Joélcio Gonçalves Soares[1] Poliana Fabíula Cardozo[2]
publicado originalmente em 05/12/2008 como <www. partes.com.br/turismo/poliana/avaliacao.asp>
- INTRODUÇÃO
O turismo como atividade tem marcado diversos setores da economia e da vida cotidiana das pessoas, tanto as que viajam como as que recebem turistas. Os interesses na atividade turística são os mais diversos, pode-se citar como exemplo disto as entradas de divisas para um país, advindas do turismo a qual razão muitos países incentivam a entrada de turistas. A oferta de atrativos turísticos é igualmente variada, tocando especialmente os atrativos: naturais e culturais. Ora, estes por si já representam boa parte da vida e dos recursos turísticos possíveis de uma localidade. O planejamento turístico apresenta-se como uma ferramenta imprescindível à compreensão e a sistematização da atividade turística nas comunidades receptoras e emissoras. Sendo esta uma atividade eminentemente social, não permite estudos e testes de laboratório, pois os danos à sociedade são quase sempre irreversíveis. Neste sentido, trabalhos em pesquisa que contemplem esta linha e temática são de relevância para a atividade turística, onde visa elaborar metodologias de ação para a mesma. Na especificidade da temática, estudar as culturas locais e suas formas de apropriação, responsáveis, por parte do turismo figura como imprescindível para a verificação das possibilidades e limitações do turismo na área em questão, ainda que em termos teóricos. Estes termos com critérios e metodologia eficientes podem vir a apresentar a sistematização efetiva e prática da atividade, no que concerne aos seus impactos positivos e negativos.
O ordenamento do espaço turístico é um problema que a América Latina encara de forma tímida, esse descaso acarreta sérios problemas de planejamento, e sabe-se que quando o planejamento da atividade turística não se dá, ou se dá de forma deficiente os impactos negativos do turismo tendem a avolumarem-se e incidirem diretamente sobre a comunidade receptora, tanto no âmbito social como ambiental. Assim sendo, avaliar e hierarquizar atrativos, para melhor ordenar as ações de planejamento (tanto em nível estratégico, como tático e operacional), torna-se imperativo para seguir com metodologias eficientes do planejamento, já que a partir destas práticas se terá em mãos dados que são indispensáveis no momento do planejamento e organização da atividade em qualquer esfera, quer seja municipal, regional, como estadual ou nacional. A avaliação e hierarquização dos atrativos turísticos figuram como informações auxiliares fundamentais para o planejamento, orientando o processo. Portanto para a atividade se desenvolver de forma correta sem acarretar danos ao espaço que ocupa, precisa ser planejada de forma responsável, visando ao bem estar da comunidade receptora e a proteção dos atrativos, minimizando os impactos negativos e maximizando os positivos, em qualquer que seja a segmentação de turismo trabalhada.
São muitas as definições de planejamento, assim como são muitas as ênfases do mesmo. Mas de maneira geral, Ruschmann e Widmer (2000, p. 66) o explicam: “consiste em um conjunto de atividades que envolvem a intenção de estabelecer condições favoráveis para alcançar objetivos propostos”. Outras definições de planejamento fazem alusão à idéia de: sistema; processo de determinação de objetivos; mecanismo orientado para o futuro; e processo contínuo (BARRETTO, 1991).
Desta forma, e lançando um olhar sobre o turismo, o planejamento aponta como uma ferramenta indispensável para o manejo sustentável da atividade. Pois é com medidas racionais e previstas que se trabalha em harmonia, ainda que relativa, com o meio, de modo a preservar o turismo do próprio turismo e para o turismo. Pois sem o planejamento, corre-se o risco de o crescimento desordenado da atividade turística atentar contra a atratividade dos recursos e das localidades. Isso posto, o planejamento turístico é compreendido, por Ruschmann e Widmer (2000, p. 67) como sendo o processo que tem como finalidade “ordenar as ações humanas sobre uma localidade turística, bem como direcionar a construção de equipamentos e facilidades, de forma adequada, evitando efeitos negativos nos recursos que possam destruir ou afetar sua atratividade”. É dizer que para as autoras, o planejamento turístico pretende dispor positivamente as ações dos sujeitos sobre uma localidade ou mesmo um recurso turístico com objetivos calculados, a fim de proteger o recurso propriamente dito, ou mesmo de aperfeiçoar (tanto no sentido de ampliar, como de refrear, ou ainda em sentido estrito) seu uso turístico.
ATRATIVO, RECURSO E PATRIMÔNIO TURÍSTICO
Com alguma frequência veem-se os vocábulos: atrativo, recurso e patrimônio turístico sendo utilizados como sinônimos uns dos outros, mas com uma análise mais aprofundada dos conceitos, percebe-se que a compreensão correta de seus significados respeita os alcances dos mesmos, levando a uma precisão metodológica para planejamento do turismo. Para compreensão destes conceitos, utilizar-se-á o livro de Lia Dominguez (1994), Relevamiento Turístico: propuesta metodológica para el estúdio de una unidad territorial, como referência principal. O vocábulo recurso teria, para Dominguez (1994), suas origens no latim, e que o direito romano apropriara-se do vocábulo para expressar revisão de ação judicial. A partir daí, a economia lhe confere conotação especial: “elementos que se pode lançar mão para acudir a uma necessidade ou levar a cabo uma empresa” (1994, p. 23 tradução nossa). Dessa forma, um recurso, para Dominguez seria um elemento com dois adjetivos: “aptidão e disponibilidade” (1994, p. 23 tradução nossa). Daí, trazendo para o turismo, o recurso turístico deve ter, obrigatoriamente, possibilidade de fruição.
A palavra atrativo adveio do latim e é explicada por Dominguez (1994), como sendo aquele que atrai. Ou seja, aquele que pode trazer para si. Turisticamente falando, um atrativo deve ter o poder de atrair pessoas para sua fruição. Mas ao fundir os conceitos de recurso e atrativo, para chegar ao turismo, percebe-se que não basta atrair, mas devem-se ter condições de uso turístico. Não raro lugares sagrados atraem e despertam a curiosidade de visitantes, mas muitas vezes não podem ser passíveis de visitação, ou seja, não está disponível para o turismo, para ilustrar como exemplo, dessa forma não pode ser encarado como um recurso turístico. É dizer, que mais que atrair, os ícones de interesse turístico devem ter possibilidade de uso, como já citado: disponibilidade e aptidão.
O Patrimônio, de maneira geral, teria segundo Dominguez (1994) também suas origens no latim, e significaria o legado advindo dos pais. O direito ampliara essa definição para os bens que o indivíduo consegue acumular por conta. Contudo, o patrimônio turístico, pode ser conceituado pela autora como sendo “a universalidade dos bens, materiais e imateriais, que possua um território com aptidão turística, seja por herança ou por incorporação” (1994, p. 25. Tradução nossa). Como ressalva, aptidão aqui citada por Dominguez deve ser entendida como aquela localidade que tem condições de receber visitantes, que está apta em sua oferta de serviços.
AVALIAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DO ATRATIVO TURÍSTICO
Após compreender o que são atrativos turísticos, e diferenciá-los de outros conceitos correlatos, cabe mencionar da importância de identificar e classificar o mesmo por meio de inventário turístico (salienta-se que os inventários turísticos são práticas largamente utilizadas no planejamento turístico com metodologias próprias e consolidadas, mas nesta reflexão não se abordará em profundidade o tema). Identificado e classificado o atrativo turístico, faz-se necessário avaliá-lo para estabelecer o seu valor e hierarquizá-lo para determinar a sua importância turística dentro do contexto municipal, regional ou nacional. (SECRETARIA DE ESTADO DE TURISMO DO PARANÁ, 2005) A avaliação é relevante para poder atribuir a importância do atrativo com relação a outros de características similares, ou da mesma categoria. Mas para avaliar é necessário reunir um conjunto de fatores que possibilitem sistematizar as qualidades e as singularidades (valor intrínseco) de cada atrativo. Ao passo que a hierarquização é o processo que permite ordenar os atrativos turísticos identificados pelo processo de inventariação e avaliados posteriormente. Essa análise é relevante para o planejamento turístico, particularmente quando se elaboram produtos e roteiros turísticos, e outras atividades onde os atrativos devem ser priorizados ou sistematizados para ordenamento do espaço turístico.
A hierarquização auxilia sobremaneira o processo de decisões dos planejadores do turismo, pois coloca em ranking as atrações, determinando qual delas merece atenção imediata ou em curto, médio e longo prazo; recebe maior número de visitantes; está sendo subutilizada; entre outros aspectos que interessam para a organização e planejamento do turismo enquanto atividade econômica e mercadológica com preocupação social e ambiental.
O planejamento turístico, pautado pela tomada de decisões, deve ser orientado por informações robustas e de fonte de dados confiáveis. Assim sendo, a avaliação e hierarquização de atrativos turísticos sinaliza para o planejamento da atividade critérios balizadores de uso e divulgação de atrativos.
METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO
Para a composição desta reflexão pesquisou-se aspectos da avaliação e hierarquização de atrativos turísticos, onde, foram levantados alguns autores os quais apresentam diversas opiniões, algumas similares nos seus métodos e matrizes de avaliação, não deixando de possuir algo diferenciado em cada metodologia exposta. A seguir será apresentada uma síntese do que foi exposto pelos autores pesquisados para esta revisão e quais são os pontos positivos de algumas técnicas de avaliação assim também como os problemas percebidos.
Inicia-se esta explanação pelo modelo apresentado por Ruschmann (1997) no qual a autora não se detém em trabalhar profundamente o aspecto da avaliação, na verdade ela simplesmente se baseia no método apresentado pelo CICATUR/OEA (Centro Interamericano de Capacitação Turística da Organização dos Estados Americanos), e justifica a importância da avaliação, mas não aponta uma forma de fazê-la, apresentando na íntegra a hierarquização dos atrativos, com base na metodologia do CICATUR, mas não avança em metodologias próprias. Dessa forma, percebe-se que a metodologia apresentada de forma geral não e de grande valia, já que não é explicitado em detalhes para a realização do trabalho de avaliação e hierarquização.
Já em Beni (2002), pode-se ter uma visão mais clara da avaliação, uma vez que este autor apresenta metodologia para avaliação, diferente de Ruschmann (1997). Para Beni a avaliação é feita com base em alguns pilares, quer sejam: acesso; transporte; equipamentos e serviços turísticos; e valor intrínseco do atrativo.
Um método mais amplo é o apresentado por Boullón (2005), onde ele coloca uma matriz de análise de municípios turísticos, o que pode ser considerado mais pertinente que os citados anteriormente, em função da sua avaliação abranger mais pontos, até porque o espaço avaliado é maior para este autor, não somente um atrativo mas sim toda a estrutura que engloba o turismo no município, ou seja, a avaliação do todo para o planejamento. Na sua avaliação ele também como Beni (2002) se apóia em alguns fatores específicos: Hospedagem, Equipamentos de A&B, Equipamentos de entretenimento, Oferta de outros serviços E Avaliação dos atrativos.
Assim como Beni (2002), Boullón (2005) chega aos níveis de hierarquização, por meio da somatória e divisão dos pontos atribuídos aos fatores avaliados, sendo de uma forma distinta da do outro autor, já que, a pontuação oferecida pela matriz de Boullón (2005) diferencia-se da de Beni (2002), mas de toda forma, os dois autores chegam à hierarquização a partir dos pontos da avaliação, já que para cada hierarquia é exigido determinado número de pontos.
Neste caso pode-se afirmar que Boullón (2005) apresenta um método pertinente que fornece ferramentas para a identificação e análise do potencial turístico de localidades receptoras que em partes simplifica a pesquisa, e também facilita tal avaliação.
Após a exposição destes três autores, apresenta-se o método, que se pode considerar o mais completo dentro dos analisados e colocados até agora, já que a dimensão do mesmo abrange de forma macro vários fatores de avaliação, este que foi desenvolvido por Almeida (2006), com base em alguns estudos passados como, a metodologia de inventário da oferta turística da então Empresa Brasileira de Turismo (1984 apud Almeida 2006, p. 189), uma proposta de Leno Cerro (1993, apud Almeida 2006, p. 189), que acrescenta um nível à hierarquização estabelecida pelo CICATUR/OEA. Além de vários outros fatores, que foram colocados em sua matriz com base em outros autores citados, grande parte da mesma foi idealizada pelo próprio autor. A proposta inclui-se, segundo a classificação de Smith (1992, apud Almeida, 2006 p. 188), dentre os “métodos e técnicas de investigação descritiva de lugares, mais especificamente, na categoria dos métodos separativos de inventário de recursos” e, segundo Leno Cerro (1993, apud Almeida p. 188), consiste em uma avaliação analítica do potencial turístico. A matriz é aplicável para a avaliação do potencial de comunidades receptoras, a partir desta é avaliado: Atrativos turísticos, Equipamentos e serviços turísticos, Infraestrutura de apoio turístico, Infraestrutura de acesso, Órgãos de cunho normativo-institucional, Instrumentos de planejamento e gestão pública e compartilhada do turismo, Comunicação e distribuição, Planejamento turístico participativo, Outros fatores: os quais são pertinentes ao processo de planejamento e/ou desenvolvimento turístico da localidade como: Proximidade da demanda, onde se avalia de acordo com a distância dos principais centros emissores regionais; Disponibilidade de áreas para expansão, onde se avalia existência de áreas para expansão dos atrativos e/ou dos equipamentos turísticos; Disponibilidade de mão-de-obra onde se avalia de acordo com a existência de mão-de-obra em quantidade e qualidade para atendimento ao turista.
O autor, como citado anteriormente, no que diz respeito à avaliação dos atrativos, se baseou em uma proposta de Leno Cerro (1993, p. 48 apud Almeida), que acrescenta um nível à hierarquização estabelecida pelo CICATUR/OEA, mesmo assim os cálculos referentes a hierarquização que seriam feitos em relação aos resultados obtidos com a avaliação a partir da matriz não foram apresentados, pois segundo Almeida (2006) afirma em sua tese doutoral, estes não são necessários já que o principal item a ser testado em sua matriz, dizia respeito à avaliação e não a hierarquização.
Quanto à avaliação Ruschmann (1997, p. 142), coloca que:
a avaliação dos atrativos determina seu potencial turístico e constitui elemento fundamental para a tomada de decisões estratégicas para uma localidade e fornece subsídios para determinar a abrangência dos projetos e a quantidade e a qualidade dos equipamentos e da infra-estrutura por instalar.
Ou seja, a partir da avaliação serão obtidos documentos importantes que serão usados na hora de planejar e determinar as ações de implementação e sua abrangência dentro da comunidade e/ou espaço onde se encontra determinada atração.
Quanto a hierarquização, Beni (2002, p. 388) expõe que “é o processo que permite ordenar os atrativos de acordo com sua importância turística”, no caso a partir desta será organizado os atrativos existentes, e se dará valor ao atrativo através dos resultados obtidos na avaliação, e assim se terá qual é a sua importância no contexto do turismo onde o mesmo se insere, com base em critérios de determinada metodologia ou matriz de hierarquização. Assim poderá se dar preferência na hora de planejar de acordo com o potencial e a hierarquia do atrativo.
Portanto a matriz apresentada por Almeida (2006) embora apresente inúmeras qualidades e pontos positivos quanto à avaliação, a mesma não atende de forma integral a pesquisa aqui proposta, já que não apresenta metodologia relacionada no que diz respeito à hierarquização.
Na seção que segue do trabalho será apresentada a matriz de avaliação e hierarquização que foi elaborada pela SETU – Secretaria de Estado do Turismo do Paraná, que esta contida em um documento lançado pelo mesmo órgão em 2005, intitulado: Orientação para gestão municipal do turismo. Neste volume apresenta-se uma possível metodologia de avaliação e hierarquização de atrativos turísticos. Esta é baseada em premissas de um método elaborado pela Organização Mundial do Turismo. Esta metodologia apresenta fatores de avaliação e critérios de hierarquização, os quais serão expostos a seguir:
Acesso, peso 4: este é avaliado com base no acesso mais utilizado pelo visitante para chegar até o atrativo, independente da localização do mesmo, no caso se ele fica na área rural ou urbana.
Transporte, peso 3: é avaliado o transporte regular que poderá levar o turista para o atrativo.
Equipamentos e serviços, peso 3: avaliam-se todos os equipamentos e serviços turísticos instalados no atrativo, que contribuam para sua valoração e facilitem o uso e a permanência dos visitantes no local.
Valor intrínseco do atrativo, peso 10: é o valor do atrativo em si, será obtido através da avaliação das características relevantes. Para isto, se poderá comparar o atrativo avaliado com outro que apresente características homogêneas.
A partir da avaliação de todos estes itens, se chegará por meio de cálculos de média ponderada ao índice do atrativo, e com base neste saberá qual é a hierarquia do mesmo.
Serão apresentados a seguir os níveis de hierarquização aos quais foram enquadrados os atrativos após sua avaliação, colocando-os em hierarquia de acordo com a pontuação que cada um atingiu:
Hierarquia IV: 3,26/4,00 – Atrativo turístico de excepcional valor e de grande significado no mercado turístico internacional, capaz de por si só, de motivar correntes de visitantes, atuais ou potenciais, tanto nacionais como internacionais;
Hierarquia III: 2,51/3,25 – atrativo turístico muito importante, em nível nacional, capaz de motivar uma corrente, atual ou potencial, de visitantes nacionais e internacionais, por si só ou em conjunto com outros atrativos;
Hierarquia II: 1,76/2,50 – Atrativo com algum interesse, capaz de estimular correntes turísticas regionais e locais, e de interessar visitantes nacionais e internacionais que tiverem chegado por outras motivações turísticas;
Hierarquia I: 1,00/1,75 – Atrativo complementar a outro de maior interesse, capaz de motivar correntes turísticas locais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O planejamento turístico se configura como ferramenta primordial para o desenvolvimento da atividade, pois este ordena as ações do homem sobre o espaço trabalhado. E a partir de ações proposta pelo processo criam-se facilidades para tornar o espaço mais acessível para os turistas, no caso no que tange a acesso do polo emissor até o receptor e equipamentos e serviços turísticos de forma geral. No entanto para trabalhar o planejamento há necessidade de avaliar os atrativos e coloca-los em uma ordem de importância divididos em hierarquias, para que se priorizem os que possuem maior potencial de desenvolvimento, no momento de determinar os investimentos e as ações, que refletirão no futuro do produto turístico da localidade receptora.
A partir dos pontos apresentados, e das análises que foram feitas nota-se como é importante avaliar os atrativos e hierarquiza-los, tanto no que diz respeito ao planejamento, como ao próprio atrativo e também a comunidade receptora. Posto que muitas vezes pela falta de visão dos que planejam a atividade, diversos atrativos de alta hierarquia ficam a mercê dos impactos e das atividades desorganizadas. Portanto a avaliação se torna uma ferramenta indispensável já que com os documentos gerados irão aumentar as ferramentas do planejamento e a visualização do destino.
A avaliação tem como pertinência ímpar para o planejamento turístico, quando por meio do inventário turístico lança um olhar criterioso ao atrativo e/ou recurso, olhar esse que permite refletir sobre a qualificação dos mesmos, possibilitando a orientação do planejamento turístico na intenção de otimizar seu uso. Já a hierarquização dá a chance de um destino olhar seus atrativos de forma hierárquica e dessa feita focar a concentração de esforços de planejamento sobre os mesmos; ainda hierarquizar franqueia à localidade receptora analisar com mais critérios seu lugar no mercado. Ambos recursos, avaliação e hierarquização, possibilitam um diagnóstico mais preciso e robusto para o planejamento.
O trabalho preocupou-se em refletir sobre a importância para o planejamento turístico e as possibilidades de avaliação e hierarquização de atrativos, e para tal buscou matrizes passíveis de serem aplicadas na localidade de Prudentópolis, tanto no meio rural como urbano. Para tal diversas matrizes foram pesquisadas, algumas elaboradas por autores brasileiros (tais como: ALMEIDA, 2006; BENI 2002) e outras por estrangeiros (tal como BOULLÓN, 2005). A matriz escolhida e aplicada foi aquela estudada pela SETU, e a mesma passou por análise dos pesquisadores, e percebeu-se algumas possibilidades de incremento para a mesma.
A matriz apresentada pela SETU poderia ser revista, no que tange a avaliação da segurança, já que a mesma é feita somente como valor intrínseco, enquanto característica relevante na avaliação de atrativos como grutas, cavernas e furnas. No entanto, este fator deveria ser avaliado em todos os atrativos, já que a partir desta avaliação poderiam determinar vários pontos importantes em relação à visitação do atrativo, no caso a permissibilidade de fruição que este oferece, qual a faixa etária dos turistas que poderiam visitá-lo, e até mesmo um maior rigor quanto a aplicação de medidas para fornecer segurança ao turista
Certamente o uso da avaliação e hierarquização dos atrativos é necessário, porém o trabalho de todos os fatores do planejamento para o turismo também o são, No entanto ações deste tipo fazem falta no Brasil, algo que deve ser mudado, para o bem das destinações e sua proteção, e para o melhor às comunidades que recebem turistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M. Matriz de avaliação do potencial turístico de localidades receptoras. Tese de doutorado Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.
BARRETTO, M. Planejamento e organização do turismo. Campinas: Papirus, 1991.
BENI, M. Análise estrutural do turismo. Senac: São Paulo, 2002.
BOULLÓN, R. C. Os municípios turísticos. Bauru: Edusc, 2005.
DOMINGUEZ, L. N. Relevamiento turístico: propuesta metodológica para el estudio de una unidad territorial. Santa Fé (Argentina): Centro de estúdios turísticos Instituto superior de turismo Sol, 1994.
PARANÁ. Secretaria de Estado do Turismo. Orientações para gestão do turismo municipal. 2005
RUSCHMANN, D. V. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 11 ed. Campinas: Papirus, 2004.
______.WIDMER, G. Planejamento turístico. In: ANSARAH, M. Turismo: como aprender como ensinar. Vol 2. São Paulo: Senac, 2000.
1] Acadêmico do curso de bacharelado em turismo da Unicentro/Irati. Bolsista de iniciação científica do programa da Fundação Araucária – Paic. E-mail: joelciosoares@yahoo.com.br
[2] Bacharel e mestre em turismo (Unioeste/UCS), doutoranda em geografia (UFPR). Docente e pesquisadora continuada do curso de turismo da Unicentro/Irati. Orientadora da pesquisa de iniciação científica. polianacardozo@yahoo.com.br