por Alfredo Ramos
O Carandiru não estava sendo invadido pelas tropas de choque da policia, após mais uma rebelião bem sucedida do PCC. A voz de comando no entanto era enfática e tinha um tom categórico:
– Todo mundo na parede. Todo mundo nu!
– Não quero ninguém de pulseiras, relógios, brincos, óculos, meias ou perucas, aqui.
O fotografo americano, Spencer Tunik, não precisava nem de interprete. Ia dizendo em inglês o que queria e todo mundo ia abaixando as calças. Entre dez pelados, oito eram marmanjos. Uns barrigudos, mas na maioria mesmo de bundões.
A interprete nem precisava traduzir nada para a correria ser geral, e todo mundo, descaradamente sair tirando roupas, cuecas, sutiãs, tangas e orangotangos pelos cantos dos banheiros, marquises e praça do Ibirapuera.
O novo artista das lentes da Bienal, um fotografo camelô americano, queria ver muitas bundas reunidas.
– The Spencer Track, isto é, sem peidos.
– And the Spencer Tunik – isto é, sem tunica
– Yes, more, more…and, clic, clic, clic
Esse é o novo tempo, e a 25a. Bienal Internacional de São Paulo, as 7 horas da matina tinha uma multidão ávida enfrentando desnuda uma temperatura desagradável de 21o. graus, e um ventinho fresco da manha.
De acordo com os organizadores, 1.100 pessoas posavam para as câmeras, mais pelos cálculos, seriam mesmo, 2.200 nádegas afoitas.
– No smoke. No pernas abertas. No pinto pra dentro…
– This is art, no simples aggregate corps .
Entre os participantes, figuravam adeptos do naturismo, casais de gays e de héteros, drags queens, e alguns repórteres. Dizem que viram até pastores, procurando ovelhas desgarradas…e alguns padres pedófilos por lá.
Tinha até um cara com a barba do Abin Ladem, que foi confundido com o Enéas. Não teve nem uma sósia da Marta o que não deixou de ser um suplicio, para quem acreditava naquela lei dos direitos dos homosexuais e suas liberdades distorcidas.
-” Que gracinha…”
No final, abraços e beijos.
Houve, vários, antes e durante. Mas na despedida, o beijo, mesmo que fosse da aranha, deve ter tido para os pelados, muito mais sentido e sem vergonha.
Até a 26a. edição, teremos a Bienal Fuck Hell e viveremos todos esses momentos felizes da arte, em um futuro brilhante e global.
– Arre égua, se continuarmos assim estaremos todos é fudidos…