Poliana Fabíula Cardozo
publicado originalmente em 16/02/2008 como <www.partes.com.br/turismo/poliana/planejamentoestrategico.asp>
O conceito de planejamento leva a ideia de ação orientada para o futuro, de mudanças da situação atual por uma desejada e vindoura. Nesses termos, o planejamento parece ser uma atividade muito distante das pessoas, e mais próxima das organizações. Entretanto, o tempo todo, os indivíduos concebem planejamento: quando escolhem a roupa a ser usada, decidem iniciar uma dieta ou ainda quando idealizam uma viagem de férias ou final de semana. É dizer que no caso das dietas, com base numa análise da situação (excesso de peso, por exemplo), parte-se para a elaboração dos objetivos (perder peso), avaliando as possibilidades (dieta ou ginástica), calculando nelas as melhores situações auferidas (se fizer dieta, quantos quilos perde em X tempo, e se partir para a ginástica a mesma relação: perda de peso/tempo), avalia os recursos necessários, toma a decisão e então parte-se para a ação. Assim sendo, o planejamento contribui para que os objetivos propostos sejam mais facilmente alcançados, pois ordena ações e as prioriza.
O planejamento, por excelência é sistêmico: está baseado na relação de informações; decisão; ação; informação; e retro alimentação. Mas para compreender melhor o planejamento, não basta dizer que ele é sistêmico, faz-se necessário compreender suas classificações e aspectos, para tal, usou-se a tabela de Petrocchi (2002, p. 24):
No que tange à essas classificações e aspectos, vale salientar que estão interligados ou inter-relacionados: o intencional ao temporal, o agregativo ao geográfico, por exemplo. Particularmente o aspecto intencional será explanado nesta reflexão.
Fischmann (1979) e Chiavenato (1987), apud Petrocchi (2002) ensina que o planejamento estratégico está relacionado a prazos longos; com pouca flexibilidade para alterações; gerando um elevado número de atividades; alocado particularmente em ambiente externo; e relacionado aos níveis mais elevados de decisão. Sem embargo, o planejamento tático: está ligado a prazos médios; com alterações mais fáceis de serem executadas; gera um relativo número de atividades; está alocado em ambiente interno; seu nível de decisão esta situado no âmbito das gerências; e sua abrangência é de um departamento ou setor específico. E finalmente o planejamento operacional: é realizado em prazo curto; é o mais flexível de todos no que concerne a mudanças; gera um pequeno número de atividades; sua ambiência é interna; é de abrangência meramente operacional e seu nível de decisão está relacionado à supervisão.
Com relação ao planejamento estratégico e tático, Fischmann (1979), apud Petrocchi (2002) comenta que o primeiro define objetivos específicos; estabelecem diretrizes e normas; é voltado para decisões de longo prazo e grandes repercussões; e indica a direção a ser seguida. Contudo, o tático transforma objetivos gerais em específicos para a execução de programas e projetos; decompõem diretrizes e normas em ações; suas decisões estão orientadas para prazos médios; e dá o suporte necessário às decisões que indicam a direção a seguir. Em alguns casos, mesmo com essas diferenciações, alguns ainda tendem a confundir o estratégico do tático, para sanar tal dificuldade, Petrocchi (2002, p. 31) foi buscar nos conceitos militares as definições de estratégia: “a aplicação de forças em larga escala contra o inimigo” que ao transpor este conceito para o ambiente organizacional, a estratégia passa a ser “a mobilização ordenada de todos os recursos da organização, visando atingir objetivos a longo prazo ou de grande relevância”; já a tática pode ser compreendida como sendo “um esquema específico de emprego de recursos dentro de uma determinada estratégia”.
Tanto para o planejamento estratégico, tático como para o operacional, um dos processos mais importante é a definição dos objetivos, que irão nortear todas as ações. Em termos de turismo, esse processo de definição de objetivos deve considerar, segundo Petrocchi (2002): as influências econômicas do meio ambiente (a localização geográfica; distribuição e segmentação de mercados; perfil dos habitantes e do mercado; políticas econômicas do país; economia internacional; e outras); as influências não-econômicas (fatores culturais, políticos e sociais do objeto de estudo) e as influências internas (econômicas e não-econômicas).
Cada classificação do planejamento para o aspecto intencional gera um documento específico. Para o planejamento estratégico o plano; para o tático o programa e para o operacional o projeto. Esses documentos passarão por processo de avaliação e decisão, para sua execução posterior. Para tal, Barretto (1991, p. 41) alerta para o padrão técnico utilizado nas elaborações dos documentos “utilização correta dos termos técnicos, com racionalidade, dizendo apenas o necessário, sem retórica. Assim como transmitir flexibilidade para mudanças e também abertura para intercâmbio com outros planos”, é dizer que para a autora, os documentos, além de linguagem técnica coerente e correta, devem, sobretudo ter possibilidade de comunicar-se e intercambiar-se com outros documentos. Barretto (1991, p. 41) explica que as diferenças entre plano, programa e projeto estão relacionadas à sua área de abrangência e seu grau de abstração, sendo: “plano é a filosofia geral e abrange o sistema por inteiro. O programa abrange um setor e constitui uma proposta prática, aprofundada do plano. O projeto abrange o detalhamento das alternativas de intervenção, constituindo-se na unidade elementar do sistema”. Sob esta linha de raciocínio, a autora complementa que “os objetivos setoriais do plano serão […] os objetivos gerais do programa e os setoriais do programa serão os objetivos gerais do projeto. O programa não é apenas a soma dos projetos, mas a soma e a vinculação entre eles”.
Para ilustrar essas questões segue o exemplo: o Planejamento Estratégico para o Turismo na Localidade X cujo objetivo global é a expansão gradativa e constante do número de visitantes em longo prazo. Para alcançar este objetivo, diversos programas são delineados (planejamento tático): programa de formação profissional; estruturação da oferta turística; expansão e melhoria da oferta física; e controle e apoio técnico. Essa divisão em programas deve convergir para o objetivo geral do plano, e deve garantir o auferimento do mesmo. Para tal, os programas devem ser subdivididos em projetos (planejamento operacional), que têm como objetivo geral os objetivos específicos do programa ao qual se relaciona. É dizer, por exemplo, que para o programa de formação profissional, cujo objetivo geral é o de capacitar pessoal de atendimento ao visitante, podem-se ter os seguintes projetos: ciclo de cursos de capacitação (ações: curso de garçon, camareira, recepcionista de eventos); ciclo de palestras sobre temas relacionados ao turismo; e outros no mesmo sentido, que alcancem o objetivo geral do programa, utilizando os objetivos específicos do mesmo como o geral de cada projeto. Dessa forma, com essas múltiplas ações e atividades, e observados os prazos de cumprimento dos documentos, o planejamento estratégico verifica-se em realidade alcançando seu objetivo global.
Petrocchi (2002, p. 72) ensina que
o planejamento dá coerência e convergência às atividades em prol do crescimento do turismo. Além disso, deve converter recursos naturais em recursos turísticos, ordenando o território e melhorando as infra-estruturas, equipamentos, serviços, promoções e preservação do meio-ambiente físico, natural e urbano.
Vale salientar que não apenas ao crescimento, mas também ao desenvolvimento do turismo, o planejamento tem influência direta e efetiva. Entretanto, planejar o turismo não é tarefa fácil ou simples, e para minimizar as dificuldades, faz-se plenamente necessário o uso das técnicas e etapas apregoadas nesta reflexão, pois o planejamento turístico não pode contar com laboratório experimental, uma vez que erros em comunidades e ecossistemas podem ter efeitos irreversíveis.
Referências:
BARRETTO, M. Planejamento e organização do turismo. Campinas: Papirus, 1991.
PETROCCHI, M. Planejamento e gestão do turismo. São Paulo: Futura, 2002.
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