Mauro Arce*
Alguns anos atrás, lixo não era uma coisa que se falasse muito. A questão sempre era meio desprezada, assim como muitas outras questões ambientais que entraram na agenda das empresas, governos e cidadãos somente nas últimas duas ou três décadas.
Sabemos que tudo que é novo leva um tempo para ser incorporado e absorvido, por isso, ainda hoje, vemos ações que prejudicam o meio ambiente feitas involuntariamente e, às vezes, voluntariamente pelas pessoas. Um exemplo típico é a tal embalagem de alimentos jogada pela janela do carro.
Estimativas de diversas fontes mostram que cada pessoa pode gerar de 300 gramas a 3 quilos de lixo por dia. Essa enorme variação se deve principalmente ao padrão de consumo de cada um. Ou seja, quanto maior for o poder aquisitivo da pessoa, mais lixo ela produzirá.
Ao problema de geração de lixo une-se a questão dos seus depósitos. Deixá-los jogado na natureza é algo extremamente danoso. Uma lata de alumínio ou uma garrafa de Pet podem demorar 500 anos na decomposição. O vidro, muito mais. Além disso, essa decomposição faz a natureza absorver produtos químicos e outras substâncias sintéticas que não faziam parte da sua composição geológica original, prejudicando solos e lençóis freáticos.
Mas vamos à questão pontual das estradas. Lembra do exemplo que falamos acima da embalagem de alimentos jogada pela janela do carro? Pois é, as rodovias recebem diariamente esse tipo de viajante, que joga garrafinhas, sacolas plásticas, papéis de tudo que é tipo, comida etc. Apenas para se ter uma idéia, em 4,6 mil quilômetros de rodovias, dentre as principais do Estado, são jogados mensalmente 480 toneladas de lixo, o que significa mais de mil caminhões cheios de lixo todo mês. Na época das férias ou feriados prolongados, essa quantidade aumenta cerca de 20% em média. Além do lixo de quem passa, muitos moradores próximos das rodovias aproveitam as estradas para se livrar de outros lixos de grande volume como entulhos de construções, móveis velhos, pneus.
Obviamente, esse monte de resíduos traz conseqüências nefastas. Em primeiro lugar, pode causar acidentes. O objeto jogado pode atrapalhar ou assustar o motorista que vem em seguida na estrada. Nos canteiros, pode obstruir o fluxo das chuvas. Se houver restos de alimentos, pode atrair animais que cruzam as pistas e são atropelados e, muitas vezes, mortos. Enfim, sempre há conseqüências negativas quando são tomadas essas atitudes.
É bom lembrar e alertar, já que muitos motoristas não sabem, que o veículo flagrado jogando lixo em vias públicas pode ser multado, além de receber quatro pontos na carteira.
Claro que as multas podem inibir alguns motoristas, mas efetivamente não resolvem o problema. A verdade é que, de vez em quando, nos deparamos com o lixo nas estradas, mas um motorista ou passageiro mais atento pode perceber que esse lixo não é tão grande quanto os números que vimos. Essa percepção é verdadeira, graças ao trabalho sistemático da Secretaria de Estado dos Transportes. Diariamente, os 22 mil quilômetros de estradas são vistoriados e o lixo e entulho recolhidos. Além disso, são feitas campanhas periódicas para conscientizar a população sobre o problema. Nas férias de verão, por exemplo, os motoristas que circularam pelo litoral receberam folhetos educativos sobre os mais diversos temas com uma sacolinha para ser usada no carro, evitando que aquele lixo que criamos durante a viagem fosse para as margens das estradas.
Além disso, tudo o que é recolhido passa por uma triagem das empresas responsáveis pela coleta que encaminham para reciclagem ou levam para aterros sanitários controlados. Assim, a Secretaria dos Transportes procura deixar as estradas limpinhas e ajudar o meio ambiente. Cabe a você, motorista ou passageiro, fazer a sua parte.
*Mauro Arce é secretário de Estado dos Transportes