Por Ana Marina Godoy
Vermelhos…
Os pés…
Barro.
Em ritmo fandango
Se agitam
Carne e barreado
Morenos,
Sacudidos,
Abafados pelo chão daqui,
Temperados com
Farinha da cor da pele
De raízes
Alvas e brancas:
Peixes são apimentados e
Pintados
Em folhas de bananeira
Para serem servidos em telhas,
Num banquete
Para deuses;
À moda da casa:
Indígena.
A terra do café
E do pinhão
Que é esvoaçada,
Em pó – tipo exportação –
Pela neblina européia
Nas sopas da semente
Da gralha azul
Têm prazeres próprios da nobreza;
Naturais entre gente real,
Que granula e mói a fome de viver –
Adoçada com balas de banana –
E bebe da fonte da juventude
Em todas as idades,
Entre carnavais e procissões,
Por caminhos
De tropas e tropeiros
Que guiam, até hoje,
Estradas à cachoeiras,
Passos à baías de então,
Ou passeiam a galopes
Em campos gerais
De ervas regionais,
Sorvidas
No calor e pela lei
Da água que brota
E do rio que corta
Solo tropical,
Sem ferir o celeiro
Deste braseiro
De céu austral.
Ana Marina Godoy é turismóloga