Restaurando a dignidade no envelhecimento
Fátima Teixeira
Leliane Melro
Em trabalho publicado em setembro de 1997, em conclusão ao estudo que realizamos na Prefeitura de São Paulo apontamos alguns aspectos que merecem ser destacados devido a sua relevância dentro do processo vivenciado nos grupos que trabalhamos.
O aumento da participação dos homens nos grupos indica a gradativa conquista por partes das mulheres em envolver seus maridos,e propiciar uma aproximação entre os casais. Temos notados que em momentos festivos há o comparecimento de esposos que não frequentam formalmente o grupo.
O reconhecimento da importância das dinâmicas de grupo revelam o entendimento de que foi através delas que se desencadeou o processo de auto-reconhecimento, crescimento e participação.
A partir de inúmeras constatações podemos confirmar que é necessário tanto à sociedade quanto à família lançarem um novo olhar para o idoso. A sociedade, porque precisa assegurar-lhe os direitos sociais que garantam a satisfação de suas necessidades fundamentais como saúde, alimentação, segurança, transporte e lazer, bem como conceder uma aposentadoria digna para que ele não tenha a impressão de viver da benevolência dos outros. A família para tratá-lo com respeito, compreensão, carinho e sentir-se acolhido, amado e exercer seu papel sóciocultural.
A pesquisa aponta que o convívio na terceira idade proporciona avanços significativos que repercutem na vida familiar. A necessidade do idoso sentir-se “num porto seguro” faz com que a família assuma grande significado para a sua vida. O seu bem estar depende das boas relações familiares.
A cidadania, no entanto, não é plenamente exercida quando esbarra na questão econômica.
O medo da dependência econômica devido à falta de políticas sociais que lhe garantam um envelhecimento tranquilo, traz angústia e com ela, o sentimento de ser um encargo para a família.
Os desafios que se colocam para essa conjuntura de aumento da população idoso e da falta de políticas mais consistente de atendimento são enormes. Envolvem diversos aspectos, atores sociais e instituições.
Passam antes de mais nada pela reeducação sobre a importância da pessoa idosa na família como um valor histórico a ser preservado, valorizado e difundido.
O idoso vê seu precioso tempo se escoar entre a dúvida de ser um encargo ou um patrimônio para a sociedade.
Fátima Teixeira é assistente social com mestrado pela PUC/SP
Leliane Melro é gerontóloga pela Universidade de Barcelona