Por: Kétilla Maria Vasconcelos Prado, Lady Dayana de Lima e Silva, Maria do Nazaré de Carvalho e Teresinha Rodrigues Alcântara
publicado em 26/12/2007 como <www.partes.com.br/educacao/aprendizagem.asp>
Aprendizagem da leitura e da escrita está condicionada a diversos fatores, que poderão contribuir para um bom ou ruim desempenho da aprendizagem leitora e para o desenvolvimento eficaz da linguagem escrita. A escrita apresenta em qualquer língua aspectos da fala. A leitura deve ultrapassar a simples representação gráfica e decodificação de símbolos, é antes de tudo, uma compreensão e entendimento da expressão escrita.
O professor que trabalha com o ensino de leitura e escrita deve, primeiramente, reconhecer a estruturam e organização do sistema gráfico para criar estratégias de ensino, de acordo com sua visão profissional e também pensando nos alunos e suas necessidades, é que, podem centralizar e auxiliar seus alunos na superação de eventuais dúvidas de leitura e ortografia.
Uma das grandes preocupações é que muitos alfabetizadores não têm informação especializada para exercer bem sua função, então se deve pensar em orientações para que esse profissional busque recursos para aprimorar o conhecimento, aprender novas técnicas, pesquisar e ler materiais, livros, artigos de especialistas, que tenham uma visão geral de como ocorre os processos de aquisição da linguagem, da leitura e da escrita.
Deve-se para tanto reconhecer a estrutura da língua e as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos para que possam se tornar instrumentos de intervenção que possibilitem levar os alunos a superar obstáculos e construir o aprendizado.
E isso é muito gratificante para o profissional, pois ele não se sentirá frustrado nem temeroso, mas sim, capaz de alfabetizar seus alunos, realizando um trabalho sério e bem feito, apoiado em conceitos, análises e experiências, baseando em pesquisas, utilizando assim, os melhores métodos.
Além de possuir conhecimentos referentes ao ensino da disciplina, o professor deve mostrar aos alunos que cada letra (grafema) e representada por unidades sonoras (fonemas) fato que pode dificultar a compreensão do processo de leitura.
Criar maneiras, oportunidade, para que a criança tenha mais contato com o alfabeto, com as palavras, com os textos, pode levá-los a entender melhor a pronúncia e a escrita de determinadas palavras, que lhes causam confusão. Explicar a origem das mesmas poderá facilitar esse processo.
Mostrar que a língua possui suas regras e arbitrariedades e que será preciso memorizar algumas palavras (forma como se escreve) e em caso de dúvida, é bom ter o dicionário como aliado, poderá auxiliar no desempenho das atividades de leitura e escrita.
È importante comentar que o alfabetizador deve ter consciência em adquirir conceitos relacionados à leitura e escrita, como um processo gradual, em que os estudantes irão alcançar maturidade cognitiva em relação à linguagem. Irão ocorrer alguns erros dos alunos, até que eles por si só (com o auxílio do educador) alcancem um nível de automatização da linguagem. Caber ressaltar as afirmações da autora:
“… muitas crianças chegam a escola num estado de relativa confusão cognitiva em relação, que os objetivos da leitura, quer às propriedades formais da linguagem escrita. O sucesso da aprendizagem da leitura está condicionada pela evolução infantil deste estado de confusão cognitiva para uma maior classificação dos conceitos funcionais e das características alfabéticas da linguagem escrita” (SILVA. 2003. p.85)
Alguns alfabetizadores ensinam as palavras através da pronúncia das mesmas, mas deve ficar claro que existem variações nas formas de falar das pessoas, ocorre variações de uma região para outra, então o interessante é relacionar letra e som exemplificando em que situações ocorrem às possibilidades de diferentes pronúncias.
Por exemplo, a palavra “mal” e “mau”, que possuem pronúncias idênticas. O alfabetizador nessa situação deve ensinar, não utilizando uma pronúncia diferente da comum, mas sim utilizando o contexto a significação para que os alunos possam aprender a diferenciar tais palavras.
Deve respeitar as variedades linguísticas e tomar cuidado para não cometer discriminação ou algum tipo de preconceito que poderá inibir o aluno, e não, ajuda-lo a aprender. Deve-se mostrar que existem muitas formas de falar, porém que a escrita deve ser única e segue determinadas normas.
È importante que se estimule o desenvolvimento da memória, pois existem várias regras e com algumas exceções que não se encaixam nestas regras ensinadas. Assim deve-se pensar o aluno como um ser capaz, que está em contínuo processo de desenvolvimento.
Pode-se analisar algumas competências dos alunos através de ditado e promover uma autocorreção, ou seja, apenas sublinhar a palavra errada e pedir aos alunos que pesquisem no dicionário e reescreva corretamente. Esse processo vai permitir uma maior familiarização desenvolvimento da capacidade cognitiva
A leitura deve ser vista como um processo dinamizado pela corrente energética que perpassa todas as relações ocorridas na sala de aula, todos os alunos devem vê-la como uma forma de interação com seus colegas e com o meio. Deve-se enfatizar, no entanto, que deverá existir uma paixão lúcida do professor pela leitura e uma vontade construtiva do aluno que passará a influenciar no processo de aprendizagem da linguagem.
O trabalho com obras literárias deve facilitar o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, pois a possibilidade de novos olhares e gestos de leitura pode causar transformações efetivas no trabalho escolar e de forma mais direta no trabalho com textos que interagem com o meio literário.
Através do estudo dos processos que envolvem a aquisição leitora podemos distinguir três tipos de problemas significativos na aprendizagem de leitura: as crianças que encontram dificuldades para aprender a ler, as crianças que leem de forma passiva e as crianças que tem dificuldades na compreensão.
Os modelos de leituras são elementos que constituem a compreensão dos processos cognitivos implicados na aquisição da literacia. Esses questionamentos são essenciais para futuros docentes que desejam enriquecer seus conhecimentos tendo uma visão ampla e reflexiva em se tratando de formar alunos com um aprendizado mais satisfatório e eficiente.
Considerando tais fatos muitos estudiosos como Ferreiro, Downing, Chauveau e Hiebert e Raphael desenvolveram vários modelos a partir da década de oitenta, procurando inserir na aprendizagem de leitura um conjunto de fatores cognitivos, sociais e pedagógicos, levando em consideração as singularidades do código alfabético e os componentes utilizados nas atividades leitoras. Esta clareza cognitiva encara como aquisição de uma habilidade aprendizagem de leitura, igualando a situação à destreza de apreensão de qualquer outro aprendizado.
A aquisição da literacia com base nesse modelo corresponde a três fases: cognitiva, de domínio e de automatização. A primeira fase consiste na apropriação das funções e dos aspectos técnicos de atividade de leitura para as crianças, com isso, os aprendizes terão de assimilar os objetivos comunicativos da escrita e descobrir a relação que há entre a linguagem oral e escrita.
Muitas crianças chegam à escola com o que se pode chamar de “confusão cognitiva”, ou seja, num estado de não compreensão e diferenciação tanto das propriedades formais da escrita como dos objetivos da leitura. É esse estado de confusão quando evoluído que gera o bom da aprendizagem leitora, pois assim as crianças vêem de forma mais clara os conceitos funcionais e as características alfabéticas da linguagem escrita. As crianças somente alcançarão à segunda fase quando obtiverem uma representação definida da tarefa de ler.
È baseada no exercício das operações básicas da tarefa de ler até conseguir um nível automatizado que se consiste a fase de domínio. Quando as crianças atingem um nível fluente de leitura pode-se dizer que já chegaram a terceira fase ou automatização.
Oito postulados resumem esse modelo, dentre ao quais podemos destacar pontos como a escrita sendo um código visual representativo dos aspectos da fala para qualquer idioma; o processo aquisitivo residir na redescoberta das funções e regras de codificação do sistema escrito; os conceitos em relação às funções e características da linguagem oral e escrita a serem abordados pelas crianças como tarefa de aprender a ler; o alargamento da clareza cognitiva surgia a partir da acumulação de novas sub-habilidades de leitura e a teoria da clareza cognitiva ter aplicação a todas as línguas e sistemas escritos.
Inspirada nos princípios piagetianos a perspectiva psicogenética da aprendizagem de leitura atribui a criança um papel de sujeito ativo que se questiona em frente ao código escrito, ou seja, o objeto de conhecimento a quem tem acesso relativamente cedo.
“as crianças não ficam a espera de ter seis anos e uma professora a frente para começarem a refletir sobre problemas exatamente complexos, e nada impede que uma criança que cresce numa cultura onde a escrita existe reflita também a cerca desse tipo particular de marcas.”
A leitura não é um processo simples, que consiste na aprendizagem de uma série de tarefas mecânicas; é concebida como uma conduta muito complexa e elaborada, de caráter criativo na qual o sujeito é ativo quando a realizar e põe em ação todos os conhecimentos prévios neste caso do tipo linguístico ou mais especificamente, do tipo gramatical.
O ato de aprender a ler é sem dúvida o maior desafio que todas as crianças têm que enfrentar nas fases iniciais de sua escolarização. Isto porque o mundo que nos cerca é totalmente dominado por informações escritas. Cabe a criança superar esse desafio e desenvolver essa capacidade leitora o qual é o primeiro passo para cada criança que frequenta a escola, seja no futuro um cidadão efetivamente livre e independente nas suas decisões.
Com base nos estudos e investigações sobre o aprendizado da Leitura bem como suas dificuldades encontramos alguns modelos que favorecem estratégias para o melhor aprendizado da literacia, são modelos que em sua maioria assumem a ideia de que a aprendizagem se inicia com estratégias não alfabéticas, as quais requerem a ligação na memória entre pistas visuais e palavras.
Todos eles defendem que a compreensão infantil do princípio alfabético é o fator mais importante para se acender a uma leitura fluente. A leitura é aquela em que literalmente lemos e entendemos, ou seja, o entendimento é à base do aprendizado da leitura. Para melhor compreender, vale observar a definição do autor abaixo:
“Em contextos mais gerais, esta base do entendimento é também chamada, pelos psicólogos, de estrutura cognitiva. O termo é bastante bom, porque cognitivo significa conhecimento e estrutura implica organização do conhecimento, e isto é o que, na verdade, temos em nossas cabeças uma organização do conhecimento”. (Smith 2003 p.22)
Aprendemos a ler, através da leitura, acrescentando coisas aquilo que já sabemos. Está claro pelas afirmações acima que a compreensão e o aprendizado da leitura são fundamentalmente a mesma coisa.
Para entendermos melhor o processo de compreensão leitora, devemos considerar o que já temos em nossas mentes que nos permite extrair um sentido de mundo ou o que chamamos de “conhecimento prévio”.
Outro saber que implica numa capacidade fundamental, a competência grafo- fonética e a de decodificação. Decodificar além de requerer o desenvolvimento da reflexão e manipulação sobre a língua oral, considerando o sistema de escrita alfabético exige também, o conhecimento dos valores fônicos das letras e suas combinações.
Na descoberta e exploração textual, são necessárias dois tipos de competências básicas, as verbo-preditivas que se servem do contexto linguístico e as textuais que controlam as estruturas e estabelecem ligações entre as partes de um texto.
Os mecanismos que constituem a compreensão leitora são estudos fundamentais para educadores quem desejam enriquecer seus conhecimentos sendo capaz de fazer a diferença no aprendizado escolar.
BIBLIOGRAFIA
SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a ler.4ª ed. Tradução de Daíse Batista. Alegre: Artemed, 2003.
Kétilla Maria Vasconcelos Prado,Lady Dayana de Lima e Silva, Maria do Nazaré de Carvalho e Teresinha Rodrigues Alcântara escreveram este artigo sob a orientação do professor Vicente Martins, da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará