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Uma quase resenha

Gilberto da Silva

publicado em 01/05/2008

 

Começo a mudar meus pensamentos
acerca da maturidade de ficar mais velho.
Creio exclusive que a maturidade
pode ajudar a gente a atingir
maiores crianços
(Zeh Gustavo)

 

  Obra: A perspectiva do Quase

Autor: Zeh GustavoEditora: Artepaubrasil

Local: São Paulo, SP, 2008

Preço:s/i
Contatos com a editora:
livraria@artepaubrasil.com.br

As palavras fluem num lapso, num canto, num rabiscar de traços irônicos, sutis ou nem tanto. Estão todas alinhadas em quase poemas concretos, libidinosos, cortantes até ou versos assim curtos ou nem sempre formatados ou não.Obra que caminha na perspectiva da desconstrução do modelo mercadoria imposto pelo capitalismo tardio e espetacular, na crítica do consumo fácil, da descartabilidade, da desconstrução das letras impostas pelo culto, insonsas, meladas tradicionais campos de lácios.

Este livro é quase um Barbosa na seleção, um Barbosa pós derrota, um Telê que joga e treina um Doval (Bolachas na Trave, p. 58) que preferiu continuar gringo argentino curtindo as pernas e curvas das cariocas.

Zeh-quase- Augusto teima em ser Dumas negado. Anti-espetáculo, anti-mercado e o Zeh – quase –  Augusto Dumas. Perfeitas palavras em transformação, desacomodadas, mas não descuidadas.

Lendo o livro, que não é nenhum calhamaço – deparamos com poemas ardentes, linhas cortantes, enredo sem pretensão de ser tudo. É quase. Sim é para ler num quase dia, numa mesma quase hora, num quase acasalamento. mas é para ler e não deixar de lembrar que não somos tudo (ainda?).

“As pessoas já não fazem cara de nuvens (p.65) então refaçamos o convite para o leitor deixar de ser máquina e aprofundar no lirismo de uma perspectiva quase.

 

Sobre o autor

Zeh Gustavo constitui o heterônimo poético-musical do escritor Gustavo Dumas, autor de Mito da origem do futebol (Cone Sul, 1997), O povo e o populacro (Cone Sul, 1998) e Solturas, balões e bolinhas de papel (Damadá, 2001). O primeiro livro com a marca autoral de Zeh Gustavo, Idade do Zero (Escrituras Editora, 2005), teve prefácio de Mário Chamie e boa receptividade de crítica e público. Como compositor, Zeh Gustavo tem apresentado músicas em festivais pelo Brasil, além de ser figura presente nas rodas de samba do circuito boêmio fluminense.

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