Eco da Alma Por Celene Araújo |
Em ano de eleição, nada como falar em “como falar!” Já pensou nisso?
Você já fez planos de mudança para este ano? Com certeza! Uma lista, como todos nós, mortais. Mas que tal aproveitar a agenda ainda nova (2006) e incluir um item diferente que pode dar um novo tempero à sua vida – pessoal e profissional? – perder o medo de falar em público. Diferentes estudos e estatísticas mostram que falar em público é o maior medo das pessoas. Depois seguem baratas, avião, e por aí vai. E não estou apenas pensando em enfrentar o medo de fazer palestras ou conferências, isso vem depois. Estou me referindo ao medo de falar diante de grupos de pessoas: em reuniões, na empresa, nos encontros sociais, ao iniciar um romance e até na televisão. Quantos pretendentes a cargos, majoritários ou não, vemos na telinha e nem mesmo sabem olhar para uma câmera? A maioria é um desastre. Imagino que nem pensam nisso, porque se pensassem, não passariam pelo ridículo de uma exposição desta natureza. Já imaginou como a vida poderia ser mais agradável se você pudesse expressar-se em qualquer ambiente de maneira desembaraçada, confiante, serena, sem medo? E isto é possível! Sem medo de censuras ou críticas. Nem do ridículo. É só querer. O que não adianta é ficar só sonhando em ser um comunicador eficiente e seguro. É preciso trabalhar duro, sem medo de ser feliz! Se não transformar seus propósitos em ações só vai sonhar… E isso não te levará a lugar nenhum. Primeiro saiba muito bem sobre o assunto. Tenha mais informações do que pode precisar. Se for falar por trinta minutos, tenha uma hora na bagagem. Uma hora? Leve noventa minutos de informação. É o que vai te deixar mais tranqüilo e seguro. E veja bem: não se trata apenas de conhecer o assunto: é importante que as informações estejam organizadas. Para isso, ordene a mensagem da maneira que mais lhe convier – sempre com lógica e profundidade. Agora que você já conquistou e preparou sua plateia para o que vai dizer é momento de apresentar uma linha de conduta, com exemplos, estatísticas, estudos técnicos e científicos, pesquisas e todos os argumentos de que puder dispor. Se for este o caso. Se perceber alguma resistência defenda seu ponto de vista. Mais uma vez você deve estar preparado, com antecedência, para as objeções que possam surgir. Finalmente faça o encerramento. Peça reflexão e levante questões para que surja uma interação entre você e seus ouvintes. Provoque perguntas! Porque não? Aquece uma apresentação. Conhecendo o assunto a fundo e organizando suas informações, tudo passa a ser muito mais tranquilo e você vai perceber que o “bicho” não era tão feio e nem tão grande… Lembre-se: só sentimos confiança, em qualquer atividade na vida, com muita prática e experiência. Mas para isso é preciso começar. Ninguém nasce sabendo e nunca paramos de aprender. Muitos preferem a desculpa à realização, pois esta não é permanente: precisamos nos provar todos os dias. E não é diferente com a arte de falar em público. É um ofício como outro qualquer. Só se aprende fazendo. Assim, aproveite todas as oportunidades que tiver para falar – seja fazendo perguntas em aulas, palestras e seminários onde estiver como ouvinte; aceitando convites para falar nas reuniões de condomínio (eu sei, é chato, mas vale a pena), rádio, Tv, homenagens, debates. Até em filas, lojas, elevadores (onde as pessoas nem se olham) todas as ocasiões onde tiver chance de se expressar, faça-o. No começo é duro, mas depois você vai se orgulhar do quanto já se desinibiu e mais, o quanto às pessoas à sua volta vão notar a diferença. A princípio, mesmo que a sua apresentação não seja complexa, com muitos detalhes, utilize um roteiro escrito, onde você possa colocar frases que indiquem o conteúdo da matéria. Isso ajuda e não faz você parecer que não conhece o assunto. Os grandes oradores, em toda a História, mostram isso. Quando a apresentação for simples, com menos detalhes, mais fácil: você pode trocar o roteiro por um simples cartão de notas, ou então esquematizar na sua mente. Só você pode descobrir o que é melhor, pois cada caso é um caso. O importante é você se sentir à vontade. Assim vai encontrar seu próprio estilo. O cartão vai servir para uma relação de palavras, expressões e até datas, o que for preciso para ajudá-lo na sequência que você planejou. Nas situações mais formais tente falar da mesma forma como quando está diante de amigos e familiares. Aliás, esta é a primeira plateia que você deve usar, desde que fique claro que eles devem ser sinceros. Muito sinceros. A segurança vem quando sua comunicação for natural e espontânea. Mas fique atento: o seu melhor crítico é você mesmo. Não ouça gente demais. Muitas opiniões podem perturbar, mesmo que bem intencionadas. Você precisa conhecer seus pontos positivos de comunicação e expressividade. E todos temos alguns. Só é preciso aprimorá-los e aumenta-los, nunca parando de se descobrir. É um erro comum as pessoas procurarem seus defeitos. Isso só vai deixá-las cada vez mais inseguras. Procure seus pontos fortes: uma boa voz, um vocabulário fluente, gramática correta, postura elegante, perceba se você fala com o corpo todo – o corpo fala, sabia?- gestos em harmonia, enfim, descubra na sua comunicação quais são seus talentos e qualidades e não pare mais de aperfeiçoar os que possam ser melhorados. Tendo consciência de seus pontos positivos você, com certeza vai se sentir mais seguro. Só não vale desistir. Porque encontrar confiança para falar com tranquilidade em qualquer lugar vai exigir de você dedicação e determinação. E em algum ponto desta jornada você pode se sentir até sem paciência para continuar, mas volto a repetir: é um ofício que se aprende. Como qualquer outro. Como comecei em televisão, apresentando telejornais e programas sempre ao vivo, foi mais fácil falar com plateias. Mas nem tanto… Pois falar para uma câmera de TV não é como encontrar muitos olhos te observando e esperando para ver o que você vai dizer. Quando resolvi trabalhar como coach, treinando empresários, políticos (iniciantes ou não), alunos de faculdade de comunicação, enfim, quem precisa se comunicar (e quem não precisa?) nunca encontrei uma única pessoa que, com boa vontade, disposição, disciplina, firmeza e determinação… (ufa!) não conseguisse superar suas dificuldades. “Mudar é difícil, mas possível”, já dizia Paulo Freire. Nos tempos em que vivemos nem é necessário reforçar a importância de falar com segurança e desembaraço, pois todos sabemos das vantagens de se expressar de maneira correta e eficiente. Faça deste ano um marco em sua vida. Estabelecendo metas e começando agora você pode chegar em Julho falando como “gente grande”. E o melhor: falando em público com prazer! Pra terminar deixando um gostinho de quero mais: em uma boa conversa, as pausas são tão importantes quanto as palavras. Mas isso… já é conversa pra outro dia. |