Por Madalena Carvalho
Revista Partes – Ano V – fevereiro de 2005 – nº 54
Grande parte dos profissionais, principalmente os que têm o seu próprio negócio, são cobrados ou sofrem para administrar a vida profissional e pessoal. Normalmente atribui-se ao tempo esta dificuldade. De fato, na prática é uma combinação difícil a conciliação das atividades profissionais e pessoais.
Mas o que fazer? Como dar maior elasticidade ao tempo? É possível? Como perceber que nossas decisões estão afetando nossa vida pessoal ou profissional? Ou as duas ao mesmo tempo? São questões que muitas vezes nos passam desapercebidas e vamos caminhando sem dar conta do que vamos deixando para trás.
E olha que não faltam sintomas que nos levem a notar que algo anda errado. Irritação contínua, desmotivação, baixo rendimento, ânsia leviana para encontrar um culpado, corpo presente e alma ausente e tantos outros. Claramente, estes e outros indícios nos levam a crer que houve um rompimento do equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Todos nós precisamos de um momento de descanso, de lazer, de descompressão. E isto, sem dúvida, só acontece quando estamos com os amigos, com a família, longe das pressões impostas pelo nosso trabalho. São nesses momentos que damos vazão para a nossa criatividade, as nossas emoções, aos nossos projetos e que indubitavelmente retornam como contribuição positiva para o trabalho.
Evidente que não existe uma mágica, uma fórmula, uma regra que nos diga o que fazer do princípio ao fim, este assunto é complexo e cada vez mais notamos que as empresas estão preocupadas com a qualidade de vida de seus colaboradores. Basta ler a edição especial da Revista Exame / Você S.A. – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, que vamos ver ações significativas como as da Alcon, Redecard, Natura, BankBoston e outras.
Provando a complexidade do assunto, sabemos que países como os EUA, Alemanha e Reino Unido são os primeiros nos ranking quando se fala de saúde do trabalhador e ao mesmo tempo também aparecem como primeiros em enfermidades como o estresse, segundo a OIT.[1]
É impossível negar o impacto que sofre a vida familiar com uma jornada de quase 20 horas diárias em prol do trabalho, viagens, pressões e almoços de negócios em pleno final de semana. Talvez alguns dos executivos que esteja lendo este artigo agora possa escondê-lo da sua família, mas não poderá negar estes fatos a si mesmo.
Quantos de nós conhecemos pessoas que destruíram seu casamento em função do trabalho? E os solteiros? Já perceberam quantas pessoas no seu escritório possuem mais de 30 anos e são solteiras? Um casamento com o trabalho? No passado era comum as pessoas casarem por volta dos 25 anos e isto hoje, para os profissionais ativos está cada vez mais raro.
O importante é que as empresas adotem medidas que minimizem estes efeitos em seus colaboradores. Anteriormente citei a Alcon, onde “… dos sete valores da empresa, quatro são relacionados aos colaboradores e seu bem-estar…”. (As melhores empresas para você trabalhar, pág.76, 2004).
Agora, fundamental é entender que podemos aproveitar o máximo do nosso dia com sabedoria, que podemos e devemos nos entregar a quem nos ama de verdade, que são nossos familiares, nossos amigos. Que não devemos vestir a camisa da empresa ao contrário de forma que o colarinho nos sufoque. E finalizando, entender que a vida é feita de amor e de sombras e que a escolha do melhor caminho é sempre sua.
[1] Organização Internacional do Trabalho