Humor

Confesso que bebi: memórias de um amnésico alcóolico

 

Livro de Jaguar foi produzido a partir de lembranças de fatos e de conversas jogadas fora em torno de rodadas de chope, copos e garrafas, que sempre balizaram a vida do chargista, desde anos tão verdes quanto licor de menta. CONFESSO QUE BEBI é também um guia cultural de um Rio de Janeiro que insiste em manter a aura de boêmia, mesmo com todos os problemas socioeconômicos

Um schnitt com muita pressão e um underberg. Como qualquer grande bebedor sabe, este é um bom começo, portanto a abertura preferida de Jaguar em suas jornadas de bar em bar. CONFESSO QUE BEBI é uma espécie de roteiro afetivo dos bares da cidade, de casas chiques a simpáticos pés-sujos, mas, sendo Jaguar quem é, pode ser visto também como uma autobiografia: afinal, foi nestes ambientes que o autor passou grande parte de sua vida.

Jaguar é um profissional. Tem muita gente que só conhece o du-du de ouvir falar. Jaguar não: é amigo íntimo. Freqüentou lugares como o Cabaré dos Bandidos, em Caxias, o Poleiro dos Galetos, o Bunda de Fora original e vários homônimos, botequins da Central do Brasil, clássicos como a Fiorentina 1, o Paladino, o Bar Luiz, o Adônis, o Bracarense, o Petisco da Vila. Tem quase tanto tempo de casa no Bar Brasil quanto o mais velho dos garçons.

Como o bom bebedor não bebe só, CONFESSO QUE BEBI é também uma crônica que tem como personagens boa parte da arte e cultura cariocas. Pois Jaguar, envelhecido em barris de várias procedências, bebeu com gente como Madame Satã, Hugo Carvana, Tom Jobim, Paulo César Peréio, José Lewgoy, Paulo Casé, João Ubaldo, Nássara, João do Vale, Antonio Pedro, Carlinhos de Oliveira, Paulo Mendes Campos, Lúcio Rangel, Roniquito, Nelson Cavaquinho e Carlinhos Niemeyer. Todos eles concorrentes de peso.

O roteiro que Jaguar propõe começa na Gávea, passa pelo Leblon, por Ipanema, Copacabana, centro da cidade, chega a Vila Isabel e Maria da Graça, para depois esticar em Corrêas, Itaipava, Parati e até mesmo São Paulo, onde ele conseguiu encontrar na Freguesia do Ó um colecionador das melhores cervejas importadas e fez o cardápio do consulado carioca em São Paulo, o bar Pirajá. Amnésico alcoólico de ótima memória e texto calibrado, Jaguar é a prova de que o fígado é antes de tudo um forte, felizmente o mais resistente de nossos órgãos. A saideira, e passa a régua.

 

O autor
Chargista em atividade desde 1955, a biografia de Jaguar, nascido num 29 de fevereiro de 1932, marca a história do humor brasileiro. Um dos fundadores da revista Senhor e do Pasquim, com trabalhos em dezenas de publicações, editou o diário carioca A Notícia. Jaguar apresentou programas na TV Educativa do Rio e foi editor da revista Bundas. Ex-funcionário do Banco do Brasil, onde trabalhou (e bebeu) com Sérgio Porto, capitaneava com Albino Pinheiro e outros boêmios históricos a Banda de Ipanema. Atualmente faz charges e crônicas em O Dia.

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