Elisete Batista da Silva Medeiros
publicado em 19/10/2007 como www.partes.com.br/socioambiental/desenvolvimentosustentavel.asp
Depreende-se que o crescimento econômico desordenado provoca efeitos indesejáveis como, por exemplo, a qualidade do meio ambiente, e justamente por esses problemas se agravarem com o passar do tempo, temos no final da década de setenta um aumento notável a respeito dos efeitos negativos desse processo.
As discussões nesse período estavam marcadas por uma nítida polarização. Os países industrializados buscando garantir seu crescimento e os países em desenvolvimento não visualizavam a discussão como algo palpável. A conferência de Estocolmo marca essa polarização e também marca os avanços na interpretação dos problemas ambientais, colocando em destaque a ideia de que é compatível o desenvolvimento econômico com a conservação da natureza.
Somente obtivemos avanços mais palpáveis com o Relatório de Brundtland, onde foi tratado da insustentabilidade de muitos padrões de desenvolvimento em curso, que depredavam os recursos naturais e o meio ambiente em que estavam inseridos, limitando as possibilidades de desenvolvimento futuro, fazendo também conexões entre pobreza e desenvolvimento, desigualdades sociais, o uso e o manejo inadequado dos recursos naturais, e as ameaças desses modelos num futuro próximo.
Surge então a necessidade de substituir conceitos tradicionais de desenvolvimento e de segurança mundial por uma nova noção: o de desenvolvimento sustentável. Entretanto, se é um consenso entre países em desenvolvimento e países industrializados acerca da interpretação dos problemas ambientais e da necessidade de adotar estratégias para um desenvolvimento sustentável, esse mesmo caminho enfrenta interesses conflitantes.
A noção de desenvolvimento sustentável é extremamente importante na medida em que traz oportunidade de conciliar, objetivos de crescimento econômico, questões sociais e proteção do meio ambiente. Mas está longe de um consenso, o único consenso que existe é o de que o modelo atual é insustentável, colocando em evidência a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento.
Os maiores desafios do desenvolvimento sustentável referem-se ao processo de materialização da sustentabilidade, ou seja, na transformação da filosofia e do discurso em ação e realização. Nesse processo encontram-se os verdadeiros obstáculos e aparecem as grandes discordâncias sobre como construir um desenvolvimento multidimensional, que integre justiça social, sustentabilidade ambiental, viabilidade econômica, democracia participativa, ética comportamental, solidariedade e conhecimento integrador.
A qualidade da consciência pública, de sua percepção da realidade e dos problemas vividos, e de sua capacidade de organização para impulsionar mudanças no sentido de uma sociedade verdadeiramente sustentável. Dependerá igualmente da habilidade dos movimentos sociais, em sentido amplo, em atrair forças, em estabelecer alianças e de liderar um processo que torne a filosofia da sustentabilidade, em seu sentido mais avançado, em uma alternativa real de desenvolvimento social.
Referências:
LEFF, Enrique. Ecologia, capital e cultura: racionalidade ambiental, democracia participativa e desenvolvimento sustentável/ Enrique Leff; tradução de Jorge Esteves da Silva. Blumenal Editora da Furb, 2000. (Coleção Sociedade e Ambiente).
CAVALCANTI, Clóvis. Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. 4 edição. São Paulo: Editora Cortez, 2002. (ORG).
SACHS, Ignacy. Desenvolvimento includente, sustentável sustentado. Rio de Janeiro: Editora Garamond Ltda, 2004.
SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo, Vértice, 1986.
KITAMURA, Paulo Choji. A Amazônia e o Desenvolvimento Sustentável. Brasília: Embrapa, 1994.
CAVALCANTI, Clóvis. Desenvolvimento e Natureza: Estudos para uma Sociedade Sustentável. 4 edição. São Paulo: Editora Cortez, 2003. (ORG)
GIANSANTI, Roberto. O Desafio do Desenvolvimento Sustentavel. 4ª edição. São Paulo: Atual, 1998.
FREITAS, Marcílio de (colaboração de Walter Esteves de Castro Junior). Amazônia e Desenvolvimento Sustentável: um diálogo que todos os brasileiros deveriam conhecer. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2004.
Elisete Batista da Silva Medeiros é Graduada em Administração Pública pela Universidade do Estado do Amazonas