Editorial

Perdas

 

O Brasil perdeu várias personalidades neste mês, mas sem dúvida, duas merecem nossas homenagens.

A primeira perda: O jornalista Barbosa Lima Sobrinho, que morreu aos 103 anos.  Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho foi governador do Estado de Pernambuco, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, membro da Academia Brasileira de Letras, deputado, escritor, jornalista, advogado. Mas, em sua longa vida, o que mais lhe agradava recordar era a sua condição de brasileiro. Conhecido como o senhor Coerência, toda a sua existência foi uma prova de fidelidade ao País em que nasceu.  Era presidente de honra da Academia Brasileira de Letras.

Quando fez 100 anos, disse: ‘‘Vejo que todos me tratam com muita deferência, mas só tenho a dizer que é gratificante levar uma vida digna do ideal de quem ama o Brasil.’’ E fez a revelação não em público, mas a sós, com um dos seus quatro filhos, Fernando. Na mesma ocasião, falou pelos admiradores do acadêmico o então arcebispo de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns: ‘‘Barbosa Lima construiu um monumento à dignidade e à honradez. Não somos nós que o colocamos sobre o pedestal. Foi ele quem nos elevou até este nível para que descobríssemos como deve ser o Brasil de hoje e de amanhã. O que mais impressiona é sua luta intransigente em favor da liberdade de expressão e dos direitos da pessoa.’’ . Seu vasto currículo deixaremos para outra edição.

A segunda perdaO jornalista Aloysio Biondi. Aloysio, que tinha 64 anos. Com 44 anos de profissão, Aloysio Biondi era colaborador de vários jornais e revistas. Começou na Folha de S. Paulo em 1956, como editor-executivo do caderno de Economia. Foi secretário de redação do jornal e também da Gazeta Mercantil. Ocupou o cargo de diretor de redação do Jornal do Comércio (SP) e Diário do Comércio e Indústria (SP). Também foi editor de economia das revistas Veja e Visão e o primeiro editor brasileiro de mercado de capitais na revista Veja e do jornal Correio da Manhã. Foi diretor editorial do grupo DCI/Shopping News. Ganhou dois Prêmios Esso de Jornalismo Econômico (em 1997 pela revista Visão e em 1970 pela revista Veja). Seu livro O Brasil Privatizado (Ed. Fundação Perseu Abramo), lançado no ano passado, vendeu mais de 125 mil exemplares e foi indicado ao Prêmio Jabuti.

Como vemos dois jornalistas que honraram a profissão. O exemplo dos dois já é o suficiente para refletirmos sobre o papel da imprensa e dos homens de imprensa no país.

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