Johnny Notariano
publicado em 26/05/2008 como<ww.partes.com.br/emquestao/alimentos.asp>
Afirmam especialistas de todo o planeta, que será inevitável a crise de alimentos nos próximos 20 ou 30 anos. Acrescentam, a culpa será do Biocombustível.
Em várias regiões do globo terrestre manifestações populares demonstram o quadro perigoso da fome que desponta no futuro. Em alguns países os manifestantes contra a fome são severamente punidos; outros como o Egito, o governo ordena que o exército produza o pão; Filipinas por decreto, prevê a prisão perpétua a quem estocar arroz; o Brasil já pensa em restringir a exportação de arroz.
Parece piada de \rodinha\, mas é para refletir a verdade que existe nessas observações. A ONU, para compensar os preços caros do milho, arroz e trigo, sugere que se plantem batatas para combater a fome e a miséria além de declarar 2008 como o \Ano Internacional da Batata\. A batata, dizem, é o alimento menos afetado pelo mercado internacional. Então, vamos plantar batatas!
Será que a população não percebeu que em 2007 o trigo alcançou 77%; o arroz 16% e este ano, 2008, atingiu 140% e em um só dia o trigo chegou a 25%. Como está o preço do \pãozinho\ e derivados do trigo? É evidente que a humanidade consome muito mais a cada dia que passa. Essa pré-crise mundial obrigou os países, monitorados pelo Banco Mundial, a controlar os preços; exportações e importações. O preço caro dos alimentos está empurrando já, de imediato, muitas camadas da população, as mais pobres, para a fome.
Realmente, se não houver controle já, o biocombustível será o \vilão\, responsável pela inflação nos preços das \commodities\ em futuro bem próximo.
O que se nota é a preocupação com a crise futura dos alimentos, mas pouca ou nenhuma preocupação com soluções imediatas. Seria especulação internacional? Os maiores especialistas trabalham com muita inteligência estatística realista, rica em detalhes matemáticos, mas só demonstra desgraças, pouca solução. É o poder da ganância?
O Presidente Lula, durante a inauguração do Programa de Aceleração do Crescimento, \PAC\, em São Paulo, foi o único que, em linguagem simples, lembrou uma das mais conhecidas teorias da crise de Alimentos no \mundo\. Lembrou sem citar, a teoria \Malthusiana\. Particularmente eu não soube de ninguém que tivesse citado essa teoria até o momento. Defendeu o Presidente que não existe relação entre os biocombustíveis e a carestia dos alimentos. E tem razão, até o momento não se justifica a carestia por culpa dos biocombustíveis, nem começou ainda o tempo da esperada superprodução para esse fim. Enfatizou o Presidente, que \o alimento sobe quando a quantidade de gente que vai ao supermercado é maior do que a quantidade dos produtos que tem para vender\.
Ele não demonstrou preocupação, pois o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar e responsável por mais de 30% da produção mundial e tudo está sendo controlado. Na ótica econômica o Brasil faz parte do rol dos países emergentes, país forte, em desenvolvimento e está em 9º lugar entre as economias do globo com destaque em grãos, minério e energia.
Para quem não se lembra Thomas Robert Malthus, economista britânico ficou conhecido e, estudado no curso \ginasial\ até a década de 1960, como estudioso dos problemas da população. Acreditava que o excesso populacional era a causa dos males da sociedade. Teorizou que a população cresce em progressão geométrica enquanto que a produção de alimentos cresce em progressão aritmética. Aí está o que o Presidente inteligentemente falou durante aquele evento.
Quem quiser saber mais sobre a Teoria Malthusiana, procure dois livros conhecidos como primeiro e segundo ensaios. Nos dois ensaios estão contidos os princípios fundamentais que a população cresce em progressão geométrica e o que limita o crescimento é o aumento da mortalidade e restrições ao nascimento decorrentes de males como fome; doenças e vícios. Os meios de subsistência humana como a produção de alimentos cresce somente em progressão aritmética.
A considerar pelos males que assombra a humanidade atualmente, é assustador, naquela época, a expectativa de vida era inferior a de hoje. Malthus acreditava que qualquer tentativa de melhorar os padrões humanos seria inútil no combate à miséria, pois o crescimento populacional impediria qualquer melhoria nos meios de subsistência. As melhorias seriam temporárias.
Malthus se tornou pastor anglicano e os ensaios são recheados de conceitos sobre o bem, o mal, salvação e condenação, embasados em princípios salvíficos Cristãos.
Não é preciso ser \Phd\ para saber que a crise de alimentos futura está próxima. Por conta dos biocombustíveis, a crise só se instalará, se não houver conscientização do problema e controle rigoroso no plantio de cana-de-açúcar ou milho, para se produzir o etanol aqui e o metanol em outros lugares. Malthus já alertou e o Presidente nos lembrou, então, o que falta é investir tudo nessa teoria para que a crise não nos pegue de surpresa.
Em um mundo globalizado tudo é mais fácil, inclusive para soluções como essa, a fome. Globalização é sinônimo também de cooperação, ajuda mútua e desenvolvimento para todos.
Controlar está em saber que a terra tem recursos mais que suficientes para alimentar toda a humanidade. Terra para o cultivo não falta e como já se sabe, a globalização facilita o cooperativismo internacional no momento de suprir essas necessidades. Então dizer que tem \gente\ demais no planeta, não convence.
Agora resta uma interrogação, como fica a nossa Amazônia diante dessa polêmica internacional?
Temos a fama de deixar tudo para a última hora, isso significa que \20\ ou \30\ anos não é motivo de preocupação para ninguém!
Será que seremos condenados a comer batatas pelo resto da vida? Se ainda existirem as batatas, quanto custará uma?
-Vai um \purezinho\ de batata aí?