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Mulheres que fizeram história e são nomes de ruas, praças e avenidas de São Paulo

Mulheres que fizeram história e são nomes de ruas, praças e avenidas de São Paulo
por Coordenadoria Especial da Mulher da Prefeitura de São Paulo

Ano III n.43 março de 2004

www.partes.com.br/ed43/cultura.asp

 

Janeiro – Anália Franco
(Avenida Anália Franco, no Tatuapé, zona leste da cidade)

Escritora, professora e jornalista, nasceu em Resende em 1º de fevereiro de 1856. Colaborou em jornais literários e na imprensa feminista. Em 1901, criou a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva de São Paulo, preocupando-se com a miséria e a erradicação do analfabetismo. Em 1903, foi pioneira na criação de creches para filhas e filhos de mães que trabalhavam fora. Em 1906, adquiriu uma fazenda na Mooca e ali inaugurou uma colônia para mulheres. Dessa iniciativa surgiram uma orquestra e um grupo dramático musical. Expandiu seu trabalho centrado na educação e na solidariedade. Morreu em 20 de janeiro de 1919.

 

 

 

Fevereiro – Anita Malfati
(Rua Anita Malfati, na Casa Verde, zona norte da cidade)

Uma das mais importantes artistas plásticas brasileiras, nasceu em 2 de dezembro de 1889, na cidade de São Paulo. Iniciou seus estudos artísticos com a mãe e continuou-os na Academia Real de Berlim, na Alemanha, e no Art Students League e na Independent School of Arts, em Nova York. Em dezembro de 1917, realizou a famosa Exposição de Pintura Moderna – onde Anita Malfati foi atacada por Monteiro Lobato e defendida por Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti del Pichia e outros intelectuais e artistas modernistas. Foi uma das participantes históricas da Semana de Arte Moderna em fevereiro de 1922, autora do desenho de abertura do Catálogo da Exposição. Morreu em São Paulo, em 6 de novembro de 1963.

 

Março – Patrícia Galvão, a Pagu
(Rua Patrícia Galvão, em Itaquera, zona leste da cidade)

Jornalista, escritora e ativista política, nasceu em São João da Boa Vista, SP, em 1910. Começou a atuar como jornalista aos quinze anos, colaborando com o Jornal do Brás.
Aos dezoito anos participava do movimento modernista e em seguida do movimento antropofágico, ao lado de Oswald de Andrade, que depois se tornou seu companheiro. Ingressaram juntos na militância política no Partido Comunista Brasileiro, partido com o qual romperam anos mais tarde. Pagu participou de greves, manifestações políticas de protesto e solidariedade, fundando com Oswald o jornal O Homem do Povo que, por proibição da polícia, durou apenas dois anos. Escreveu o romance Parque Industrial, criticando a sociedade paulistana, abordando a condição dos trabalhadores e trazendo uma nova visão da mulher. Feminista, compromissada com a produção cultural, impulsionou diversos grupos de teatro amador e estudantil, assumindo a direção da União do Teatro Amador de Santos, antes dirigida apenas por homens. Morreu em dezembro de 1962.

 

Abril – Bartira
(Rua Bartira, em Perdizes, zona oeste da cidade)
Índia Tupiniquim, viveu no século XVI. Era filha do cacique Tibiriçá, da região da capitania de São Vicente. Foi batizada com o nome de Isabel Dias. Em 1515, casou-se com João Ramalho, português que vivia entre os índios. Eles tiveram muitos filhos e foram considerados, por muitos estudiosos, formadores das famílias paulistanas. Assim, Bartira foi denominada, em muitos de seus textos, a “Mãe do Povo Brasileiro”.

 

 

 

Maio – Trabalhadoras: Ernestina Lesina, Maria Lopes, Teresa Carini e Teresa Fabri
(Rua Ernestina Lesina, Rua Maria Lopes, Rua Teresa Carini e Rua Teresa Fabri, em Cidade Tiradentes, zona leste da cidade)

Ernestina Lesina, anarquista, dedicada à defesa das mulheres operárias do começo do século, foi uma das fundadoras do jornal operário Anima Vita em São Paulo. Foi uma brilhante oradora em manifestações de trabalhadores, defendendo a emancipação das mulheres e da classe operária. Participou da formação da Associação de Costureiras de Sacos, em 1906, lutando pela redução da jornada de trabalho e pela organização sindical. As mulheres trabalhadoras tiveram papel decisivo nas greves de 1901 a 1917, denunciando maus-tratos e exploração, sobretudo das costureiras e têxteis. Maria Lopes, também teve papel de destaque nas lutas dos trabalhadores. Operária paulista, assinou, em 1906, junto a outras ativistas anarquistas, como Teresa Carini e Teresa Fabri, um Manifesto às Trabalhadoras de São Paulo, publicado no jornal anarquista A Terra Livre, incentivando as costureiras a denunciarem as degradantes condições de vida, jornadas longas e baixos salários.

 

Junho – Veridiana da Silva Prado
(Rua Dona Veridiana, em Higienópolis)

Inconformista e incentivadora do desenvolvimento cultural, artístico e político, nasceu em 1825 em São Paulo. Casou-se aos 13 anos, com um meio irmão do pai por imposição da família, tradicional e abastada. Viveu em fazenda da família até 1848, quando transferiu-se para a capital preocupada com uma boa educação para seus seis filhos. Chocou a sociedade da época quando resolveu separar-se e assumir a chefia da família. Esteve diversas vezes em Paris e, em 1884, de volta a São Paulo, mudou-se para um palacete, que ficou conhecido como Chácara Dona Veridiana. A Chácara tornou-se ponto de encontro de intelectuais, artistas, políticos e cientistas, sediando reuniões sociais e culturais, impulsionando debates políticos e literários. Dona Veridiana chegou a ser ameaçada de morte por seu estilo insubmisso ao papel tradicional das mulheres.

 

Julho – Pérola Byington
(Praça Pérola Byington, centro da cidade)

Nasceu em dezembro de 1879, em Santa Bárbara, SP, descendente de imigrantes norte-americanos. Em 1930, com a sanitarista Maria Antonieta de Castro, fundou a Cruzada Pró-Infância, entidade voltada ao combate da mortalidade infantil, cujos índices eram assustadores na época. Lutou pela institucionalização do Dia e da Semana da criança, não por motivos comerciais, mas com o objetivo de chamar a atenção sobre os problemas da infância. Procurou influenciar autoridades para a execução de programas voltados ao cumprimento de direitos adquiridos pelas mulheres. Desde 1933 defendia a importância da educação sexual. No Brasil, foi uma das primeiras a defender a divulgação das causas da mortalidade no parto e pós-parto, com a finalidade de melhorar o pré-natal. Nessa defesa, em julho de 1938, na Semana das Mães, fez uma intervenção pública, enfrentando críticas. O Hospital Pérola Byington, criado pela Cruzada Pro-Infância, é hoje administrado pelo Estado e tornou-se referência no atendimento à saúde das mulheres e particularmente das que são vítimas de violência .

 

Agosto – Margarida Maria Alves
(Rua Margarida Maria Alves, em Vila Matilde, zona leste da cidade)

Trabalhadora rural e sindicalista, nasceu em 1933, na Paraíba. Destacou-se na luta dos trabalhadores rurais do brejo paraibano por direitos trabalhistas, como o registro em carteira, jornada de oito horas, 13o. salário, férias, repouso remunerado. Teve participação importante na criação e fortalecimento dos sindicatos rurais e foi uma das fundadoras do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, região canavieira da Paraíba, quando foi assassinada, em 12 de agosto de 1983, por um pistoleiro, a mando de latifundiários. Sua morte, até hoje impune, segue provocando protestos e manifestações dos trabalhadores rurais e do movimento de mulheres no Brasil. Seu nome inspirou as duas Marcha das Margaridas, importante ação do movimento nacional de trabalhadoras rurais.

 

Setembro – Olga Benário
(Rua Olga Benário, na Brasilândia, zona norte da cidade)

Militante comunista alemã, nasceu em Munique, em 1908. Aos quinze anos aderiu à Juventude Comunista, tornando-se ativista do movimento comunista internacional. Presa algumas vezes em seu país, após ações e manifestações políticas, refugiou-se em Moscou, onde conheceu o líder Luis Carlos Prestes, já no Partido Comunista Brasileiro -PCB. Em 1934,veio para o Brasil com Prestes, com orientação do partido para zelar por sua segurança. Tornou-se depois sua companheira.
O Partido Comunista Brasileiro, organizou a Aliança Nacional Libertadora (ANL), um movimento anti-fascista com caráter massivo que, a partir de 1935, promoveu levantes armados e revoltas. A repressão ao movimento foi dura e ambos foram presos. Olga estava grávida. Uma campanha de solidariedade não conseguiu impedir que o governo brasileiro a deportasse para a Alemanha, para ser entregue aos nazistas, em setembro de 1936. Em uma prisão de mulheres em Berlim teve sua filha Anita Leocádia Prestes que foi salva por uma campanha internacional liderada por Leocádia Prestes, mãe de Prestes, sendo a ela entregue em 1938, quando tinha 14 meses. Depois disso, Olga foi transferida para vários campos de concentração, sendo assassinada em 1942.

 

Outubro – Dina Sfat
(Rua Dina Sfat, no Jardim Míriam, zona sul da cidade)

Atriz, nasceu em 28 de outubro de 1938, em São Paulo. Estreou em 1961, na peça Os fuzis da senhora Carrar, de Bertold Brecht, no Festival Nacional de Estudantes de Porto Alegre. Em 1966, começou a atuar na televisão com a novela Ciúme, na TV Tupi. Trabalhou ainda em novelas na TV Record e na TV Excelsior e atuou em diversos filmes, recebendo prêmios nacionais e internacionais. Atuou também no Teatro de Arena em São Paulo. Defendeu a liberdade de expressão durante o regime militar, quando estava no auge de sua carreira na televisão. Participou também da luta das mulheres por uma cidadania plena, posando para a capa da Revista Isto É com um cartaz em defesa da descriminalização do aborto. Teve câncer de mama e continuou a trabalhar até sua morte, em março de 1989.

 

 

Novembro – Carolina Maria de Jesus
(Rua Carolina Maria de Jesus, em Sapopemba, zona leste da cidade)

Escritora, nasceu em 1914, na cidade de Sacramento, em Minas Gerais. Era descendente de escravos, trabalhava na lavoura com sua mãe e mantinha o hábito de fazer anotações sobre as experiências que vivia. Em 1947, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica, auxiliar de enfermagem e artista de circo. Desempregada, foi morar na favela do Canindé, onde teve seus filhos. Sustentava-se com o que tirava do lixo. Em maio de 1958, foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas que, à sua revelia, publicou trechos de seu diário no jornal Folha da Noite. Com a enorme repercussão, em 1960 seus textos foram publicados em Quarto de Despejo, livro que vendeu 90 mil exemplares e foi traduzido para 29 idiomas. Publicou mais alguns livros, sem alcançar o mesmo sucesso obtido com o primeiro. Em 1976, Quarto de Despejo recebeu nova edição e Carolina voltou a ser centro das atenções. Morreu em 13 de fevereiro de 1977, em São Paulo, deixando 15 livros escritos.

 

Luísa Mahin
(É nome de uma Praça na Vila Cardoso/ região da Freguesia do Ó)
Africana da nação nagô-jeje, depois de liberta, fez de sua casa quartel general de todos os levantes escravos que abalaram a Bahia entre 1800 e 1940 , tendo sido uma das articuladoras da Revolta dos Malês, em 1835 . Foi presa no Rio de Janeiro e, provavelmente, deportada para a África.

 

 

 

 

 

Dezembro – Sonia Maria Lopes Moraes Angel Jones
(Rua Sonia Maria Lopes Moraes Angel Jones, na Chácara das Corujas, zona sul da cidade)

Nascida em novembro de 1946, no interior do Rio Grande do Sul, lutou contra a ditadura militar no país quando estudante universitária e professora. Foi presa em 1969. Depois de absolvida, passou a viver na clandestinidade e exilou-se na França. Retornou ao Brasil, para participar da luta de resistência à ditadura, depois que seu companheiro, Stuart Angel Jones, foi preso, torturado e assassinado. Militante da organização de esquerda Ação Libertadora Nacional (ALN), foi assassinada em 1973, aos 27 anos, em São Paulo. Os militares informaram que foi morta em combate. Na realidade, foi capturada e barbaramente torturada até a morte pelos órgãos da repressão. Sonia foi enterrada como indigente no cemitério de Perus e seus restos mortais foram localizados graças aos esforços das entidades que atuam em apoio às famílias de mortos e desaparecidos políticos. Sobre essa história foi realizado o vídeo Sonia morta e viva, de Sérgio Waismann.

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