Colunistas Gilberto da Silva

Vou abrir um Instituto!

Por Gilberto da Silva

Revista Partes – Ano V – janeiro de 2005 – nº 53

 

Gilberto da Silva Jornalista e sociólogo

Parece modismo, mas é! A onda atual é abrir Instituto para tudo. Os jogadores de futebol abrem institutos. O ex-presidente da República FHC montou o seu – e um incêndio quase destruiu tudo. A prefeita Marta está montando o dela. Todo mundo monta. Parece cavalo.
Existe instituto para todos os gostos, para todas as classes. Eu acho (me falaram, creio que é mentira etc) que o Carlos Lessa ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai criar um Instituto para deixar claro que discorda da linha política do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (Que assim que sair do BC vai abrir um Instituto sobre mercado financeiro).

O nosso querido presidente Lula, que segundo Lessa está sendo enganado pela elite nacional e internacional, já tem um Instituto, mas já falam que assim que ele deixar a presidência, vai criar outro para dar visibilidade para as suas políticas públicas.

Os sindicatos montam Instituto, as centrais sindicais montam Instituto. Os empresários para defenderem seus interesses criam os seus maravilhosos INSTITUTOS. Os aposentados criaram o seu e dependem financeiramente de um que nem sempre funciona.

As universidades públicas para ganhar um dinheirinho fundam institutos. Outros e outras para lavar um dinheirinho, bem legalzinho montam perfeitos institutos! Não são todos farinhas do mesmo saco. Há Institutos sérios e honrados que fazem um ótimo trabalho e merecem aplausos e muito apoio.

Para ser hipermoderno, ser participativo, estar antenado com as revoluções hipermodernas globalizadas é preciso ter Instituto. Um hiperinstituto…

Para saber se vai chover ou ter sol procuro um Instituto. O órgão que está enchendo o saco dos desenvolvimentistas brasileiros é um Instituto. Vamos fazer o seguinte, para destravar as licenças ambientais, iremos tirar a palavra Instituto do Ibama.

Temos Instituto para tudo e para todos. Creio que é a coisa mais democrática do mundo. Em breve teremos o Instituto do Instituto.
Portanto, vou montar o meu. Vou deixar um pronto, estruturado, para quando eu morrer eu não tenha que passar carão no caixão. Imagine a carpideira: “coitado! Ele queria tanto ter fundado um Instituto!” Eu, em vida e em carne e osso, assumirei os riscos da criação do meu Instituto. Um a mais não fará diferença…

 

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