Por Ana Marina Godoy
Publicado originalmente como <www.partes.com.br//turismo/anamarinagodoy/comemorando.asp>
…são as águas de março fechando o verão é a promessa de vida no teu coração… (música “Águas de março”; Tom Jobim)
Em 1º. de março é se comemora o dia Pan-Americano do Turismo. E o dia seguinte tem a comemoração nacional do Turismo.
Sempre fui otimista e impulsionadora quando se trata de “profissão turismólogo”. Meus ex-alunos são testemunhas, além de textos publicados nesta revista em edições anteriores.
No entanto, o otimismo não deve descartar a realidade. Deve ser postura perante ela a fim de progredir. E isso não vejo quando se trata do Turismo como profissão no Brasil. Os contrários fiquem à vontade para a manifestação de argumentos.
(O Turismo é novo como profissão. Suspeito que estejamos na idade do “porquê?”! Se sim, creio que exatamente essa possa ser fonte de busca, de encontro e de criação de respostas e de oportunidades.)
O que o turismólogo tem conseguido até aqui? O que, na prática, tem confirmado o respeito ao seu trabalho? Qual a importância que o setor turístico e a sociedade, em geral, percebem na existência e na atuação do profissional de turismo?
As universidades têm formado (bons?) profissionais para atuar onde? E para que têm servido as pós-graduações em Turismo? Quem são os docentes? Turismólogos?
Têm os turismólogos – com a mesma força que antropólogos, comunicólogos e educadores, por exemplo, vêm academicamente no Turismo – interagido em outras áreas do saber e posicionando a força de seus conhecimentos interdisciplinares? Por quê?
Qual a atuação – real – das entidades de classe?
Qual o reconhecimento legal da profissão? O que ainda não alcançamos? Por quê? Como proceder para conquistar o que queremos como conjunto profissional?
Por que a remuneração para Adicionar ao dicionário nos – poucos – concursos públicos existentes é ofensiva para quem estuda e se prepara anos para atuar? Por que não temos um piso salarial? Contentar-se com um subsolo interessa a quem? Por que vários concursos públicos têm cargos compatíveis com a formação de um turismólogo, mas não admitem um graduado em Turismo concorrer às vagas?
Os formados em Turismo estão realizados? Reportagens e estatísticas oficiais e extraoficiais confirmam isso? Está valendo a pena estudar numa faculdade enquanto existem mais vagas para técnicos do que para graduados? O que os cursos técnicos têm formado como profissionais e oferecido para o mercado é suficiente?
O que falta para, de fato, podermos comemorar o Turismo como profissão?
Aqueles que quiserem cooperar a fim de aprofundar reflexões e abrir discussões construtivas a respeito têm espaço aqui na Partes para tanto. Vamos crescer e ganhar força.
Felicidades nas – sazonais – águas de março que fecham o verão!