assédio moral

O Mui amigo despeitado

O Mui amigo despeitado

Johnny L. Notariano

publicado em 25/04/2008

 

Johnny Leonardelli Notariano – notarian@usp.br

Eu ouvi isso de meu avô quando eu tinha seis anos de idade. Não entendi nada, mas hoje entendo tudo. Ele dizia: – \Faça-se de mel e as mosquinhas lhe devorarão\.

 

 

Em outro texto, sobre relações no trabalho, discorri sobre uma praga maldita chamada Puxa-Saco. Agora, depois de sentir-me novamente inspirado, descobri outra colônia satânica, com o mesmo potencial de destruição, trata-se da pessoa despeitada. Ambos os sexos, existem nas mesmas proporções. Esse personagem se for também um \Puxa-Saco\, aí então é uma dose dupla, uma bomba com o poder de acelerar as partículas atômicas do núcleo da paciência até os níveis insuportáveis do colega de trabalho.

 

 

Já se constatou por pesquisa, que para cada mil local de trabalho, existem mil despeitados, pelo menos um para cada ambiente.  É o que proporciona o dinamismo pessoal, do contrário, o local de trabalho seria monótono e sem motivações. O despeitado tem sua parte boa, faz com que os funcionários se animem, procurem melhorar para que na primeira oportunidade se livrem daquela peste.

 

Os dirigentes de Recursos Humanos devem adorar esse tipo encardido, os conflitos são tantos que obrigam a instituição a promover constantemente cursos de relações no trabalho; motivação e com isso eles têm o emprego garantido.

 

 

Pensando bem, se tudo andar certinho na Instituição, como se justificaria um investimento enorme em Departamento de Recursos Humanos, não é mesmo? Como se sabe tudo tem seu lado bom, até os \mui amigos\.

 

 

Duvido existir alguém que pelo menos uma vez na vida, não tenha sido vítima de um desses tipos asquerosos e repugnantes, cientificamente conhecidos como \Jararacadespeitadus\. Com certeza já foi para a casa chorando; vontade de explodir; mal-humorado; noite mal dormida; náuseas e até perdeu a diplomacia com vontade de mandar esse crápula para o inferno.

 

 

Contudo, não vale a pena sofrer por esses mini carrapatos \MICUIM\, mosquinhas varejeiras. As noites traiçoeiras por mais longas que sejam com certeza o dia nascerá, aí então esses vampiros se desintegrarão com a luz do sol da sabedoria. Uma citação de meu cunhado árabe, professor universitário, Doutor Said Meuhpé, – Se fez de mel?  Dançou!

 

 

No trabalho é o lugar onde se prolifera esses vermes e geralmente eles se identificam já nos primeiros relacionamentos. Excessivamente gentis, metidos, portam-se como verdadeiros anfitriões ao apresentar todos os colegas de trabalho. Com toda a certeza, não sei de que maneira, mas esse tipo imbecil já sabe antecipadamente tudo sobre o novo colega. Depois começam as perguntas, isto é, o inquérito policial. Querem saber tudo. Se o novo funcionário for uma pessoa simples, sem conhecimentos ou sem escolaridade, tudo bem, o verme não ataca, tem imunidade natural, mas se for portador de nível superior; currículo brilhante com possibilidades de ascensão na instituição, então o inferno o aguarda. Só se salva se tiver QI avantajado, \Quem Indicou\.

 

 

Esse ritual todo de boas vindas já \manjado\ é o momento de maior glória do despeitado e invejoso, tudo para checar o potencial do novato. Se não for nenhuma ameaça para a posição do cretino, então encontrou um colegão na fofoca em primeira mão, mas se as qualidades do novato for uma ameaça, aí tudo estará perdido, o novato terá que enfrentar um dos piores inimigos no trabalho, \O DESPEITADO\. Se além de despeitado for alguém puxa-saco, mude de seção, setor e muitas vezes é bem melhor procurar outro emprego, porque ali você será destruído. A menos que você seja o tipo que se adapta facilmente à casta inferior e bem se relacione com a ralé, então aguente. Nunca diga que não foi avisado.

 

 

O prazer do despeitado infeliz é diminuir os colegas nos conhecimentos e nas suas respectivas funções; criar situações constrangedoras; humilhar; caluniar e praticar disfarçadamente o temido ASSÉDIO MORAL. Os escolhidos para a fofoca são os funcionários de maior relacionamento da vítima, eles sempre dão um jeitinho de se aproximar desses supostos amigos para tentar desmoralizar o colega ingênuo perante outros.

 

 

Tenho também um colega docente árabe, que se dedica ao estudo desses pirilampos da fofoca, é o Professor Káikki Forahalé Wagbund. Diz Kaikki, que todo despeitado não tem amigos, os que se relacionam com eles são por algum interesse, geralmente só se dão bem com o chefe, toleram, uma vez que é chefe, não é ameaça. Nunca procuram amizades de pessoas de nível hierárquico superior, pois sabem que não tem chance, então correm em busca de amigos em condições inferiores, estes, são mais toleráveis e muito fáceis de enganar. Reparem, eles forçam as amizades; se sentem rejeitados então procuram sempre os mais humildes funcionários, os únicos que suportam essas criaturas nojentas e pegajosas. Percebam mais, nunca eles estão sós e a voz que mais se ouve no ambiente de trabalho é sempre a deles. Viu como é fácil identificar essas Parasitas?

 

 

Uma dica ainda melhor, esses tipos despeitados e intragáveis, adoram diminuir as pessoas que eles no íntimo admiram. São extremamente competitivos, invejosos e bajuladores.

 

 

Outra dica positiva, – Quando algum superior ou importante na instituição conta uma piada chata, daquelas que faz chorar de chatice, o despeitado não para de rir. Confiram!

 

 

Inoportunos, arrogantes e ousados, procuram conquistar até os amigos do novo funcionário para detoná-lo e tentar de todas as formas possíveis, o isolamento da vítima em todos os aspectos. Liberam um verdadeiro ataque de informações distorcidas contra o novo funcionário e como a maioria das amizades da pessoa despeitada são facilmente influenciáveis, consegue o que quer.  Se o ambiente de trabalho pesar mais com colegas medíocres, ou seja, pessoas com as mesmas qualidades da pessoa despeitada, então se trata de um terreno perigosamente minado, deve-se ter cautela a cada movimento.

 

 

Mas como compensações, existem as rosas que exalam o aroma do amor, da gentileza, faz esquecer por instantes essa legião maldita dos despeitados que exalam odores fétidos de excrementos e vomitam o próprio veneno mortal.

 

Tem pessoas boas; gentis; sinceras; honestas, são elas que fazem sentir valer a pena tolerar esses pobres ignorantes despeitados. Quem acreditar em um despeitado, ou é doente; ingênuo demais ou é o reflexo, porque um ser normal ao perceber um tipo assim, não passa nem perto.

 

 

Quem se lembra de um espetáculo circense é capaz de imaginar como é a vida de uma pessoa despeitada. Os espectadores \O respeitável público\ rodeiam um picadeiro onde se apresentam palhaços; artistas e animais. Não tem diferença nenhuma do despeitado cuja principal intenção, é a de estar no centro do picadeiro, crente que está brilhando, mas nem imagina que está fazendo tremendo sucesso como a um grande palhaço sem graça e antipático. O que querem mesmo é ser o alvo de todas as atenções e que o resquício da inveja chegue até os ouvidos da vítima.

 

 

Se eu ainda tiver inspiração, no próximo texto vou discorrer sobre os acontecimentos que presenciei ao longo de minha carreira no setor público e um pouco no setor privado. Fatos reais mesmo, muitos aconteceram comigo. Hoje conhecido por ASSÉDIO MORAL. Aguardem. Vamos detonar essa excrescência nojenta social.

 

 

Não se preocupem, as críticas dos despeitados são elogios disfarçados. Eles adoram os que brilham, mas não suportam os focos de luz no rosto. Por isso se escondem sob os óculos de sol do despeito.

 

Abraços Fraternos

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