se definir que a avaliação se constitui de várias questões educacionais, onde sendo mal empregada causa frustrações aos alunos, especialmente quando os professores utilizam-se de práticas classificatórias, onde excluem aqueles que apresentam um baixo rendimento, ocasionando os altos índices de reprovação e evasão escolar.

Werneck (1992, p.43) diz que “corrigir uma prova somente pelas respostas inclui uma grande distorção no processo de aprendizagem. Desvaloriza-se uma série de manifestações do saber pelo fato de se nivelar por baixo”.

A avaliação escolar é muito importante, pois faz com que o aluno assuma poder sobre si mesmo, tenha consciência do que é capaz de melhorar. Desse modo, o professor assumindo uma pedagogia dinâmica deve oferecer ao aprendiz diversos tipos de estratégias que satisfaçam as competências e capacidades e que sejam significativas. Portanto, avaliação deve fazer parte do processo de ensino-aprendizagem, para que professores acompanhem o desenvolvimento dos conhecimentos dos alunos e os mesmos saibam se estão progredindo, interagem um com outro, sancionem dúvidas, para isso a prova não deve ser exigida além do que o professor ensinou, tampouco, ela deve ser menos exigida, como aplicar uma prova “mais fácil” e não exigir que o aluno pense, mas sim decore.

Os professores devem ter em mente que para aplicarem uma avaliação devem pensar nas seguintes questões: Que problema (s) o aluno está enfrentando em relação aos conteúdos? Por que não consegui chegar ao resultado esperado? Qual o método de aprendizagem desenvolvido está de acordo com o que está sendo desenvolvido em aula? E os significados estão sendo significativos para o aluno? São através desses questionamentos que o professor vai realizar uma avaliação adequada, justa e tomar decisões para aprimorar as práticas educativas e as intervenções em relação ao processo de aprendizagem do aluno.

Referências Bibliográficas

ESTEBAN, Maria Teresa (Org). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

FERREIRA, Luciana Almeida Severo. Avaliação: os professores sabem seu real significado. Santa Maria, 2004. Dissertação (Especialização em Gestão Educacional) – Centro de Educação. Universidade Federal de Santa Maria, 2004.

HAMZE, Amélia. Avaliação Escolar. Brasil Escola, 2007. Disponível em: <: http://pedagogia.brasilescola.com/trabalho-docente/avaliacao-escolar.htm>. Acesso em 16 mai. 2008.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora. Porto Alegre: Mediação, 1993.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 18 ed. São Paulo: 2006.

SANTOS, Marlene Mendes de Castro. Avaliação escolar: o que significa? Disponível em: < http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/disability-ability-studies-education/1658723-avalia%C3%A7%C3%A3o-escolar-que-significa/>. Acesso em 16 mai. 2008.

SMOLE, Kátia Cristina Stocco. Avaliação escolar- provas: elas não são as vilãs da história. RSE. Informa, n.69. 2008. Disponível em<: http://rseinforma.rse.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=7349&Itemid=97>. Acesso em 16 mai. 2008.

WERNECK, Hamilton. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. 22 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.

 

[*] Graduada em Letras Licenciatura Plena Habilitação Português e Espanhol, Especializanda em Gestão Educacional/ UFSM. E-mail: rosecarlaoleques@yahoo.com.br

Rose Carla Mendes Oleques é graduada em Letras Licenciatura Plena Habilitação Português e Espanhol, Especializanda em Gestão Educacional/ UFSM. E-mail: rosecarlaoleques@yahoo.com.br

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