Eliana Maria Righi
O advento da informática no mundo, creio eu, será, posteriormente considerado um marco tão importante quanto o surgimento da escrita, ou o aparecimento de Buda ou Cristo sobre a terra. Não ficará pedra sobre pedra.
Para as gerações mais jovens, que crescem diante da tela e comendo papinha sobre o teclado do computador, será assimilada de forma tão simples, como aprendemos a andar de bicicleta ou soltar uma pipa. Já para aqueles que tiveram que frequentar um curso de informática para dominar as primeiras técnicas e tentar decifrar “bits and bytes”, a incorporação pode ser mais árdua, e passará por processos de assimilação mais complexos. Eu, por exemplo, quando quero escrever um texto mais elaborado, ainda não resisto a escrever os primeiros “insights”, rascunhos e garatujas num pedaço de qualquer matéria escreptível, nem que seja usando o lápis delineador no verso do talão de cheques, para depois digitar o texto. Esta resistência pode ser maior. O adulto com mais de trinta, no qual a Elis não confiava, até poderá chegar a dominar os “softwares” com muita desenvoltura, sem no entanto conseguir ampliar sua aplicabilidade. Passei por este processo no escritório, quando um dia me dei conta de continuar passando os recados dos telefonemas recebidos para os funcionários ausentes em “post-its”, quando dispunha de uma rede interna de computadores. Faltava o “link”. E imagino este exemplo mínimo como um átomo da ponta de um “iceberg”. Mas aí vem os jovens. Que estão re-aprendendo a escrever devido à quintuplicação da necessidade, desde o renascimento da correspondência postal… E que logo poderão se esquecer da gramática ou ortografia quando adquirirem seu primeiro micro com comando de voz… Que habilidade precisarão desenvolver neste dia? Talvez a oratória.
Um viva a Demóstenes! Tenho visto algumas revistas virtuais, principalmente as nacionais e acho o padrão bastante baixo. Algumas até são bem intencionadas e iniciam textos interessantes, porém ficam limitadas por espaço. Estava lendo algumas matérias sobre mulheres importantes na história brasileira, mas os autores teimaram em falar de Anita Garibaldi e Pagu em apenas uma página. O leitor nem consegue ter um vislumbre do que fizeram estas mulheres depois que começaram a engatinhar… Em todo caso, como eu própria já quebrei esta resistência e já estou me aventurando a conhecer e selecionar sites interessantes, a iniciativa da revista é mais do que válida. É a versão moderna da página impressa e um meio para que ideias sejam expressas, e sendo assim, um maravilhoso canal para que ideias sejam paridas, transformadas, discutidas e lançadas neste espaço virtu-sideral!
Eliana Maria Righi é tradutora